Igreja Virtual Evangélica

Manual do Recém Nascido

Manual de Instruções do Recém-nascido

Neste manual você encontrará respostas a diversas dúvidas que os pais freqüentemente se perguntam.

A consulta ao manual será facilitada se você ler as dicas que seguem abaixo.

· O manual está separado em capítulos que vão de "Introdução" à "Bibliografia". Sendo que os capítulos que são precedidos pelas letras A, B, C, D, E e F, estão separados por tópicos. Esses tópicos são numerados através da associação da letra que precede o capítulo mais um número. Por exemplo:

Capítulo
A - A entrevista com o pediatra no pré-natal.
Tópicos
A-1 O porque da entrevista
A-2 Época ideal
e assim por diante.

· Sempre ao final de cada capítulo você encontrará as perguntas mais freqüentes, feitas pelos pais, relacionadas ao capítulo em questão.

· E se caso estiver difícil achar o que você procura, ao final de cada tópico estará a disposição o serviço de pesquisa, que permitirá a você achar o que deseja dentro do "Manual de Instruções do Recém Nascido".

· Ainda no final de cada tópico estará a sua disposição o serviço "Pergunte ao doutor". Este serviço permite a você elaborar perguntas sobre temas que você não encontrou no "Manual de Instruções do Recém Nascido" ou que ainda esteja com dúvida.

· No capítulo especial "Índices", você tem um mapa do "Manual de Instruções do Recém Nascido". Nele você pode ver mais claramente os tópicos que você já leu.

ÍNDICE

Introdução
Os cuidados com a saúde do bebê começam ainda antes da concepção.

A1 -

O porque da entrevista
Os cuidados com a saúde do bebê começam ainda antes da concepção.

A2 -

Época ideal
Em qual período da gestação deve-se fazer esta entrevista?

A3 -

Informações que serão pedidas pelo pediatra
Algumas perguntas que o pediatra fará na entrevista pré-natal.

A4 -

Perguntas freqüentes dos pais
Veja as principais dúvidas que afligem os pais no momento da primeira entrevista.

 

B - O pediatra na sala de parto

B1 -

Aspectos Gerais
Os profissionais envolvidos. A hora do bom senso, cesariana ou parto natural?

B2 -

Comportamento dos pais
O comportamento da mãe e do pai na sala de parto.

B3 -

Atuação e cuidados imediatos
O bebê nasce, o pediatra o recebe das mãos do obstetra...

B4 -

Índice de Apgar
Toda gestante deve conhecê-lo.

B5 -

Método de Capurro
Estimativa da idade gestacional.

B6 -

Anóxia neonatal
O momento do nascimento é crucial para o bebê.

B7 -

Identificação do bebê
O momento crucial para evitar a troca de bebês.

B8 -

Perguntas freqüentes dos pais
As perguntas que os pais costumam fazer ainda na sala de parto.

 

C - A primeira consulta

C1 -

Introdução
Época ideal, procedimento, reavaliação.

C2 -

Vacinas
Quais? Quando?

C3 -

Prevenção de acidentes
Todo cuidado é pouco.

C4 -

Vitaminas / Raquitismo
Uso de vitaminas, um assunto controvertido.

C5 -

Desenvolvimento Neuro-psico-motor
Seu acompanhamento é muito importante.

C6 -

O exame do bebê
Este exame deve ser completo e minucioso.

C7 -

Perguntas freqüentes dos pais
As dúvidas e perguntas mais comuns por ocasião da primeira consulta.

 

 

D - A amamentação

 

D1 -

Princípios
Amamentar é alimentar e amar..

D2 -

Vantagens
Praticidade, temperatura certa e dispensa utensílios.

D3 -

Satisfação e Realização
A mãe que amamenta completa todas as facetas da sua sexualidade como fêmea.

D4 -

Os inimigos do aleitamento
Se o leite materno é assim tão bom, então por que muitas mães não amamentam?

D5 -

Exercícios para os mamilos
A preparação dos seios deve começar ainda durante o pré-natal.

D6 -

Quando iniciar
Dúvidas e dificuldades.

D7 -

Colostro
Nos primeiros dois ou três dias o bebê vai mamar o colostro.

D8 -

A posição para amamentar
Nas primeiras horas ou dias ela pode amamentar deitada de lado e deve tomar cuidado com o sono.

D9 -

Rachaduras nos mamilos
Como evitar?

D10 -

Uso de "bombinhas"
O porquê da contra-indicação.

D11 -

O bebê está mamando bem?
Muitas mães se preocupam em saber se o seu leite está sendo bom para o bebê.

D12 -

A Complementação
Como complementar a amamentação com outro leite.

D13 -

A Legislação
"Licença amamentação" concedida pelo pediatra.

D14 -

Perguntas freqüentes dos pais
As dúvidas mais comuns.

 

E - Bebê prematuro - UTI - neonatal

E1 -

Estatísticas vitais
O funcionamento da Unidade de terapia intensiva neonatal.

E2 -

Relação "Pais e Equipes"
A importância do trabalho da equipe para o bebê.

E3 -

Sofrimento fetal
O sofrimento do bebê ainda dentro do útero.

E4 -

Prematuridade
As causas do nascimento prematuro.

E5 -

Distúrbios metabólicos
O bebê pode ter alterações importantes nas taxas sangüíneas

E6

Problemas respiratórios
Principais causas.

E7 -

Bebês gigantes e pequenos
Situações que exigem atenção especial

E8 -

A Icterícia
Suas causas e seus tratamentos.

E9 -

Outros problemas e profissionais
O que pode levar um bebê para a UTI-neonatal.

E10 -

Perguntas mais freqüentes
As dúvidas quanto a permanência do bebê na UTI-neonatal.

 

F - Perguntas mais freqüentes

F1 -

Pré natal
As principais dúvidas durante a gestação.

F2 -

Hospital
Cuidados com a maternidade

F3 -

Nascimento
O papel do pediatra, o pai na sala de parto, os primeiros cuidados.

F4 -

Cuidados gerais
Principais cuidados com os bebês

F5 -

Higiene
Cuidados com o umbigo, hora do banho, que produtos utilizar.

F6 -

Vacinas
As vacinas a serem aplicadas

F7 -

Alimentação
Os problemas com a alimentação

F8 -

Móveis e utensílios
O que é melhor para o bebê

F9 -

Aparência
Cor, tamanho, peso.

F10-

Comportamento
Atividade, respiração rápida.

Apêndice para o Profissional de Saúde

Sobre o Autor do Manual

Bibliografia

 

INTRODUÇÃO

Ter um filho...

Mais que uma conquista, ou a realização de um ideal, esta pode ser a melhor resposta para a eterna pergunta - "qual o sentido da vida?"

Na própria Bíblia encontramos a indicação - "crescei e multiplicai-vos". Também em nosso código genético isto está registrado. Quando chega a hora, os genes da reprodução despertam. Meninos e meninas abandonam seus carrinhos e suas bonecas, e surge a mais poderosa força humana do universo. Aquela que atrai homens e mulheres, para realizarem o que está biologicamente determinado: a preservação da espécie.

É claro que na esfera humana tudo isto está envolvido pelo mais nobre dos sentimentos, o amor.
Assim, para a maioria das pessoas, ter filhos é algo muito importante.

Mas como cuidar deste filho da melhor forma, de maneira tranqüila e prazerosa? Como garantir o melhor futuro possível a este pequeno ser tão dependente de cuidados?

A experiência de ter filhos é idealizada como algo natural, simples e maravilhoso.
Só que nem sempre é assim. Por falta de preparo, ou por uma certa imaturidade, o período peri-natal (antes, durante e depois do parto), pode ser muito difícil. Pode tornar-se até um pesadelo para os pais. Mesmo os que dizem que sua vida se alterou muito pouco após o nascimento dos filhos concordam: nunca mais se dorme uma noite como antes, totalmente despreocupado.

São muitas as armadilhas. A gravidez é um período em que normalmente já existe alguma ansiedade. O período que cerca o parto é ainda mais cansativo. Vencida esta etapa vem a amamentação. Pelo menos no início a mãe se dedica exclusivamente ao seu pequeno. Pode sobrevir uma grande tensão familiar, gerando mais ansiedade, stress e até a temida depressão.

O ritmo de vida do casal muda bruscamente. São muitas noites mal dormidas ou mesmo não dormidas. Inúmeras visitas à farmácia, para comprar medicamentos e complementos quase sempre desnecessários.

É essa a situação que o pediatra constata ao consultar esta família, que vem à primeira consulta quando o bebê já tem cerca de 10 dias de vida. Muitas vezes ele já deixou de mamar o peito, e está usando a mamadeira quase que irreversivelmente.

A situação é típica. Chega a família toda. Pai, mãe, bebê, as duas avós e as vezes até os dois avôs (aí o caso já é muito grave!). Todos cansados e esgotados. Brigam entre si, o bebê chora... O pai, carregado de pacotes, fica sentado num canto, entregue.

Foi nesta hora que já ouvi, de muitos pais, uma reclamação. Ou até uma justificativa para a situação que estão vivendo:
"- Sabe, doutor, o problema é que o bebê não veio com um manual de instruções!"

E foi para suprir esta lacuna que escrevi este "Manual de Instruções" do recém-nascido, baseado em meus 20 anos de exercício da pediatria e da neonatologia, além da experiência de ser pai de 3 filhos. Cada criança é um ser único e mereceria um manual próprio. Porém com certeza as mães poderão se identificar e a seu filho em muitas situações aqui descritas.

Ao longo destes anos de prática pude perceber que a informação adequada fornecida aos pais na hora certa, pode evitar muitas destas dificuldades. Ou pelo menos atenuá-las bastante. De tal forma que a chegada do bebê possa ser realmente festejada, curtida e vivenciada como um momento especial e único na vida daquelas pessoas. Sem nenhum tipo de sofrimento desnecessário.

É claro que inúmeros fatores vão determinar as diferentes situações. A formação pessoal do casal, sua idade, seu grau de maturidade, suas experiências de vida... Todos as circunstâncias porém, já serão de conhecimento do médico se o casal tiver realizado a entrevista com o pediatra durante o pré-natal.

A tudo isto o pediatra tem de estar atento, para trazer à família a consciência do momento que vivem, e a informação de que necessitam para receberem da melhor forma aquela criança.

A neonatologia, o ramo da pediatria que cuida especificamente do bebê recém-nascido é uma especialidade relativamente recente e ainda pouco divulgada, entre os próprios profissionais da saúde.

Todo neonatologista é pediatra, mas nem todo pediatra é neonatologista. Por isto muitos profissionais têm certa dificuldade no atendimento dos bebês na hora do parto, no berçário ou mesmo nos primeiros dias de vida. A dificuldade se torna ainda maior se este bebê apresentar alguma intercorrência nesse início de vida. Uma parte deste Manual especialmente dedicada ao médico chama-se "Apêndice para o profissional de saúde", e pretende orientá-lo na difícil tarefa de comunicar aos pais que um recém nascido tem alguma malformação.

Apesar de sua abordagem simples, acredito que este manual também poderá ter utilidade para os profissionais de saúde menos acostumados com a neonatologia.

Pela primeira vez a neonatologia será traduzida para o leigo de forma simplificada.
O que diferencia este manual de outros tradicionais dedicados a orientar os pais em relação aos cuidados com seus filhos é o período da vida do bebê em que me concentro.

Vou enfocar os cuidados com a criança do ponto de vista do neonatologista, desde o pré-natal, passando pelo atendimento em sala de parto, os problemas especiais de saúde que podem surgir, a UTI neonatal, os primeiros dias do bebê em casa, até o final do primeiro mês de vida. Sem esquecer do teste do pezinho, das vacinas (tradicionais e também das novas), de tudo enfim que diz respeito a esta fase da vida.

Assim como a primeira geração de bebês de que cuidei cresceu, e também já está se multiplicando, acredito que chegou a hora de dividir com todos os interessados o conhecimento e a prática que pude acumular ao longo deste anos. Graças a grandes mestres da Pediatria como o Dr. Jayme Murahovschi, Professor Titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas de Santos e sua equipe. Mas sem esquecer que também foram e têm sido meus grandes professores os pais e bebês com quem convivi e convivo em minha atividade profissional.

Embora siga uma seqüência lógica, este manual pode ser lido em qualquer ordem, pois seus capítulos são independentes.

Ao final de cada capítulo, encontram-se as perguntas mais comuns que são feitas pelos pais em cada situação, com as respectivas respostas. E ao final de cada tópico do capítulo você tem à sua disposição um serviço de pesquisa dentro do manual. Você poderá utilizá-lo sempre que encontrar dificuldade para encontrar o que deseja.

Também ao final de cada tópico você encontrará o serviço "Pergunte ao Doutor". Um serviço gratuito que você poderá utilizar sempre que persistir uma dúvida ou quando você não encontrar aquilo que procura.

Mães, pais, avós e avôs, profissionais e demais interessados: convido-os a conhecerem o Manual de Instruções do Recém-nascido!

 

A- A ENTREVISTA COM O PEDIATRA NO PRÉ-NATAL

A1 – O PORQUE DA ENTREVISTA

Os cuidados com a saúde do bebê começam ainda antes da concepção.

Todo casal deveria realizar um exame pré-nupcial. Como o nome diz, antes do casamento ou da procriação homem e mulher passam por exames clínicos e laboratoriais para avaliação da saúde de ambos, visando a uma futura gestação.

A preocupação com a saúde do bebê continua durante o pré-natal, cuja importância é óbvia. Durante este período a gestante deve observar os cuidados com alimentação, vacinas, medicação e realizar consultas periódicas com o obstetra. É fundamental seguir as suas orientações, que vão influenciar diretamente a saúde da mãe e do filho.

Mesmo as mães mais carentes de recursos materiais têm hoje a sua disposição uma oferta praticamente universal de serviços públicos de pré-natal, graças ao Sistema Único de Saúde - SUS. É verdade que o SUS tem seus problemas principalmente porque até hoje não foi totalmente implantado da forma como foi planejado. Mas muitas das críticas que sofre são exageradas e injustas. Os princípios de gratuidade, universalidade e descentralização deste sistema têm permitido o acesso de praticamente todas as gestantes do país a serviços especializados de assistência. Pode-se dizer que hoje no Brasil, de modo geral, só não faz pré-natal quem não quer. Se na sua cidade não é assim, procure o Conselho Municipal de Saúde, órgão composto por técnicos e pela população, e que tem a obrigação de fiscalizar a qualidade dos serviços prestados pelo SUS.

 

A2- ÉPOCA IDEAL PARA A ENTREVISTA COM O PEDIATRA NO PRÉ-NATAL

É no período entre o 7o e o 8o mês de gestação que a gestante deve fazer uma entrevista com o pediatra que irá acompanhar seu parto. Este tipo de atendimento ainda é pouco conhecido e fica restrito às parcelas mais favorecidas da população. Mas devemos ter como meta que mesmo na rede pública a gestante tenha direito a este serviço.

Esta entrevista tem vários objetivos. O primeiro é o de promover um conhecimento mútuo entre a família e o pediatra, iniciando uma relação de confiança e empatia, que irá ajudar muito no trabalho conjunto pelo bem do bebê. A ela deveriam comparecer idealmente o pai e a mãe, além dos avós. Conhecendo-se a importância das opiniões das avós, principalmente em relação à amamentação, não se deve perder esta oportunidade de tê-las como aliadas. Sabedoras da importância do aleitamento materno, poderão auxiliar a futura mamãe a amamentar seu bebê.

Infelizmente na maioria das vezes a gestante não faz entrevista alguma. Somente na hora do parto é que vai ter o primeiro contato com o pediatra que vai cuidar de seu filho nesse momento tão crítico e importante. Quando vai à entrevista na maioria dos casos vai só, apenas ocasionalmente acompanhada por sua própria mãe. Raras vezes tem a companhia do marido ou companheiro.

É nesta entrevista que o pediatra vai conhecer todos os detalhes da gestação atual e de anteriores, se houver. Todos os dados sobre a saúde dos pais são importantes. A existência de alergias, infecções, os hábitos e eventuais vícios, tais como fumo, álcool ou uso de drogas. Possíveis medicamentos em uso. O tipo sangüíneo (A, B, O, ou AB) e o fator Rh (positivo ou negativo) também são de muito interesse.

As mais diversas circunstâncias relacionadas à gravidez devem ser conhecidas pelo médico. Desnecessário dizer da importância da sinceridade absoluta nas respostas...

A mãe é uma adolescente? Por incrível que pareça, em geral são lindas, tranqüilas, dedicadas e ótimas mães! O pai é adolescente? Geralmente fogem da raia... O casal já tem mais idade? Muitas vezes tendem a ser mais emotivos, ansiosos e inseguros...

O tipo de gestação. Se saudável ou não. De risco, ou de alto risco. É preciso saber se a gestante tem ou teve cólicas, sangramentos, problemas de pressão, diabetes ou outros. Se a gestação foi programada ou acidental. A produção independente. Gêmeos! Quantas vezes já tentaram ter este filho? reprodução assistida? Será aquele caso que chamamos na medicina de feto super valorizado (quando os pais, por algum motivo, esperaram este bebê por muito tempo)?

Será que os pais poderão contar com a ajuda de outros familiares para os primeiros cuidados com o recém-nascido? Isto é importante principalmente quando se trata do primeiro filho. Um bom curso de preparação para pais pode ser muito útil. O pediatra pode indicar um, caso o obstetra não o tenha feito.

E o bebê? É saudável até o momento? Está sendo desejado pelos pais ou está sendo rejeitado? Há predisposição para um parto normal ou já existe algum motivo que possa sugerir uma cesariana?

O conhecimento de todas estas informações é muito importante. O tipo sangüíneo dos pais pode ter repercussões na saúde do bebê. A idade também tem influência, pois mães muito jovens ou mais idosas têm mais probabilidade de ter determinados problemas.

Quanto aos vícios, nem é preciso se estender muito. Cigarros, álcool, drogas são uma ameaça séria à saúde dos pais. Imaginem então para um delicado ser em formação... Sérios problemas podem ocorrer em crianças geradas nestas condições adversas.

A forma como estes e outros fatores podem influir na saúde do bebê são discutidas com mais detalhes em outros capítulos do Manual de instruções do recém-nascido.

É durante o pré-natal que a mãe deve começar a preparar seu corpo e sua mente para a amamentação, assunto que será objetivo de um capítulo exclusivo. O obstetra e o pediatra devem incentivar a mãe a amamentar e orientar os exercícios para a otimização do bico do seio para esta finalidade. Veja detalhes no capítulo especial "D - A Amamentação".

Durante a entrevista o pediatra deve fornecer informações detalhadas sobre a amamentação. Se possível, entregando informações escritas .Ou então indicando as fontes destas informações para que a mãe possa se preparar adequadamente, através de leituras esclarecedoras e dos exercícios. Todo o tempo e a conversa investidos neste tópico da entrevista revelam-se de valor inestimável, em vista dos enormes benefícios do leite materno para os bebês.

Ainda na entrevista serão comentados os primeiros cuidados com o bebê e a importância do pediatra na sala de parto. A forma como se dá esta atuação é abordada no capítulo "B - O pediatra na Sala de Parto".

Quando se trata do segundo filho, é preciso tratar da questão do ciúme. Dentro de nossa cultura, o ciúme é considerado como um sentimento negativo, e que deve ser negado ou eliminado. Mas a verdade é que ele faz parte da natureza humana. Se normalmente temos dificuldade em dividir qualquer coisa, imagine para uma criança o que significa dividir o carinho e atenção de seu pai ou de sua mãe. Portanto é muito natural que o irmão mais velho sinta-se enciumado do irmãozinho que vai chegar.

Se houver alterações a fazer na vida do mais velho, deve-se fazê-las bem antes ou bem depois do nascimento. Por exemplo, a ida para a escola, a mudança da pessoa que vai tomar conta dele, e outras providências. Tudo para que ele não associe as mudanças com o nascimento do irmão. Explicar realisticamente como é um bebê: alguém que chora muito, que tem de trocar as fraldas a toda hora, e que não fala... E que vai demorar um pouco até que possam brincar juntos. Para ajudar a criar uma simpatia mútua pode-se dizer como o bebê gosta do irmão, como se acalma na sua presença, dando sempre um enfoque positivo.

É saudável permitir ao mais velho que exponha seus sentimentos e que os vivencie, dentro das possibilidades de sua idade. O momento mais difícil é na volta do hospital para casa. A mãe deve procurar entrar sem o bebê no colo, e dar o máximo de atenção ao mais velho.

Um outro ponto muito importante refere-se ao estado emocional dos pais e familiares em geral.

Já nos referimos à ansiedade que a gravidez geralmente traz para toda a família. Ao contrário do que pensam os pais a ansiedade não termina com o parto! Os cuidados com o bebê nos primeiros dias são muito intensos. São as trocas de fraldas, o choro, as visitas em excesso e que demoram demais...

Controlar o estado emocional e manter um ambiente calmo e tranqüilo para o bebê é muito importante .

Hoje é aceito como fato incontestável que os bebês têm vida psíquica intensa. Já existem até estudos detalhados do psiquismo peri-natal. Sabe-se que os recém-nascidos são capazes de sentir o ambiente ao seu redor, embora não se conheça o mecanismo como isso se dá. Se os pais estiverem muito inseguros e ansiosos o bebê será mais chorão, agitado, "nervoso".

Se, ao contrário, os pais estiverem tranqüilos (ou se esforçarem para isso), a criança ficará também mais calma e tudo será mais fácil.

Para exemplificar basta falar da famosa cólica dos bebês. A cólica é muito mais freqüente no primeiro filho, afeta menos o segundo, e praticamente desaparece a partir do terceiro filho. A explicação encontrada é que a ansiedade dos pais, que costuma diminuir com o aumento da prole, age sobre o bebê de forma negativa.

Existe ainda um ponto delicado, sobre o qual paira um pacto de silêncio. Nem o obstetra, nem o pediatra e muito menos os pais gostam de falar sobre este assunto. Refiro-me a possibilidade de que o bebê em gestação tenha algum tipo de malformação. Este risco é estimado em cerca de 1 a 3%. Isto significa que de cada 100 gestações de 1 a 3 crianças poderão ter algum tipo de malformação. Podem ser simples, como um dedinho a mais, que é retirado ainda no berçário. Ou mais complexas, como ausência de membros, ou um lábio e palato fendidos. Ou ainda uma síndrome de down.

Em minha opinião isto deve ser comentado para permitir que os pais façam uma reflexão, tentando se colocar nestas situações. Isto é muito útil nos casos em que estes diagnósticos são feitos após o nascimento, causando grande choque naqueles que jamais imaginaram esta possibilidade.

E diferente quando o casal tem diagnosticada ainda durante a gestação uma malformação grave ou uma síndrome em seu bebê. A legislação atual só permite o abortamento em casos de gravidez resultante de estupro ou que traga risco para a saúde materna. Mas esta possibilidade é quase sempre colocada ao alcance dos pais, que acabam decidindo de acordo com suas consciências e convicções pessoais. Também é verdade que em alguns estados do Brasil, juízes tem dado liminares autorizando o aborto de fetos com malformações graves, incompatíveis com a vida, como a anencefalia (ausência de cérebro) e outras.

No meu entendimento, esta é uma questão de foro íntimo do casal. A eles cabe a responsabilidade da decisão. O médico deve prestar todos os esclarecimentos para orientação dos pais, já que toda decisão necessita de informação para ser tomada. E nestes casos, a informação mais completa e atualizada as vezes tem de ser buscada em outras fontes, como por exemplo as associações que reúnem pais que têm filhos com a mesma característica.

O melhor exemplo talvez seja o das crianças com a síndrome de down, cujos pais, reunidos em associações em todo o país, possuem informações importantes e atualizadas, dando conta da nova realidade destas crianças. O papel desta entidades na prestação destes esclarecimentos é insubstituível, e são um importante recurso ao qual o pediatra deve recorrer nestes casos.

Também são inegáveis os avanços recentes da medicina fetal, disponíveis nos grandes centros do país. Em algumas situações é possível fazer até mesmo cirurgias intra-útero para a correção de determinados problemas cardíacos, urinários e outros.

É bom lembrar que nesta entrevista tudo deve ser comentado, inclusive a questão dos honorários do profissional. A família deve saber quanto custará este trabalho, que normalmente inclui o atendimento em sala de parto e as visitas até a alta hospitalar do bebê. Se têm convênio, devem verificar se cobre esta despesa. Em caso contrário, qual o valor devido.

A família deve ainda saber a quem cabe a responsabilidade de localizar o pediatra na hora do parto. Se é ela, ou hospital quem irá chamá-lo. É importante saber se o seu pediatra é fácil de ser localizado em caso de necessidade.

Atingido o objetivo de promover um conhecimento mútuo entre o pediatra e a família, esta deve em seguida decidir se vai ficar ou não com aquele profissional. O ideal é que a escolha seja feita pela mãe pois ela é quem vai ter maior contato com o pediatra. Pesam nesta decisão fatores como a empatia e a disponibilidade do profissional.

Além de fazer suas próprias anotações idealmente o pediatra deve preencher o prontuário médico portátil com as com informações referentes a entrevista. Neste prontuário portátil, um caderno que fica de posse do paciente, todos os atendimentos, diagnósticos, tratamentos, exames realizados e seus resultados devem ser anotados pelo médico de forma sucinta.

Este prontuário não pretende substituir aquele que de forma completa e pormenorizada é elaborado pelo médico. Mas deve conter de forma resumida todos os dados importantes referentes a saúde do paciente.

Assim, em qualquer atendimento posterior, estas importantes informações estarão disponíveis para uma consulta rápida, seja em uma situação de rotina ou de emergência. Esta prática além de garantir o direito do paciente de ter consigo todas as informações referentes à sua saúde representa uma ação concreta do pediatra em defesa da saúde de seu paciente.

O passo seguinte é ficar em contato com seu pediatra, mantendo-o informado do resultado das consultas seguintes do pré-natal. O ideal é que a cada consulta com o obstetra a gestante telefone ao pediatra, mantendo-o a par do desenrolar da gestação. As vezes podem ser necessárias mais entrevistas para a discussão de outras dúvidas.

 

A3- INFORMAÇÕES QUE SERÃO PEDIDAS PELO PEDIATRA

Algumas perguntas que o pediatra fará na entrevista pré-natal
Leve as respostas prontas!

1. Idade, profissão, grau de instrução dos pais.

2. Antecedentes de saúde pessoais e familiares: doenças, cirurgias, alergias, hábitos, vícios (fumo, álcool, drogas), medicamentos em uso.

3. Estão fazendo algum curso de preparação para pais?

4. Quantas vezes a mãe já engravidou?(incluindo eventuais abortamentos).

5. Número de filhos, suas idades e dados de saúde.

6. Tipo de partos anteriores (natural, cesárea ou fórceps) .

7. Peso e estatura de cada filho ao nascimento.

8. Boletim de Apgar de cada filho. (Veja no capítulo "B - O pediatra na Sala de Parto / B4 - Índice de Apgar".

9. Intercorrências no período neonatal de cada filho: Icterícia, desconforto respiratório, infecções. Se houve necessidade de internação ou não.

10. Período de amamentação de cada filho - eventuais dificuldades.

11. Tipo sangüíneo dos pais e filhos (Grupo A,B,O e fator Rh)

12. Dados relativos à gravidez atual:

* programada ou não
* desejada ou não
* sangramentos, cólicas, contrações
* infecções
* problemas de pressão
* vômitos
* medicamentos em uso
* exames complementares realizados e seus resultados

13. Terão ajuda de algum familiar para cuidar do bebê?

A4- PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES SOBRE O PRÉ-NATAL

1- Para que consultar um pediatra no pré-natal?

Para que possa haver um conhecimento mútuo entre o médico e a família, o pediatra vai se inteirar dos dados relativos à saúde do bebê que ainda vai nascer. Desta forma poderá agir preventivamente em relação a problemas que possam ocorrer.

2- O que faz o pediatra na hora do parto?

Este assunto é aprofundado no capítulo "B - O pediatra na sala de parto". O nascimento é um momento especial e crítico na vida de qualquer pessoa. Cabe ao pediatra presente na sala de parto garantir as melhores condições para o recém-nascido. Em especial quanto à oxigenação cerebral, prevenindo seqüelas no desenvolvimento futuro. Um problema na hora do parto pode se transformar em um problema para a vida toda.

3- O pediatra cuida do bebê durante todo o período de internação?

Sim. Além do nascimento, o pediatra acompanhará o bebê durante todo o período em que ele estiver no hospital. Para isso fará visitas diárias ou mais freqüentes se necessário.

4- Devo levar enxoval do bebê para a maternidade? Qual?

Cada hospital tem uma rotina diferente. Em alguns o bebê usa as roupas do próprio hospital, em outros a mãe deve levar um enxoval.

Lembre-se: antes de usar qualquer roupa nova no bebê lave-as com sabão de coco. Mas não use amaciantes.

Um exemplo de enxoval para o bebê você encontra no arquivo (LISTA DE ENXOVAL PROCEDIMENTOS E CHÁ DE BEBÊ. Word)

5- Como devo escolher a maternidade?

O ideal é que a gestante visite com antecedência a maternidade onde pretende ter seu filho. Peça para conhecer o berçário, a UTI neonatal, o centro obstétrico e os quartos ou apartamentos. Faça perguntas, converse com os funcionários. Pergunte sobre o enxoval do bebê, se o hospital chamará seu pediatra, e se nas horas que antecedem o parto você poderá ficar acompanhada.

Informe-se sobre os honorários e taxas a que você estará sujeita. Descubra quais destas despesas são cobertas por seu convênio.

6- Para que serve o teste do pezinho? Deve ser feito durante a internação na maternidade?

Este teste consiste em um exame de sangue para triagem de erros metabólicos congênitos. Sua solicitação é obrigatória pelo estatuto da Criança e do Adolescente.

Para garantir um resultado confiável o ideal é que seja realizado após 72 horas de vida, quando o
bebê já está mamando bem. Por este motivo sua coleta geralmente é feita após a alta hospitalar.
Através de uma "picadinha" no calcanhar são colhidas em papel especial três gotinhas de sangue, que são enviadas para o laboratório.

No teste básico ou tradicional são pesquisadas duas doenças, o hipotireiodismo e a fenilcetonúria. A primeira refere-se a um mau funcionamento da glândula tireóide (que fica no pescoço). Para seu tratamento pode ser necessário o uso de remédios. Na segunda, o organismo da criança não consegue aproveitar uma substância chamada fenilalanina, presente em muitos alimentos. Para tratá-la é necessária uma dieta especial sem fenilalanina. Ambas, se não tratadas, podem acarretar vários problemas, entre eles um comprometimento do desenvolvimento neuro-psico-motor do bebê.

Alguns laboratórios realizam com a mesma amostra um número maior de testes, pesquisando outras doenças congênitas. Como por exemplo a fibrose cística, um mau funcionamento de algumas glândulas que pode ocasionar problemas pulmonares, diarréias e déficit no crescimento. Este é o teste do pezinho plus no qual mais de 20 doenças congênitas são pesquisadas.

O resultado demora por volta de 30 dias para chegar, mas se houver algum problema com o exame os pais são avisados antes deste prazo.

As doenças metabólicas são raras, mas devem ser diagnosticadas e tratadas precocemente para evitar danos ao desenvolvimento da criança.

Embora um resultado normal neste teste seja recebido pelos pais como uma garantia de que seu bebê não tem e não terá nenhum problema neurológico ou intelectual, isto não é verdadeiro. O teste do pezinho normal não afasta a possibilidade de ocorrer deficiência mental ou comprometimentos neurológicos por outras causas, genéticas ou adquiridas. Também não diagnostica as síndromes genéticas, como por exemplo a síndrome de Down.

Só o acompanhamento de rotina realizado pelo pediatra pode atestar a saúde do bebê.

7- O que é o alojamento conjunto?

Antigamente o recém-nascido ficava no berçário, e só ia para junto da mãe nos horários de mamada. Hoje, recomenda-se que o bebê fique alojado junto com a mãe, desde as primeiras horas. Isto só não ocorre em situações especiais, de dificuldades com a mãe ou filho. O alojamento conjunto permite que a integração dos pais com o bebê ocorra de forma mais rápida e natural.

8- Quais as vacinas que devem ser feitas ainda no hospital?

De acordo com o calendário oficial de vacinação para o Brasil nenhuma vacina é aplicada ainda no hospital. Veja detalhes sobre as vacinas do primeiro mês no capítulo "C - A primeira consulta / C2 - Vacinas".

9- Quais os produtos de higiene que devo comprar? Sabonete para o banho, fraldas, talco, produtos para limpeza da pele do bebê, etc.?

Aquele agradável "cheirinho de bebê" desses produtos de higiene é obtido as custas de muita química. Como a pele dos recém-nascidos é extremamente sensível, deve-se evitar o seu uso. O ideal é usar apenas sabonete neutro de glicerina para o banho. E mais nada! Nada de lencinhos perfumados, talcos, óleos e outros produtos para limpeza do bebê.

Quanto às fraldas, comprar apenas uma quantidade pequena, de boa marca, para verificar se o bebê se adapta a ela.

10- O que comprar para o bebê? Móveis, equipamentos, chupetas, etc.?

Uma boa norma a seguir é: comprar o mínimo possível. Isto por que muitas vezes os pais compram coisas desnecessárias ou impróprias. Principalmente quando a compra é feita com muita antecedência em relação ao uso. Compre algo quando tiver certeza de que realmente vai utilizá-lo.

Procure sempre equipamentos e móveis de boa qualidade. O investimento em segurança não tem preço.

O berço deve permitir que o estrado seja abaixado, conforme o bebê cresce. Além disso o espaço entre as grades não deve ultrapassar seis centímetros por motivos de segurança.

O carrinho de bebê deve ser bem estável, ter freio de segurança, possibilidade de variação de posição e coberta para o sol. Os cestos para transporte ideais são os modelos rígidos com alça larga. Cuidado com os chamados "bebê-conforto". Escolha com atenção modelos que tenham uma boa estabilidade.

Não compre andador! Além de desnecessário, pode ser prejudicial ao desenvolvimento e à própria segurança da criança.

Nada de mamadeiras, chucas e equipamentos relacionados (aquecedores, esterilizadores, etc.) No capítulo "D - A amamentação" você verá que nada disto é necessário para quem amamenta seu bebê.

Com raras exceções os bebês não necessitam de chupetas. E os que mamam o peito são os que menos gostam de chupeta.

11- O pai deve assistir ao parto? Pode filmar ou fotografar?

Em primeiro lugar é preciso verificar as normas do hospital a respeito do assunto. O pai deve decidir de forma tranqüila se vai se sentir a vontade para assistir ou não ao parto. Há aqueles que assistem e participam de forma positiva, e os que sentem-se desconfortáveis ou até passam mal.

Sem dúvida a presença do pai traz para a mãe mais conforto e segurança. E ele não perde esta oportunidade única de participar deste momento tão especial na vida de sua família.

Quanto a filmes ou fotos, observar os limites do pudor e do bom senso, evitando a exposição da mãe. Em alguns hospitais há profissionais disponíveis para esse serviço. Outras vezes o próprio pediatra dá uma "colher-de-chá" fazendo-se de fotógrafo...

12- Os problemas de alergia afetam um número cada vez maior de crianças. Na minha família e do meu marido existem casos de rinite, bronquite e eczema (alergias na pele). O que pode ser feito, ainda durante o pré-natal, para prevenir estes problemas?

Nas famílias onde já existem casos deste tipo as chances do bebe vir a ter alergia são maiores. Alguns cuidados devem ser tomados desde já.

Se houver fumantes em casa, estes devem parar de fumar imediatamente, para que o ambiente fique livre gradativamente dos poluentes do cigarro. E não adianta dizer "eu não fumo dentro de casa", pois a fumaça do cigarro impregna pele, cabelos, roupas, etc., e através deles o cigarro vem para casa e chega até o bebe.

Não vou nem falar da gestante que fuma, cujo feto fuma também passivamente através do cordão umbilical...

O quarto onde o bebe vai ficar deve ser preparado. Deve receber bastante sol, ter piso lavável, sem cortinas, carpetes ou tapetes, bichinhos de pelúcia, e tudo que possa juntar poeira ou umidade.

Especial atenção com a alimentação da gestante. Sua dieta deve ser bem balanceada, evitando o consumo abusivo de um só tipo de alimento. Determinadas proteínas de origem animal, como carne de peixe por exemplo, se consumidas excessivamente podem sensibilizar o feto ainda no útero, propiciando condições para o aparecimento de futuras alergias. Em quantidades moderadas e numa dieta equilibrada com outros nutrientes, estes alimentos são benéficos.

Em relação ao leite de vaca, a futura mãe não deve ingerir mais de 500 ml (dois copos) por dia. Já está provado que o leite de vaca ingerido pela gestante acima dessa quantidade pode aumentar a incidência de futuras alergias no bebe.

13- Até que idade um bebê é considerado recém-nascido?

Ele é um recém-nascido no período que vai do nascimento até vinte e oito dias de vida.

14- Existem outros cuidados a ser tomados?

Além dos já mencionados, o pediatra orientará a família em relação a cuidados necessários em situações específicas. Como por exemplo, no caso de bebês prematuros ou com outras necessidades especiais

 

B- O PEDIATRA NA SALA DE PARTO

B1- ASPECTOS GERAIS NA SALA DE PARTO

O momento tão esperado finalmente chegou! Orientada por seu obstetra, a gestante procura o hospital. pediatra avisado, equipe a postos, tudo pronto para a chegada do bebê.

Será parto normal (também chamado de natural) ou cesariana? A resposta a esta pergunta pode ter sido respondida meses atrás, quando a gestante escolheu seu obstetra. Sabemos que na maioria dos hospitais brasileiros o índice de partos cesarianos é altíssimo. Chega em alguns casos a mais de 90%, enquanto que em outros países é de cerca de 20%.

A cesariana com hora marcada é na maioria das vezes, um conluio de interesses entre os profissionais e a gestante. O obstetra fica livre de acompanhar, as vezes madrugada adentro, um longo trabalho de parto. O pediatra também pode programar sua vida, sem ser surpreendido por um chamado em meio a outra atividade. A gestante também imagina que terá vantagens. Ficaria livre das dores e do cansaço do trabalho de parto, dos quais muitas têm medo. E o bebê? Aparentemente também ganha, pois nasce de forma mais tranqüila, com muito menos esforço que no parto natural.

Exceto quanto à comodidade dos profissionais, os outros argumentos são falsos. Todas as atividades do parto normal, desde as contrações, até a descida pelo canal de parto, exercem importantes funções no organismo da mãe e do filho. Preparam o bebê para o nascimento e para a vida fora do útero.

E ajudam a mãe a recuperar-se de maneira muito mais simples e saudável do que em uma operação cirúrgica como a cesariana.

Como em tudo na vida, é necessário o bom senso. Do obstetra e da família, que muitas vezes também pressiona o médico a realizar um ou outro tipo de parto. Tanto o parto natural como a cesariana devem ser adequadamente indicados e conduzidos, pelo médico.

A dica que dou às gestantes é que procurem conversar na sala de espera com as demais pacientes que já fizeram o parto com o seu obstetra. Façam uma pesquisa informal, para verificar o índice de cesarianas. Lembre-se: em serviços de boa qualidade ele não deveria passar de 25%. O parto natural, quando possível, é o melhor para a mãe e para o bebê!

O obstetra, convenhamos, é um abnegado. Trabalha sem horário, folgas ou feriados, por uma remuneração que na maioria das vezes está muito longe da responsabilidade que tem nas mãos. Mas o neonatologista tem o pior de dois mundos. Seu horário é igual ao do parteiro, mas seu honorário geralmente é de 30% do ganho do obstetra. Portanto é preciso que o pediatra goste muito do que está fazendo. O ideal é que o pediatra também acompanhe o trabalho de parto. Assim poderá se inteirar de todas as ocorrências, medicamentos ou anestesias utilizadas.

Um bom hospital deve ter uma sala exclusivamente para a recepção dos recém-nascidos dentro do centro obstétrico, equipada para os primeiros cuidados. Deve ter um berço aquecido, equipamentos e medicamentos para reanimação e para a identificação do bebê.

B2- COMPORTAMENTO DOS PAIS

Algumas considerações devem ser feitas sobre o comportamento da mãe e do pai na sala de parto. Uma postura de calma e confiança no trabalho da equipe ajuda a manter um ambiente positivo. Seguir todas as orientações e procurar não encostar em nada sem autorização, já que muitos objetos existentes na sala de parto são esterilizados. Se forem tocados tornam-se contaminados podendo trazer risco de infecção para mãe e filho. Se o parto for natural, a atitude de colaboração da mãe e o apoio do pai são fundamentais. É a hora de colocar em prática os ensinamentos recebidos no curso de preparação para pais.

B3- ATUAÇÃO E CUIDADOS IMEDIATOS

Quando o bebê nasce, o pediatra o recebe das mãos do obstetra envolvendo-o em campos (panos) estéreis previamente aquecidos. A seguir presta os cuidados de rotina. Enxuga o bebê, que geralmente nasce coberto de uma substância branca chamada vernix caseoso, um tipo de cera que serve para proteger a pele do bebê. Verifica a respiração e os batimentos cardíacos e faz um rápido porém completo exame físico procurando detectar qualquer anormalidade.

Em seguida liga (amarra) o cordão umbilical e identifica o bebê. Resta ainda realizar as mensurações do bebê. Peso, estatura, perímetro cefálico, torácico e abdominal. Os bebês que nascem de tempo certo pesam por volta de 3 quilos e medem cerca de 50 centímetros. Procede-se ainda ao método de credeização, que consiste em pingar colírio de nitrato de prata para prevenção da conjuntivite gonocóccica. Algumas destas medidas são normas estabelecidas pela lei federal n. 8.069/ 90, o estatuto da Criança e do Adolescente.

Um bebê nascido em boas condições pode ser colocado para mamar logo após o nascimento, propiciando o fundamental contato "olho-no-olho" com a mãe, ficando para serem feitos depois os cuidados de rotina. Caso contrário é levado diretamente para a chamada sala de reanimação, onde receberá a atenção adequada a seu caso.

Em alguns hospitais aplica-se logo após o nascimento uma injeção de vitamina K para prevenir sangramentos ou hemorragias no recém-nascido.

Caso seja necessário realizar algum exame colhe-se sangue do cordão umbilical evitando assim uma picadinha no bebê. Exemplo disso são os casos em que a mãe é Rh negativa e se deseja saber o tipo de sangue do bebê. Se o bebê for Rh positivo medidas de prevenção serão tomadas, como a aplicação de uma vacina na mãe e a observação da ocorrência de Icterícia na criança.

B4- ÍNDICE DE APGAR

Outra avaliação muito importante feita pelo Neonatologista é o cálculo do índice de Apgar. Toda gestante deve conhecê-lo. Este índice foi criado por uma anestesista inglesa, Dra. Virgínia Apgar, na década de 50. Serve para avaliar as condições de vitalidade do recém-nascido. Consiste na avaliação de 5 itens do exame físico do recém-nascido, com 1, 5 e 10 minutos de vida. Os aspectos avaliados são:

· cor da pele(se rosada ou azulada),

· freqüência cardíaca (maior ou menor que 100 batimentos por minuto)

· esforço respiratório (choro forte ou fraco)

· tônus muscular (bebê com boa flexão ou flácido)

· irritabilidade reflexa (reage aos estímulos com choro)

Para cada um dos 5 itens é atribuída uma nota de 0 a 2. Somam-se os escores de cada item e temos o total, que pode dar uma nota mínima de 0 e máxima de 10.

Uma nota de 8 a 10, presente em cerca de 90% dos recém-nascidos significa que o bebê nasceu em ótimas condições. Uma nota 7 significa que o bebê teve uma dificuldade leve. De 4 a 6, traduz uma dificuldade de grau moderado, e de 0 a 3 uma dificuldade de ordem grave. Se estas dificuldades persistirem durante alguns minutos sem tratamento, podem levar a alterações metabólicas no organismo do bebê gerando uma situação potencialmente perigosa, a chamada anóxia (falta de oxigenação).

O boletim Apgar de primeiro minuto é considerado como um diagnóstico da situação presente. Já o Apgar de quinto minuto e o de décimo minuto são considerados como fatores de prognóstico da saúde neurológica da criança.

É importante frisar que a grande maioria dos bebês nasce bem. Mas uma pequena porcentagem dos bebês pode dar trabalho ao nascimento. Pode haver uma malformação, ou o bebê nasce e não respira ...

A neonatologia, já disse alguém, é 99% de pura rotina e 1% de puro pânico. São situações muitas vezes imprevisíveis, em que é essencial a presença de um profissional preparado para agir rapidamente, reanimando o bebê e evitando problemas futuros. Existem situações especiais que podem ser diagnosticadas durante o pré-natal (p. ex. diabetes materno, cardiopatias ou outras malformações no bebê) para as quais o pediatra já estará preparado no momento do nascimento, tomando as medidas necessárias para cada situação

B5- MÉTODO DE CAPURRO

Analisando as características físicas do bebê, o Neonatologista pode fazer uma estimativa da sua idade gestacional através do chamado método de Capurro. Correlacionando esta idade com o peso é possível estabelecer uma classificação do bebê. Podemos dizer se ele é prematuro, se nasceu de tempo certo, ou se passou da data. E ainda, se o seu peso é pequeno, adequado, ou grande para a idade gestacional que possui. Tudo isto tem implicações nos cuidados subsequentes com o bebê.

O pediatra fará uma avaliação final para decidir para onde será encaminhado o bebê. Se vai para o alojamento conjunto para ficar ao lado de sua mãe, ou para o berçário, para melhor observação. Ou ainda para uma sala de cuidados especiais, ou até para a UTI neonatal.

Considero o Neonatologista um privilegiado, pois participa deste momento único e especial na vida da família. A emoção sentida nesta hora compensa todas as dificuldades da profissão. Este forte elo de ligação perdura por toda a vida.

A forma que encontrei de exprimir meu sentimento foi escrever este verso:

Nascimento
Mágico momento
Pleno de energia
Dessa força me alimento
Me encanta essa magia

B6- ANOXIA NEO-NATAL

É preciso deixar bem claro que o momento do nascimento é crucial para o bebê. O cérebro é o mais delicado e nobre dos tecidos do corpo humano. Enquanto a criança está dentro do útero toda a oxigenação vem pela placenta, através da respiração materna. No momento em que se corta o cordão umbilical, a criança tem de respirar sozinha. Quando isto não se dá, o Neonatologista tem de agir rapidamente, pois a falta de oxigenação, a temida anóxia pode levar a seqüelas graves, como por exemplo a paralisia cerebral ou outros problemas neurológicos, se não for rapidamente tratada e revertida.

Em treinamento padronizado pela Academia Americana de pediatria, e que é ministrado no Brasil pela Escola Paulista de Medicina, o Neonatologista é exaustivamente treinado para reverter este tipo de situação em no máximo 20 segundos após o nascimento! Infelizmente em muitos casos a anóxia pode ocorrer ainda dentro do útero, antes do nascimento, e nesta situação o Neonatologista pouco pode fazer.

Outra circunstância desfavorável que pode ocorrer ainda durante a gestação é uma situação chamada sofrimento fetal. As causas podem ser de origem materna (problemas de pressão arterial, p. ex.) ou fetal. Mas a conseqüência é a mesma. O bebê pode evacuar dentro da bolsa das águas. Estas fezes, chamadas Mecônio, são extremamente prejudiciais quando entram em contato com as vias respiratórias da criança. Se o bebê vier a aspirar este Mecônio graves problemas respiratórios poderão advir. Quando há Mecônio presente cuidados adicionais devem ser tomados pelo Neonatologista. Veja mais detalhes no capítulo "E - Bebê prematuro / UTI neonatal".

B7- IDENTIFICAÇÃO DO BEBÊ NA SALA DE PARTO

Este é um passo crucial para evitar uma das maiores preocupações das mães: a troca de bebês. Nenhum bebê pode sair da sala de parto sem estar devidamente identificado. Isto é feito através da obtenção das impressões plantares e digitais do bebê e digitais da mãe. da colocação em ambos de pulseiras contendo os dados do bebê, da mãe e do parto. Em alguns hospitais usa-se um método mais moderno de identificação através da coleta de sangue do bebê (pelo cordão umbilical) e da mãe. Este material fica armazenado e caso necessária a identificação pode ser feita através da análise do DNA.

B8- PERGUNTAS FREQÜENTES DOS PAIS

Entre as perguntas que os pais costumam fazer ainda na sala de parto, a primeira, invariavelmente é:

1- O bebê é perfeito ? É saudável?

Mesmo para um bebê que nasce bem e vai logo para junto da mãe, as primeiras 6 horas são de observação geral. Sempre deixo isto bem claro para os pais. Após este período ele deve ser reexaminado. Problemas ou malformações que não foram detectados imediatamente podem se manifestar e serem diagnosticados durante essas primeiras horas.

O exame do bebê realizado com 6 horas de vida é um exame mais completo e detalhado. Os diversos sistemas do bebê já estarão funcionando tornando possível uma avaliação mais exata. Inclusive quanto à audição e visão.

O pediatra deve se lembrar sempre de parabenizar a família pelo nascimento, mesmo que haja alguma malformação ou alguma situação especial. Nunca se esquecer de que é um ser humano que acaba de nascer e ainda que tenha algum problema o pediatra deve ser o primeiro a demonstrar aos pais o respeito que esta criança merece (veja em "Apêndice para o profissional de saúde").

Quando o bebê é saudável, aí então a festa é completa!

2- É menino ou menina?

Esta é sem dúvida a segunda pergunta mais freqüente nesta hora. Felizmente sua resposta é quase sempre muito simples. Quase, pois em um pequeno número de casos pode haver malformações da parte genital, impedindo uma identificação imediata do sexo. Isto só será possível após a realização de muitos exames, alguns até complexos. Esta é uma situação muito difícil, que gera enorme angústia e frustração na família. O pediatra deve ter muita habilidade para comunicar o fato e apoiar a família na condução do caso até seu completo esclarecimento e tratamento.

3- A terceira e mais freqüente pergunta é sobre o peso e o comprimento do bebê.

As vezes estas medidas só serão tomadas no berçário, não podendo ser informadas logo após o nascimento.

4- Quanto tempo o bebê vai ficar no berçário?

O mínimo possível. Assim que os primeiros cuidados são tomados, estando bem o bebê vai imediatamente para junto da mãe.

5- A pergunta que ninguém faz, mas que deveria ser feita: Qual foi o Apgar de meu filho? Com 1 minuto e com 5 minutos?

A resposta a esta pergunta revela as condições de nascimento. Veja detalhes no capítulo "B - O pediatra na sala de parto / B4-Índice de Apgar".

6- Meu bebê nasceu de parto normal. Acho que sua cabeça está torta, e na parte de trás tem um "calombo". É grave?

Os ossos do crânio do feto têm uma mobilidade natural que promove um ajustamento da cabeça do bebê ao canal de parto permitindo sua passagem. Assim, ao nascer de parto normal, é comum que haja uma diferença no aspecto da cabeça do bebê que entretanto desaparece nas primeiras horas ou dias.

Quanto ao "caroço" deve-se à posição da cabeça durante o trabalho de parto. A porção que fica mais tempo em contato com o meio externo (através do colo do útero) pode, devido à diferença de pressão, apresentar um hematoma, que também é passageiro e não deve trazer preocupação.

 

C- PRIMEIRA CONSULTA

C1- INTRODUÇÃO

A primeira consulta é feita idealmente por volta de 7 dias de vida. Tempo suficiente para que da convivência entre mãe e filho tenham surgido dúvidas que poderão ser sanadas neste momento. Este prazo também é ideal para uma primeira reavaliação do peso e da situação geral do bebê.

Não esqueça de levar o prontuário médico portátil do bebê com os dados relativos ao atendimento peri-natal do bebê. Caso não o possua leve todas as informações referentes ao nascimento fornecidas pelo hospital.

Uma excelente prática é a da mãe trazer anotadas em uma lista todas as suas dúvidas. Esta listinha (ou listona conforme o caso) garante que nada será esquecido e que nenhuma pergunta ficará sem resposta.

Se o pediatra for o mesmo que fez a entrevista no pré-natal e o atendimento na sala de parto este momento será um reencontro de velhos conhecidos. Ele já estará de posse da maior parte das informações de que necessita. E a família estará mais tranqüila, com as orientações obtidas anteriormente. Caso contrário poderemos ter uma situação com a família mal informada, insegura e ansiosa.

O conjunto de cuidados que fazem parte da supervisão de rotina da saúde infantil é chamado de puericultura. E o primeiro mês de vida é o período mais importante e delicado da puericultura, já que o recém-nascido da espécie humana é um dos seres mais dependentes que existem na natureza. Assim vamos ver de perto todos os cuidados necessários nesta etapa.

As consultas pediátricas vão seguir sempre uma mesma rotina. O pediatra fará perguntas, observações e dará orientações nas seguintes áreas: alimentação, vacinas, prevenção de acidentes, desenvolvimento neuro-psico-motor e banho de sol .

Não apenas na primeira, mas em todas as consultas de rotina subseqüentes estas áreas serão observadas.

Na supervisão da alimentação o pediatra verificará como está a amamentação, quais as possíveis dificuldades, envidando todos os esforços para incentivar e garantir o aleitamento materno. Um processo que já deve ter começado durante o pré-natal.

C2- VACINAS

Quanto às vacinas, existem duas que devem ser feitas ainda no período neonatal.

A primeira é o BCG intradérmico, que é aplicada no braço direito e protege contra a tuberculose. Esta vacina faz parte do calendário oficial de vacinação do Brasil, e sua aplicação é feita gratuitamente na rede pública de saúde. Ou em clínicas particulares se esta for a opção da família. Esta vacina não dá reações gerais como febre ou mal estar. Mas no local da aplicação, após um ou dois meses, pode aparecer um pequeno abcesso com saída de pus. Basta lavar e secar o local, sem cobrir e sem passar nenhum tipo de pomada ou pó.

A outra é a vacina contra a hepatite B. Ela já faz parte da rotina de vacinação em outros países e é recomendada no Brasil pela Sociedade Brasileira de pediatria. Apesar disso ainda não está disponível em toda a rede pública brasileira, apenas em alguns estados e às vezes só é encontrada nas clínicas particulares. Deve ser aplicada em 3 doses, ao nascimento, com 1 mês e aos 6 meses de vida. Raramente apresenta reação, que inclui febre baixa ou dor no local da aplicação.

A Organização Mundial de Saúde considera esta vacina muito importante e vai apoiar programas nos países que a coloquem nas suas rotinas. É importante que aqueles que têm possibilidade a apliquem e que continuemos a luta para que o Ministério da Saúde, os governos estaduais e municipais a incluam no calendário oficial de vacinação.

C3- PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Outro tema abordado pelo pediatra é a prevenção de acidentes domésticos com crianças. Infelizmente eles são muito freqüentes e causam dor e sofrimento. Porém os acidentes são sempre os mesmos. Assim, conhecendo os principais perigos, é possível evitá-los!

Nos primeiros meses atenção especial deve ser dada à posição da criança no berço, para evitar a sufocação com o leite regurgitado ou vomitado. A posição mais segura é de lado, com travesseiro baixo e as costas bem apoiadas. A posição de bruços atualmente é condenada pela Academia Americana de pediatria. Alguns estudos sugerem que esta posição pode estar envolvida com a ocorrência da morte súbita do lactente, onde bebês previamente sadios morrem subitamente no berço sem que se consiga identificar nenhuma causa. Apesar disso muitos pediatras no Brasil ainda recomendam esta posição por entenderem que os estudos, além de não serem conclusivos, referem-se a outras realidades muito diferentes da nossa.

É bom evitar o uso de cordões, fitas ou correntinhas pois elas podem se enrolar no pescoço do bebê causando enforcamento. Se for usar chupeta teste a borracha para ver se está firme e não se desprende com facilidade.

Nas primeiras semanas, cuidado redobrado deve ser tomado durante as mamadas noturnas. O cansaço acumulado pode fazer a mãe adormecer e derrubar o bebê ou deitar-se sobre ele sufocando-o.

Não amamentar o bebê deitado horizontalmente pois além do risco de sufocação esta prática pode causar infecções de ouvido. O leite pode refluir da garganta para o ouvido através dos canais ali existentes.

O espaço entre as grades do berço deve ter no máximo 6 centímetros para evitar o risco do bebê passar partes do corpo para fora e ficar preso pela cabeça. Jamais deixar o bebê sozinho com outra criança pequena ou com animais domésticos. O uso do carrinho também requer cuidado porque ele pode virar ou correr caso não esteja bem equilibrado ou brecado.

Talco deve ser evitado mas caso a família opte por seu uso, muita atenção! Aplicar uma grande quantidade de uma só vez diretamente no bebê pode criar uma "nuvem" que aspirada pode asfixiar a criança. Colocar apenas um pouco de talco nas mãos de quem vai aplicá-lo, longe do bebê.

Por incrível que possa parecer, graves queimaduras podem ocorrer na hora do banho. Antes de colocar a criança na água, deve-se experimentar a temperatura do banho com as costas das mãos, região de mais sensibilidade.

Nunca deixar a criança só na banheira ou no trocador, mesmo que por apenas alguns segundos. Uma boa norma é colocar por perto tudo de que se vai precisar antes de iniciar o banho ou troca da criança. Deve-se simplesmente ignorar o telefone ou a campainha caso não haja mais ninguém para olhar o bebê. Crianças pequenas podem se afogar em locais com pouca quantidade de água como banheiras, baldes ou lava-pés de piscinas.

Deve-se verificar o ambiente e as atitudes em relação ao bebê com olhos críticos verificando onde podem acontecer acidentes. Desta forma fica mais fácil preveni-los. Afinal, aqui também a prevenção é o melhor remédio.

Mesmo assim é bom ter um esquema preparado para o caso de ocorrer um acidente. Deixar sempre à mão o telefone e endereço do médico e do pronto-socorro infantil mais próximo é muito útil. Manter a calma ajuda a obter auxílio mais rapidamente e pode amenizar as conseqüências de um acidente.

C4- VITAMINAS / RAQUITISMO

Um assunto controvertido é quanto ao uso de vitaminas. Embora seja aceito pela maioria que um bebê sadio que mama no peito e toma sol não necessita de complementação vitamínica, muitos pediatras optam por sua administração, especialmente das vitaminas A e D. O uso de vitaminas é mais freqüente em prematuros, mas esta é uma decisão que fica a cargo de cada médico. Desaconselha-se absolutamente o uso de medicamentos que contenham flúor em cidades onde a água é fluoretada pois o acúmulo desta substância nos dentes (mesmo ainda em formação) é prejudicial. Pode até enfraquecê-los provocando uma doença chamada fluorose.

Já quanto ao banho de sol as opiniões são unânimes: ele é fundamental para a saúde do bebê e faz parte dos cuidados de puericultura obrigatórios. Deve ser diário, se possível. O horário ideal é antes das 10 horas da manhã ou após as 15 horas. A duração inicial é de 5 a 10 minutos aumentando gradativamente até 20 a 30 minutos diários. A criança deve tomar sol com o mínimo de roupa que a temperatura ambiente permitir, de forma que a maior área de pele seja exposta. Sob a ação do sol ela sintetiza a vitamina D natural, que tem inúmeros efeitos benéficos no organismo. Entre eles o aumento da resistência às infecções, fortalecimento ósseo e melhora do desenvolvimento geral

A falta de vitamina D pode provocar uma doença chamada raquitismo, que causa importantes alterações no organismo e na saúde geral da criança. Raquitismo não é sinônimo de bebê magro ou desnutrido pois pode afetar qualquer criança, até as gordinhas.

Mas atenção! O sol que passa por qualquer tipo de vidro perde o efeito positivo pois os raios benéficos são filtrados nesse material.

C5- DESENVOLVIMENTO NEURO-PSICO MOTOR

Desenvolvimento neuro-psico-motor é a capacidade que o bebê tem de adquirir gradativamente novas habilidades. Seu acompanhamento é muito importante.

Um recém-nascido interage com o meio ambiente e com as pessoas principalmente através do tato e do som. O sentido da visão vai se aperfeiçoar mais lentamente mas a audição já é bastante desenvolvida ao nascimento. Um bebê com poucos dias de vida já é capaz de reconhecer a voz dos pais e de familiares próximos.

Nas primeiras semanas o bebê já é capaz de levantar a cabeça quando está de bruços. Acompanha com os olhos por pouco tempo o movimento de um objeto brilhante ou de uma pessoa. No final do primeiro mês sorri à aproximação de um rosto. Entretanto se um bebê nesta idade ainda não tem estas habilidades não significa necessariamente que haja algum problema. Há uma grande variação individual que deve ser levada em conta. Em situações especiais a avaliação deve ser ainda mais cuidadosa, por exemplo quando o bebê apresentou algum problema especial ao nascimento.

Na avaliação de um bebê prematuro deve ser descontado o tempo equivalente à prematuridade. Por exemplo, um bebê que nasceu um mês antes do tempo será avaliado aos dois meses como um bebê de um mês de vida, e assim sucessivamente até completar um ano de vida quando esta diferença desaparece

C6- O EXAME DO BEBÊ

Após conversar e obter todas as informações o pediatra examina o bebê. Este exame deve ser completo e minucioso e para isso o bebê deve estar completamente pelado.

Todas as mensurações devem ser feitas: peso, estatura e os perímetros cefálico, torácico e abdominal.

Quanto ao peso, é normal uma perda nos primeiros dias de até 10% do peso de nascimento. Habitualmente esta perda é recuperada por volta do décimo dia de vida. No primeiro mês o bebê deve engordar por volta de 800 gramas e crescer cerca de 4 centímetros no comprimento. O perímetro cefálico (tamanho da cabeça) deve aumentar cerca de 3 centímetros nesse primeiro mês refletindo o crescimento cerebral.

O recém-nascido possui características próprias que costumam causar muitas dúvidas nos pais, principalmente quando se trata do primeiro filho. Vou procurar responder a estas dúvidas ainda neste capítulo no tópico "C7- Perguntas mais freqüentes".

Terminado o exame físico o pediatra fará as anotações necessárias na ficha clínica do bebê inclusive preenchendo o gráfico de desenvolvimento pondero estatural, onde se acompanha através de curvas a evolução do peso, da estatura e do perímetro cefálico.

Um resumo de tudo deve ser anotado no prontuário médico portátil do bebê. Apesar de representar um trabalho a mais para o médico, trata-se de uma iniciativa importantíssima para o paciente, que assim terá posse de todas as anotações referentes à sua saúde, como vimos anteriormente.

A data da próxima visita vai depender das condições da criança. Um bebê saudável que já esteja ganhando peso pode ser visto novamente com um mês de idade. Entretanto em casos de icterícia, prematuridade, ganho de peso insuficiente e outros, as visitas podem ser semanais ou até mais freqüentes.

C7- PERGUNTAS FREQÜENTES DOS PAIS

A seguir as dúvidas e perguntas mais comuns por ocasião da primeira consulta.

1- Meu bebê dorme muito. Isto é normal?

Os recém-nascidos passam a maior parte do tempo dormindo e isto é absolutamente normal. Entretanto alguns necessitam ser acordados a intervalos regulares (de 3/3 horas) para mamar, mesmo durante a noite, caso contrário não ganham peso. (Veja detalhes no capítulo "D - A amamentação).

A melhor forma de acordar o bebê é tirar toda sua roupa, a pretexto de trocá-lo. Desta forma eles despertam bem e mamam melhor.

2- A pele está "descamando" – os problemas de pele.

A descamação da pele é muito freqüente, principalmente nos bebês que nascem no tempo certo. E como se houvesse uma troca de pele. Devido a sua grande sensibilidade outros problemas podem ocorrer. Entre os mais comuns estão as irritações, também chamadas "brotoejas", pequenos caroços vermelhos que podem aparecer em várias partes do corpo. Também é freqüente a miliária, pequenas bolinhas amareladas, de consistência dura e que se localizam no nariz e rosto, como se fossem "espinhas". Ambas dispensam tratamento, na maioria dos casos.

Já o impetigo é uma infecção da pele. Formam-se bolhas amareladas que se rompem com facilidade e vão se espalhando, se não forem tratadas. O tratamento geralmente inclui sabonete anti-séptico e pomadas à base de antibióticos.

São também muito comuns as chamadas manchas mongólicas. São manchas arroxeadas ou azuladas, de tons e tamanhos variáveis que aparecem na região do final da coluna e das nádegas. Não têm nenhum significado especial e geralmente desaparecem nos primeiros anos de vida.

3- Soluços, espirros, obstrução nasal (nariz entupido), cólicas: que chateação!

São sintomas muito comuns nos primeiros meses de vida e que depois desaparecem . Acredita-se que estejam relacionados ao amadurecimento e à adaptação do bebê ao meio ambiente externo.

Os soluços costumam ocorrer em duas situações. A primeira é após as mamadas, quando o bebê está de "barriga cheia". Basta esperar o esvaziamento do estômago (que é muito rápido quando a criança é amamentada ao seio devido à alta digestibilidade do leite materno) e o problema estará resolvido. Os soluços também podem aparecer quando o bebê está com frio (por fralda molhada ou pouca roupa). Neste caso basta trocá-lo ou agasalhá-lo melhor e os soluços desaparecem. Que me desculpem as comadres, mas a "bolinha" de lã vermelha grudada na testa não ajuda em nada...

A presença de espirros também é bastante comum e não significa que o bebê esteja gripado. Não requer tratamento pois não chega a prejudicar o bebê.

Já a obstrução nasal costuma trazer mais incômodo para o bebê e preocupação para os pais. Pode atrapalhar as mamadas e o sono. O ruído produzido pela obstrução nasal é interpretado erroneamente pelos pais como se o peito estivesse cheio de catarro. Na dúvida consulte o pediatra que facilmente esclarecerá.

O tratamento da obstrução nasal é simples e consiste na lavagem das narinas com soluções à base de soro fisiológico. Mas só deve ser usada nos casos em que a obstrução é importante e está atrapalhando muito o bebê. Nos casos mais leves a lavagem das narinas pode incomodar mais que a obstrução...

Uma dica: nos dias muito frios é bom amornar o soro antes de usá-lo pois o liquido frio pode piorar a obstrução nasal. Entre as várias formas de aquecê-lo, a melhor consiste na mãe colocar o vidrinho do remédio entre os seios e deixá-lo ali por algum tempo. Desta forma garante-se a temperatura adequada para ser administrado e que junto com o remédio irá também um pouco do carinho materno... Também é prudente erguer um pouco a cabeça do bebê quando pingar o remédio para evitar que ele se engasgue.

O uso de outros medicamentos do tipo "para desentupir o nariz" deve ser feito somente com prescrição médica e com muito cuidado pois existe o risco de intoxicação do bebê.

Não se deve utilizar aspiradores nasais para retirar a secreção nasal. Eles machucam a mucosa do nariz, que se defende produzindo mais secreção e piorando a obstrução.

De todos estes sintomas o que costuma incomodar mais é a cólica. Sua principal característica é aparecer após o décimo dia de vida e durar em média até o final do terceiro mês. Esta duração pode ser maior ou menor dependendo do bebê. Além disso a cólica tem horário certo para aparecer, geralmente à noitinha. A criança chora desesperadamente, às vezes durante horas seguidas.

O aparecimento das cólicas está diretamente relacionado com o estado emocional dos pais, com o ambiente psicológico da casa. Quando o lar está tranqüilo e a família em paz, o bebê se sente seguro e tem pouca cólica. Quando ao contrário, a família está tensa, insegura, o ambiente carregado, o bebê tem mais dores. Este é o motivo pelo qual o primeiro filho tem mais cólicas que os outros.

Na hora da cólica, algumas medidas podem ajudar, como manter um ambiente calmo e tranqüilo. Evitar visitas excessivas e demoradas. Num quarto silencioso, na penumbra, a mãe deve despir-se e permitir que o bebê, também só de fraldas, sinta o contato com sua pele. Melhor ainda, ele pode deitar-se de bruços sobre a barriga da mãe (ou do pai!).

Outra coisa que pode ajudar no caso das cólicas mais intensas é dar um pequeno passeio ao ar livre com o bebê. O uso de remédios é de pouca ajuda, mas em último caso às vezes acabamos recorrendo a eles.

Raras vezes o choro intenso atribuído à cólica pode ter outra origem, como uma fratura de clavícula ou mesmo uma hérnia. Mas através de um exame minucioso o pediatra pode afastar estas causas.

4- As evacuações

O funcionamento intestinal do bebê também é motivo de muita ansiedade para a família. As primeiras evacuações são constituídas por fezes bem escuras, pegajosas, chamadas Mecônio. Quando o bebê mama no peito o aspecto das fezes nos dias posteriores pode ser o mais variado possível. Desde totalmente líquido (como água) até muito consistente.

No início o número de evacuações diárias pode ser muito grande, praticamente uma a cada mamada. Com o passar do tempo este intervalo vai aumentado. Há bebês que passam a evacuar uma vez por dia, ou a cada dois ou mais dias. Se apesar disso as fezes tiverem consistência normal, não é necessário usar supositórios, laxantes ou qualquer outro tratamento.

Outra preocupação comum é quando as fezes ao invés de amarelas tornam-se verdes. Isto significa apenas que o trânsito das fezes pelo intestino se fez de forma mais rápida, não indicando nenhum problema.

5- Os cuidados com o umbigo- o curativo

O curativo do umbigo deve ser feito três a quatro vezes por dia, limpando-o com álcool a 70%, produto encontrado nas farmácias. Basta levantar o coto umbilical e limpar bem por baixo dele, usando hastes flexíveis com algodão embebidas no álcool. Nos primeiros dias a flexibilidade do coto facilita o trabalho. Após dois ou três dias o coto umbilical torna-se mumificado, rígido, dificultando o curativo.

Cem por cento das mães têm medo de manipular o coto e não fazem corretamente o curativo. Temendo infundadamente machucar a criança, acabam por expô-la ao risco de uma infecção umbilical por falta de uma boa limpeza do local.

Pequenos sangramentos no umbigo, que sujam um pouco a fralda, são normais e não devem preocupar. Não é necessário usar gazes ou faixas para cobrir a região.

Quando o curativo é bem feito e o cordão não é muito grosso, o coto costuma cair por volta de sete dias de vida. Após a queda deve-se continuar passando o álcool a 70% por mais alguns dias.

As vezes a cicatrização após a queda não se dá completamente e forma-se um tecido chamado granuloma, que é alto, avermelhado e sangra com facilidade. Para tratá-lo bastam geralmente uma ou duas aplicações de nitrato de prata em bastão, procedimento feito pelo pediatra no próprio consultório.

Quando apesar dos cuidados (ou por falta deles) ocorrem infecções, usam-se antibióticos por via oral ou em forma de pomada.

Outro problema que pode surgir é a hérnia umbilical, que não tem relação com o curativo, pois a criança já nasce com ela. Caracteriza-se por um abaulamento do umbigo que aparece quando a criança chora. Geralmente só é percebida algum tempo após a queda do coto. Não requer tratamento, pois se resolve espontaneamente. O uso de faixas ou moedas é absolutamente desnecessário, e pode até ser prejudicial, pois podem causar grandes irritações na pele e até infecções.

6- Banho-quando?

O banho pode ser dado desde o nascimento. Ao contrário do conceito popular, não é necessário esperar pela queda do coto umbilical. Basta fazer um bom curativo após o banho, secando bem a região e limpando com álcool a 70%.

O melhor sabonete é o de glicerina, neutro. Não é necessário usar xampu.

Sempre experimentar a temperatura da água (com as costas das mãos, mais sensíveis) antes de colocar o bebê na banheira. Colocar por perto tudo que será necessário, e ignorar o telefone ou a campainha.

Quando a casa recebe água de boa qualidade, tratada e a caixa d'água está limpa, não é necessário fervê-la para o banho.

7- Olhos remelando – conjuntivite?

Existem diversas causas para este sintoma, muito comum nos recém-nascidos. A mais freqüente deve-se ao método de credeização, que consiste em pingar colírio de nitrato de prata para prevenção da conjuntivite gonocóccica. Como conseqüência pode haver uma conjuntivite química, com o aparecimento de secreção ocular. Bastam lavagens freqüentes com soro fisiológico para resolver o problema. Mas podem ocorrer também as conjuntivites bacterianas e neste caso a quantidade de secreção geralmente é bem maior, sendo necessário o uso de colírio a base de antibiótico, prescrito pelo pediatra.

Uma terceira possibilidade, também comum, é um estreitamento temporário do canal que drena as lágrimas dos olhos para o nariz, e que fica localizado junto ao canto interno do olho, na pálpebra inferior. Ocorre geralmente em um só olho, ao contrário das conjuntivites que costumam ser bilaterais. O sintoma mais comum é um lacrimejamento constante do olho, podendo haver secreção purulenta. Para desentupir esse canal é necessária uma massagem na região, orientada pelo pediatra. Este problema pode melhorar e depois reaparecer várias vezes durante os primeiros meses e só se curar completamente com o tempo, ao redor de 1 ano de idade. Raramente é necessária a cirurgia.

8- Trocando as fraldas - A higiene do períneo (região das fraldas)

A região do períneo (onde ficam as fraldas) é muito delicada e sujeita a ficar abafada, úmida, quente e ainda em contato com fezes e urina. Por este motivo são muito comuns as assaduras. Este é um termo genérico que engloba uma série de problemas que podem ocorrer ali, como a dermatite amoniacal (causada pela urina) ou a monilíase (uma infecção por fungos), entre outras.

Além disso, alguns produtos usados para a higiene dessa região também podem causar irritações. Assim, o melhor é procurar deixar o bebê sempre seco, trocando-o o mais rápido possível após evacuar ou urinar. Para a limpeza da região usar apenas água morna, lavando bem e secando em seguida, sem esfregar. O uso de um creme protetor ajuda a prevenir problemas, e seu pediatra poderá indicar um.

Se surgirem assaduras, uma forma simples e eficaz de tratá-las é aproveitar o horário do banho de sol, e deixar que este incida diretamente sobre o períneo, durante uns 5 minutos. O sol é um antibiótico natural e pode eliminar muitas assaduras. Este é mais um dos inúmeros efeitos benéficos do sol no organismo humano. Deixar a criança o máximo possível sem fraldas também ajuda.

Nos casos mais severos, será necessário o uso de medicamentos específicos, que seu pediatra orientará.

9- A limpeza do ouvido

Para esta limpeza pode-se usar as hastes flexíveis com algodão, mas somente para limpeza das dobrinhas externas das orelhas. Nunca limpar dentro dos ouvidos pois a cera neles existente tem uma função de proteção. A tentativa de retirá-la é desnecessária e prejudicial.

10- Os genitais- menino e menina

Limpeza, sangramentos, fimose, hérnias

A região dos genitais traz sempre preocupação para os pais. São dúvidas em relação às características da região e à sua limpeza. As famílias têm dificuldade em saber o que é normal e o que não é.

No menino, o prepúcio é firmemente aderido à glande. Isto não significa fimose, que só pode ser diagnosticada após alguns meses. No primeiro mês basta limpar externamente o genital nas trocas de fraldas e no banho. A partir do segundo mês, muitos pediatras recomendam uma manobra delicada de descolamento progressivo do prepúcio.

Existem algumas alterações que podem aparecer no saquinho do recém-nascido. A hérnia inguinal ou escrotal caracteriza-se por um abaulamento na região que surge quando a criança chora, e desaparece quando o choro cessa. Este tipo de hérnia só se resolve com cirurgia, que pode ser programada para quando o bebê tiver mais peso, por volta de uns 10 quilos. Entretanto, se a hérnia ficar encarcerada (o abaulamento não desaparece quando o choro cessa), é preciso consultar imediatamente o médico, pois poderá ser necessária uma cirurgia de emergência.

Outro problema é a hidrocele, um acúmulo de água no saquinho que o deixa maior e mais cheio. Na maioria dos casos a cura é espontânea, mas as vezes é necessária uma cirurgia para sua correção.

Em alguns meninos um ou os dois testículos podem não estar presentes no saquinho ao nascimento, deixando-o vazio. Isto pode ser normal, principalmente nos primeiros dias de vida e se corrigir espontaneamente. Mas pode também ser permanente e neste caso um tratamento com hormônios poderá resolver o problema. Se isto não ocorrer, uma cirurgia deve ser feita oportunamente.

Na menina, a maior preocupação dos pais é em relação à limpeza. É claro que não se deve limpar internamente a vagina, mas a região entre os grandes e pequenos lábios pode e deve ser lavada retirando-se com cuidado eventuais sujeirinhas ali existentes. A saída de secreção, geralmente branca, pela vagina da menina recém-nascida é absolutamente normal. Pequenos sangramentos vaginais que ocorrem nos primeiros dias de vida também costumam preocupar os pais, mas são normais.

Também pode acontecer que os pequenos lábios vão progressivamente se colando, de baixo para cima, chegando a fechar quase completamente a vagina. É um problema chamado sinéquia dos pequenos lábios e para sua correção o pediatra indicará massagens e uso de cremes. Raramente é necessário o tratamento cirúrgico.

11- Trocar a fralda antes ou após a mamada?

Os bebês nascem com um reflexo chamado gastro-cólico. Quando o estômago se enche, a criança evacua. Assim a tendência do bebê é de evacuar após cada mamada. O ideal portanto é efetuar a troca após a mamada, para evitar que ele fique muito tempo sujo, prevenindo desta forma as assaduras. Exceto se o bebê for muito "dorminhoco" e quisermos despertá-lo para mamar melhor.

12- Meu bebê trocou o dia pela noite. Dorme o dia todo e fica acordado a maior parte da noite. Como fazer para regularizar seu sono?

Esta também é uma situação muito comum, e que deve ser corrigida, para o bem estar do bebê e de seus pais. E a melhor forma é procurar mantê-lo acordado mais tempo durante o dia. Assim ele vai acumulando sono que o fará dormir melhor durante a noite. A melhor forma de acordar o bebê é tirar toda a roupa dele.

13- Os bebês precisam ser bem agasalhados? Quanto de roupa deve ser colocada no bebê?

Os recém-nascidos têm dificuldade em manter a temperatura corporal e por este motivo sentem um pouco mais de frio do que um adulto, na mesma temperatura ambiente. Assim, tomando por base a quantidade de roupa que os adultos estão usando num determinado momento, o bebê precisará de um pouco mais para manter-se aquecido.

Para saber se a roupa está apropriada basta pegar nas mãos do bebê. Se elas estiverem frias significa que ele necessita de mais roupa. E se ele estiver transpirando, principalmente com os cabelos molhados em torno das orelhas, significa que ele está agasalhado em excesso.

14- O bebê está com a pele amarelada. O que significa?

Esta é a chamada icterícia. Ela aparece devido a um acúmulo no sangue do bebê de uma substância amarelada chamada bilirrubina, que pode se depositar em vários tecidos do organismo. Nos locais visíveis como a pele e os olhos, fica evidente a cor amarelada. As causas são variadas e a mais comum é a fisiológica (natural ou normal). O seu tratamento, muito simples é o banho de sol, em casa.

Tratamentos tradicionais prescritos pelas comadres, como tomar água mineral ou o uso de banho de picão são completamente inócuos. Na verdade a icterícia fisiológica desaparece sozinha, e o banho de sol apenas apressa a cura.

O pediatra deve acompanhar atentamente os bebês com icterícia, principalmente quando ela demora a desaparecer, passando de dez ou quinze dias de vida. Nestes casos, a realização de exames complementares pode ser necessária.

A icterícia pode ter outras causas, como a incompatibilidade sangüínea entre mãe e filho. Veja mais detalhes sobre isso no capítulo "E - Bebê prematuro/UTI - Neonatal / E8 - A icterícia".

15- Já enxerga?- Cor olhos/ estrabismo

Quanto mais se estuda a visão dos recém-nascidos, mais se percebe que eles enxergam melhor do que se imaginava há poucos anos atrás. São capazes de distinguir cores e formas, mas a capacidade de fixar a visão e de focalizar perfeitamente os objetos só virá com o passar dos primeiros meses. Ao final do primeiro mês o bebê já é capaz de acompanhar com os olhos a trajetória de um objeto diante de seu rosto.

Uma dúvida freqüente dos pais refere-se à cor dos olhos, mas esta só irá se definir totalmente por volta do quarto mês de vida. A cor ao nascimento geralmente é um pouco mais clara que a cor definitiva.

Até o sexto mês também é comum o estrabismo fisiológico (normal). É uma situação em que os olhos perdem seu eixo paralelo momentaneamente e ficam estrábicos, voltando ao normal em seguida.

16- Pernas tortas/ pés tortos

Os bebês geralmente têm as pernas arqueadas, chamadas pernas em "O" ou de "vaqueiro", o que é normal. Só com o tempo é que elas vão ficar "retinhas".

Bebês que ficaram sentados (em posição pélvica) durante a gestação podem apresentar durante algum tempo as pernas bem abertas, como um "sapo".

Os bebês também podem nascer com os pés tortos. O pé torto pode ser falso ou verdadeiro. O falso é devido à posição do bebê dentro do útero, e se resolve sozinho com o tempo. Já o pé torto verdadeiro só é corrigido cirurgicamente.

17- Acho meu bebê muito barrigudo- isto é normal?

A maioria dos bebês têm o abdômen saliente nos primeiros meses de vida. São um pouco "barrigudinhos" e isto é normal.

18- Os cabelos do bebê estão caindo

A queda de cabelos é muito comum nos primeiros meses. Pode ser parcial ou mesmo total e apesar de trazer muita preocupação à família, é um fato normal. Os (lindos) cabelos do bebê crescerão novamente.

19- A urina avermelhada- será sangue?

Nos primeiros dias a urina do bebê pode ocasionalmente sair vermelha, como se estivesse misturada com sangue. Na verdade esta cor se deve a presença de um tipo especial de cristais e não ao sangue. Uma forma simples de comprovar isto é jogando água na mancha avermelhada da fralda. A mancha causada pelos cristais sai facilmente, o que não acontece com o sangue. Trata-se de um fato normal e passageiro.

20- Quando o bebê pode sair para passear?- Pode sair antes de tomar a primeira vacina?

Um bebê saudável pode e deve sair para passeios curtos ao ar livre já nos primeiros dias de vida. Basta observar os horários recomendados para exposição ao sol. Evitar locais fechados, abafados, muito barulhentos ou com muita gente.

O conceito popular de que o bebê só pode sair depois de tomar a primeira vacina é falso. E além do mais, um passeio breve pode ser um excelente remédio para as cólicas.

21- Para que serve o teste do pezinho? Deve ser feito durante a internação na maternidade?

Este teste consiste em um exame de sangue para triagem de erros metabólicos congênitos. Sua solicitação é obrigatória pelo estatuto da Criança e do Adolescente.

Para garantir um resultado confiável o ideal é que seja realizado após 72 horas de vida, quando o bebê já está mamando bem. Por este motivo sua coleta geralmente é feita após a alta hospitalar. Através de uma "picadinha" no calcanhar são colhidas em papel especial três gotinhas de sangue, que são enviadas para o laboratório.

No teste básico ou tradicional são pesquisadas duas doenças, o hipotireiodismo e a fenilcetonúria. A primeira refere-se a um mau funcionamento da glândula tireóide (que fica no pescoço). Para seu tratamento pode ser necessário o uso de remédios. Na segunda, o organismo da criança não consegue aproveitar uma substância chamada fenilalanina, presente em muitos alimentos. Para tratá-la é necessária uma dieta especial sem fenilalanina. Ambas, se não tratadas, podem acarretar vários problemas, entre eles um comprometimento do desenvolvimento neuro-psico-motor do bebê.

Alguns laboratórios realizam com a mesma amostra um número maior de testes, pesquisando outras doenças congênitas. Como por exemplo a fibrose cística, um mau funcionamento de algumas glândulas que pode ocasionar problemas pulmonares, diarréias e déficit no crescimento. Este é o teste do pezinho plus no qual mais de 20 doenças congênitas são pesquisadas.

O resultado demora por volta de 30 dias para chegar, mas se houver algum problema com o exame os pais são avisados antes deste prazo.

As doenças metabólicas são raras, mas devem ser diagnosticadas e tratadas precocemente para evitar danos ao desenvolvimento da criança.

Embora um resultado normal neste teste seja recebido pelos pais como uma garantia de que seu bebê não tem e não terá nenhum problema neurológico ou intelectual, isto não é verdadeiro. O teste do pezinho normal não afasta a possibilidade de ocorrer deficiência mental ou comprometimentos neurológicos por outras causas, genéticas ou adquiridas. Também não diagnostica as síndromes genéticas, como por exemplo a síndrome de down.

Só o acompanhamento de rotina realizado pelo pediatra pode atestar a saúde do bebê

22- Aumento dos seios

Alguns bebês nascem com as glândulas mamarias aumentadas, podendo haver a saída de uma secreção esbranquiçada, leitosa. Este fato independe do sexo do bebê e é causado pela passagem dos hormônios maternos para a criança através da placenta. Jamais se deve espremer estas glândulas pois isto além de desnecessário e doloroso pode ser prejudicial, provocando o aparecimento de abscessos de difícil tratamento.

Trata-se de uma situação normal e passageira que desaparece rapidamente com a eliminação dos hormônios. Nenhum tratamento é necessário.

23- Devo dar chupeta para meu filho?

Os bebês não necessitam de chupetas, com raras exceções.

E a primeira exceção é a dos bebês que têm uma necessidade de sucção exagerada. Geralmente são meninas, que nascem com peso normal ou até elevado. Elas mamam o tempo todo e depois vomitam. Apesar disso sua curva de ganho de peso é acima do normal.

Nesta situação recomenda-se o uso de chupeta na tentativa de satisfazer a necessidade de sucção da criança, sem que ela mame excessivamente. O bebê deve ser colocado despido diretamente em contato com a pele da mãe na hora de mamar, procurando mantê-lo bem tranqüilo.

A outra exceção, menos comum, é dos bebês que devido a problemas especiais têm flacidez da musculatura da boca ou da língua. A chupeta obriga a criança a exercitar estes músculos fortalecendo-os, como se fosse uma fisioterapia. Em ambos os casos deve ser dada preferência à chupeta ortodôntica.

Fora destas exceções, deve-se evitar ao máximo o uso de chupeta pois além de ser desnecessária pode tornar-se prejudicial. Os bebês que mamam o peito são geralmente os que menos gostam de chupeta.

24- E o bebê que chupa o dedo?

Este bebê também está suprindo uma necessidade de sucção. Ao contrário da chupeta, aqui nada pode ser feito para impedi-lo. Se serve como consolo, dizem os livros que as crianças que chupam o dedo são em geral mais tranqüilas e inteligentes do que as que usam chupeta.

25- Um recém-nascido pode viajar?

Antes de tudo é necessário observar as normas de segurança aplicáveis. No caso de viagens de carro, usar cesto apropriado bem preso pelo cinto de segurança, sempre no banco de trás.

Nos trechos de serra, um cuidado adicional deve ser tomado. O bebê deve ser amamentado, pois o ato de sugar evita que os ouvidos fiquem tampados e venham a doer.

É bom lembrar que a Infraero, empresa que administra os aeroportos brasileiros, contra-indica as viagens de avião nos primeiros sete dias de vida do bebê.

26- Limpeza da boca após as mamadas

A boca do bebê deve ser limpa após cada mamada (mesmo as noturnas). Para isso pode-se usar uma ponta de fralda embebida em água morna.

Esta limpeza traz vários benefícios como por exemplo evitar o "sapinho". Mas o mais importante é o de criar um hábito que será de fundamental importância na prevenção de cáries e manutenção de uma saúde bucal perfeita para o bebê.

27- O que é o "Sapinho"?

O "sapinho" é uma infecção da boca causada por um fungo chamado monília. Por isto o "sapinho" é também chamado de monilíase oral. Este fungo existe em toda parte, como o ar, as mãos e também a boca das pessoas.

Normalmente ele vive em equilíbrio com o organismo humano e só vai causar doença se houver uma queda da imunidade. E é exatamente o que ocorre com o recém-nascido, que tem poucas defesas contra as infecções.

Caracteriza-se pelo aparecimento de manchas brancas, cremosas, sobre uma base avermelhada e que podem atingir as gengivas, bochechas, céu-da-boca e a garganta. Não se deve confundir o "sapinho" com as "pérolas de Epstein", algumas bolinhas brancas e duras que aparecem no céu-da-boca do recém-nascido e que são normais.

O tratamento mais moderno consiste na administração de medicamentos por via oral e dispensa limpezas enérgicas e traumáticas da boca. Bicos de chupeta ou mamadeira e todos os objetos que entrarem em contato com a boca do bebê devem estar sempre bem limpos, lavados e fervidos.

28- Qual a melhor forma de dar remédio para o bebê?

A maneira mais segura consiste em colocar a quantidade prescrita em uma colher e administrá-la diretamente na boca do bebê. Com isto evita-se o risco de uma dosagem errada. No caso de medicamentos de uso diário é muito útil associar o ato de administrar o remédio com alguma atividade diária obrigatória. Por exemplo, dar o remédio sempre antes do banho do bebê. Isto cria um hábito e diminui a possibilidade de um esquecimento.

29- Como saber se um recém-nascido está bem? Quais os sinais de alerta que podem indicar algum problema?

Pode-se supor que um bebê está bem quando encontra-se ativo, sugando o seio com força e movimentando-se bem quando acordado. Embora muitos recém-nascidos durmam a maior parte do tempo, costumam acordar e ficar ativos durante alguns minutos ao serem despidos para troca de roupa ou fralda. Urinar bastante, molhando bem as fraldas várias vezes por dia também é indicativo de uma boa situação.

Já um bebê que suga mal o peito, com sucção fraca, e que está "paradinho", sem atividade, pode estar apresentando algum problema. Na dúvida, consulte seu pediatra.

30- O bebê que vomita após as mamadas- a regurgitação

É normal que o bebê devolva uma pequena quantidade de leite após as mamadas. Isto se chama regurgitação e sua intensidade varia para cada criança, havendo também aquelas que não regurgitam.

A regurgitação pode ter diversas causas. A mais comum delas deve-se à maneira como o bebê pega o peito. O ideal é que ele coloque dentro da boca toda a parte escura do seio (a aréola) e não apenas o bico. Desta forma garante-se uma boa pega e uma boa mamada evitando que o bebê engula muito ar. O ar deglutido em excesso ao sair do estômago (pela boca) traz consigo o leite, provocando a regurgitação. No caso da mamadeira, ela deve ficar sempre bem levantada (quase em pé) de forma que a região do bico esteja sempre preenchida totalmente com leite. O líqüido deve apenas gotejar e não jorrar.

É importante tentar fazer o bebê arrotar após a mamada. Para isso basta colocá-lo em pé junto ao tórax, com as costas voltadas para a frente, como se ele estivesse olhando por cima do ombro de quem o carrega. Com uma das mãos dá-se uns tapinhas leves e repetidos nas costas do bebê, durante alguns minutos para forçar a saída do ar eventualmente engolido.

Entretanto, é bom lembrar que não é obrigatório que o bebê arrote, já que numa mamada com boa técnica pouco ou nenhum ar é engolido e não há o que arrotar. Ao colocar o bebê para dormir após a mamada, deitá-lo sempre de lado para evitar que uma regurgitação se transforme em uma sufocação.

Outra causa de regurgitação, menos freqüente que a anterior é devida ao mau funcionamento de uma válvula que existe na entrada do estômago chamada cárdia. Normalmente esta válvula se fecha após a passagem do alimento, impedindo sua volta para a boca através do esôfago. Entretanto, em algumas crianças a válvula não funciona bem e permanece aberta mesmo com o estômago cheio. Assim que a criança se deita ou quando a pressão abdominal aumenta (p. ex. por tosse) a criança regurgita. Se a regurgitação tiver um volume maior passa a se chamar vomito. Esta situação chama-se refluxo gastro-esofágico e pode prejudicar o ganho de peso e causar problemas respiratórios no bebê.

É necessário um tratamento que pode incluir medicamentos, alterações na alimentação e na posição para dormir. Este problema geralmente melhora com o passar dos meses e desaparece por volta de um ano de idade.

Uma terceira causa, bem menos comum, ocorre devido a um outro problema. Trata-se de um estreitamento que surge na saída do estômago numa região chamada piloro. Esta doença chama-se estenose hipertrófica do piloro e é hereditária, o que significa que pode haver outros casos na família. Ela ocorre com muito mais freqüência em meninos primogênitos. Caracteriza-se por vômitos que se iniciam por volta de 21 dias de vida e que vão piorando gradativamente. Pode levar à desnutrição e à desidratação e seu tratamento é cirúrgico, em geral com ótimos resultados.

Existem ainda muitas outras causas de vômitos no recém-nascido. Seu pediatra poderá diferenciar entre todas elas recorrendo se necessário a exames complementares.

31- A respiração rápida/ coração rápido

Nos primeiros dias de vida é normal que o bebê intercale longos períodos de respiração tranqüila com curtos episódios de respiração mais acelerada. Isto não é motivo para preocupação. Porém se a respiração se mantiver continuamente acelerada, o bebê deverá ser examinado para se verificar se há algum problema. A freqüência dos batimentos cardíacos dos recém-nascidos também é mais rápida, por volta de 120 por minuto.

32- Como medir a temperatura do bebê?

A maneira mais comum de medir a temperatura dos bebês no Brasil é através da temperatura axilar. Os melhores termómetros são os digitais que têm a vantagem de serem mais rápidos e precisos e hoje ja estão mais baratos. Um cuidado a ser tomado é secar bem axila antes de colocar o termómetro e deixar o bebê sem roupas durante alguns minutos.

33- Um recém-nascido pode ter febre?

Considera-se a temperatura axilar como normal até 37 graus centígrados. Acima disso chama-se febrícula, e a partir de 38 graus febre propriamente dita.

É muito raro que o recém-nascido tenha febre mesmo na presença de infecções. Porém, nos primeiros dias de vida, quando a amamentação ainda não está bem estabelecida, é comum que um bebê muito agasalhado apresente temperatura entre 37 e 38 graus.

Para que se possa medir a temperatura com mais exatidão é necessário deixar o bebê peladinho durante alguns minutos. Se mesmo assim a temperatura continuar acima dos 37 graus deve-se dar um pouco de água, usando-se para isso uma colherinha, jamais chuca ou mamadeira! Isto é muito importante especialmente para aqueles que vivem em regiões muito quentes, particularmente nos meses de verão.

34- Por que o bebê chora? As causas de choro.

O choro é a única linguagem de que o bebê dispõe para se comunicar com as pessoas. As causas de choro são muito variadas, mas as principais são a fome e o fralda molhada. Como diz minha sogra, "um bebê com a barriga cheia e o bumbum limpo já está 90% resolvido". Os outros 10% podem incluir as cólicas, calor ou frio, reatividade ao ambiente, personalidade do bebê e outras dores.

No início pode parecer tudo igual, mas cada causa pode provocar um choro diferente. Em pouco tempo a mãe aprende a diferenciar as causas do choro de seu bebê e pode atendê-lo na sua necessidade específica.

35- Meu bebê chora pouco!? Isto é normal?

Alguns pais se preocupam porque seu bebê chora pouco. Entretanto, se um bebê está bem, não há razão para se preocupar, já que não há lei que o obrigue a chorar. Pelo contrário, agradeça a Deus a sorte de ter um bebê calminho...

36- Meu bebê as vezes dá um pulo, como se tivesse levado um susto. Isto é normal?

Este "susto" é causado pelo reflexo de Moro, também chamado reflexo do abraço. Ele pode aparecer quando o bebê recebe algum estímulo súbito. Sua presença traduz a imaturidade normal do sistema nervoso do recém-nascido. Existem ainda outros reflexos característicos do recém-nascido mas normalmente todos desaparecem até o terceiro mês de vida.

Tremores ou abalos musculares isolados, que aparecem geralmente durante o sono também são normais. Entretanto se forem constantes, repetitivos ou muito intensos, procure seu médico, para que sejam investigados alguns problemas que podem causá-los, como os distúrbios metabólicos. (Veja detalhes no capítulo "E - Bebê prematuro/A UTI neonatal / E5- distúrbios metabólicos")

37 – Devo telefonar para o pediatra quando tiver dúvidas?

Se suas dúvidas puderem esperar, anote-as e faça uma lista para levar na próxima consulta. Se não, procure observar o bom senso e ligar de preferência para o consultório durante o horário comercial. Se ele não puder atender imediatamente (pois geralmente está em consulta) deixe seu número que ele retornará a ligação assim que possível. Se demorar um pouco, tenha paciência: todo pediatra termina seu dia no consultório com uma lista de telefonemas para dar...

Antes de ligar, tenha à mão papel e lápis para anotar as instruções ou eventuais medicamentos prescritos.

Outra coisa importante: identifique-se com seu nome completo, bem como de seu bebê e procure citar algum fato que ajude seu médico a se lembrar de seu filho. Isto é necessário porque geralmente há muitos bebês com o mesmo nome, seguindo a "moda" do momento. Além do mais, no caso de um recém-nascido ainda não houve tempo do pediatra se habituar ao bebê ligando o nome com a criança. É muito difícil atender o telefone e ouvir apenas "aqui é a mãe do Mateus", quando você tem muitos Mateus como pacientes...

Quando se trata do primeiro filho é normal que haja muitas ligações. No segundo filho os telefonemas geralmente diminuem, e a partir do terceiro filho, quando a mãe liga é porque o caso é sério! Esta brincadeira ilustra o fato de que a insegurança e desinformação são normalmente maiores no primeiro filho e diminuem naturalmente com a experiência adquirida com o aumento da família.

38- Como lidar com os palpites de avós, familiares, comadres, etc.?

Com diplomacia e tato. Muitos familiares, movidos pelas melhores intenções, julgam-se no direito de dar opiniões e até de impor normas de conduta aos pais do bebê. Como as famílias têm formações e experiências de vida diferentes é comum ocorrer um choque cultural com opiniões divergentes sobre o que é melhor para o bebê.

As vezes há sabedoria nos conselhos familiares, mas em outras trata-se apenas de absurdas crendices. E como os pais poderão diferenciar uma coisa da outra?

É muito difícil. O melhor é fazer a política da boa vizinhança ouvindo o que é dito, mas sem necessariamente seguir o conselho. Ou seja, entra por um ouvido e sai pelo outro.
Em resumo: ouça, mas antes de fazer qualquer coisa consulte seu médico!

39- O que é a moleira do bebê? Porque as vezes ela fica baixinha, ou então fica pulsando?

Existem duas "moleiras" (ou fontanelas, que é o nome científico). Uma na parte da frente da cabeça e outra menor, na parte de tras. São espaços abertos entre alguns ossos do crânio, cuja função é permitir o crescimento do cérebro e portanto da cabeça. O exame da fontanela tráz muitas informações importantes ao pediatra, através da analise do seu tamanho e da sua "tensão". A fontanela normal é plana ou ligeiramente baixa, podendo pulsar ou não. Uma fontanela muito baixa pode significar que o bebê necessita tomar liquido; ja a fontanela abaulada (formando um "calombo" para cima) pode significar problemas mais sérios, principalmente se acompahada de sintomas como febre ou vómitos. A fontanela posterior pode ja estar fechada ao nascimento ou fechar nos primeiros meses de vida. A anterior fecha ao redor de 1 ano de idade. O crescimento do crânio é acompanhado mensalmente pelo pediatra no primeiro ano de vida, através da medida do perímetro cefálico.

 

D- A AMAMENTAÇÃO

D1- PRINCÍPIOS DA AMAMENTAÇÃO

Amamentar é alimentar e amar

Amamentar é provavelmente a mais importante iniciativa que uma mãe pode tomar a favor de seu filho durante toda sua vida. E também a mais forte prova de amor por ele.

D2- VANTAGENS

As mães sabem que os pediatras insistem na importância de as crianças serem amamentadas no peito. Isto porque o leite materno tem inúmeras vantagens.

É pratico, pois está sempre pronto e disponível para o bebê na temperatura certa. Dispensa aparatos- nada de mamadeiras para lavar e esterilizar. Nada de equipamentos para carregar (esterilizadores, aquecedores, etc.), de panelas ou fogões para limpar. Nada de sair de madrugada para percorrer farmácias e supermercados a procura daquele caríssimo leite de vaca "parecido com o leite materno"...

O leite materno é grátis, e não falta nunca. É totalmente apropriado, produzido pela mãe natureza especificamente para uso dos recém-nascidos da espécie humana. É o único alimento que deve ser dado ao bebê até o sexto mês de vida. Nada mais é necessário, nem chazinhos de espécie alguma.

O bebê que mama o peito está protegido contra as alergias respiratórias (rinites, bronquites) e de pele (como os eczemas). Mesmo que haja outras pessoas com alergia na família. Além disso, leite materno tem um papel fundamental no desenvolvimento das defesas imunológicas do bebê, protegendo-o contra os mais diversos tipos de infecções e doenças.

Crianças que mamam no peito têm muito menos doenças e a taxa de mortalidade entre elas é muito menor do que nas que tomam outro leite. Os estudos mais recentes mostram que até mesmo algumas doenças degenerativas da idade adulta (como diabetes ou câncer) incidem muito menos nas pessoas que mamaram o peito quando bebês.

Já os bebês que mamam leite de vaca têm muito mais alergias respiratórias (rinites, bronquites), diarréias e outras doenças. E é bom lembrar, pois muita gente esquece: leite em pó também é leite de vaca!

Outra vantagem: a mãe que amamenta tem uma chance muito menor de ter câncer no seio ou nos ovários.

D3- SATISFAÇÃO E REALIZAÇÃO

Embora haja quem diga que a amamentação escraviza a mulher, isto não é verdade. Nos primeiros dias é necessária uma dedicação maior, mas em pouco tempo a situação se normaliza e a mãe passa a ter tempo para todas as suas atividades. A amamentação oferece à mãe a oportunidade de se realizar integralmente como mulher, em todas as suas dimensões. A mãe que amamenta completa todas as facetas da sua sexualidade como fêmea.

A importância psicológica da amamentação é enorme. A ligação entre mãe e filho torna-se muito forte. E as pesquisas comprovam: crianças amamentadas são mais inteligentes!

D4- OS INIMIGOS DO ALEITAMENTO

Se o leite materno é assim tão bom, então por que muitas mães não amamentam?

Por vários motivos. Principalmente por desconhecerem as vantagens e por não se prepararem adequadamente para as dificuldades que podem surgir.

Há várias décadas a amamentação deixou de ser um ato natural, passado de mãe para filha. Ao contrário, na TV e no cinema, dar leite de vaca através da mamadeira passou a ser mais valorizado do que dar o peito.

Por razões culturais, muitas mães passaram a ter vergonha de amamentar. Por (falsas) razões estéticas muitas mães, com medo de queda dos seios, deixaram de amamentar. Mas o peito que tiver que cair, cairá independentemente da amamentação, já que isto é definido por fatores genéticos.

Muitas mães também têm medo de não ter leite, e de não conseguir amamentar. Perdeu-se a noção da importância da amamentação. E perdeu-se o jeito de amamentar! Uma boa parte da atual geração de avós não amamentou seus filhos. E agora não sabe ensinar suas filhas a fazê-lo. Essas avós precisam fazer por seus netos, o que não puderam fazer por seus filhos. Ajudar a mãe a dar o peito, a dar a seus netos uma saúde de ferro.

O aleitamento tem muitos inimigos. A mamadeira é o maior deles. E também as avós e comadres desinformadas que ao primeiro choro declaram que o leite materno está fraco e insistem para que a mãe dê mamadeira ao bebê. Também são inimigas as mães desmotivadas que desistem na primeira dificuldade. E também os profissionais despreparados que não sabem dar à mãe a orientação e o apoio de que ela necessita.

Não existe leite fraco! Toda mãe pode e deve amamentar, e o preparo para a amamentação deve começar ainda durante o pré-natal. Conversar com o pediatra e com o obstetra, fazer exercícios para preparar o seio, ler sobre o assunto, fazer um curso de preparação de pais, são iniciativas fundamentais. Também é importante conversar com outra mãe que já tenha amamentado com sucesso. Todo tempo investido no preparo para a amamentação, será plenamente recompensado pela facilidade para amamentar e ter uma criança muito sadia.

As vezes na prática diária nos deparamos com mães que não se prepararam adequadamente para a amamentação. Apesar de se esforçarem após o nascimento do bebê, não conseguem amamentar. Isto nos deixa tristes, porém pelo menos sabemos que houve um esforço nesta tentativa. O que entristece profundamente um pediatra é ver uma mãe desistir sem nenhum empenho, na primeira dificuldade que surge. Isto porque as dificuldades iniciais que eventualmente aparecem podem ser superadas com um pouco de dedicação, força de vontade e persistência. A recompensa vem logo e vale a pena!

Amamentar é alimentar e amar, é o melhor presente que uma mãe pode dar a seu filho em toda sua vida.

D5- EXERCÍCIOS PARA OS MAMILOS

A preparação dos seios deve começar ainda durante o pré-natal. Geralmente o obstetra ensina a gestante a fazer alguns exercícios para o preparo dos mamilos. Estes exercícios podem ser reforçados pelo pediatra na entrevista durante o pré-natal.

O objetivo é de fortalecer os mamilos e torná-los aptos para sua função. Muitas mães possuem os mamilos total ou parcialmente invertidos (bico para dentro). Através dos exercícios eles ficam liberados para que o bebê possa abocanhá-los com facilidade.

Outro objetivo é o de "calejar" os mamilos. Por se tratar de uma região de muita sensibilidade é necessário que a pele dos mamilos esteja mais forte para não se romper e causar rachaduras. Um mamilo bem "calejado" evita que a mãe sinta dor ao amamentar. Esta dor é comum (mas pouco confessada) e ocorre quando a mãe não se prepara corretamente e leva muitas a desistirem de amamentar.

Os exercícios devem ser realizados diariamente, de forma sistemática. Mas sem exageros para não terem efeito contrário e ao invés de fortalecerem, traumatizarem a região.

Os exercícios são:

a- Durante o banho não usar sabonete para lavar os mamilos, só água. Esfregá-los levemente com uma bucha ou esponja macia.

b- Cortar uma rodela na ponta do sutiã abrindo uma janela para que os mamilos fiquem em contato direto com a roupa. O roçar leve e constante ajudará a fortalecê-los.

c- Banho de sol diretamente nos seios, durante 15 minutos, antes das 10 ou após 15 horas. Caso não seja possível pode ser usada uma lâmpada comum de 40 ou 60 watts colocada a 30 centímetros de distância dos seios, pelo mesmo período.

d- Usando 3 dedos, puxar o bico para fora, o máximo possível, sem causar dor. Iniciar com 10 movimentos e aumentar gradativamente até chegar à 50 vezes em cada lado, uma vez por dia.

e- Colocar os dois polegares próximos a um mamilo, um acima e outro abaixo e puxar, um dedo para cima e o outro para baixo, durante alguns minutos.

Em seguida colocar os polegares ao lado desse mamilo e puxar, um dedo para a direita e o outro para a esquerda. Fazer nos dois seios e repetir 2-3 vezes por dia 

D6- QUANDO INICIAR

O aleitamento deve se iniciar o mais cedo possível, idealmente ainda na sala de parto, como já dissemos. Embora os bebês geralmente já possuam um reflexo de sucção, eles têm de aprender a mamar, assim como a mãe vai aprender a amamentar. Portanto, há um período natural de adaptação mútua que pode durar horas ou dias.

No caso de uma cesariana, pode haver mais dificuldade inicialmente por parte da mãe devido a dor ou posição. Entretanto elas são passageiras e não impedem o aleitamento e também não interferem na qualidade ou quantidade do leite materno.

D7- COLOSTRO

Nos primeiros dois ou três dias o bebê vai mamar o colostro, até que comece a produção do leite. O colostro começa a ser produzido ainda durante a gestação e muitas mães já percebem a saída de algumas gotas pelos mamilos. O colostro tem um aspecto esbranquiçado e um volume pequeno, mas corresponde a um verdadeiro "leite condensado", um concentrado de substâncias fundamentais para o bebê. Ele é riquíssimo em defesas imunológicas e desenvolve no intestino do bebê bactérias positivas para suas defesas. Podemos dizer que o colostro é a primeira vacina do recém-nascido.

Como seu volume é pequeno, muitas mães se queixam, nesses primeiros dias, de que seu bebê suga bem, mas que nada sai do peito. Isto não é verdade. O bebê está mamando este colostro, e após aproximadamente 72 horas, acontece a descida do leite, através do estímulo dado pela sucção do mamilo.

D8- A POSIÇÃO PARA AMAMENTAR

A mãe deve procurar uma posição cômoda para amamentar. Nas primeiras horas ou dias ela pode amamentar deitada de lado e neste caso deve tomar cuidado com o sono, para não adormecer sobre o bebê.

Mas a posição mais utilizada pelas mães é sentada. Deve-se sempre utilizar uma cadeira confortável, de preferência uma poltrona com apoio para os braços. A mãe deve apoiar bem os braços nos apoios e as costas no encosto da poltrona, se necessário usando um travesseiro. Isto para evitar as dores nas costas que podem surgir após alguns dias, caso a posição seja incorreta.

D9- RACHADUARAS NOS MAMILOS

Um mamilo bem preparado pelos exercícios durante a gestação e com uma boa pega pelo bebê (o máximo de aréola na boca) dificilmente vai apresentar rachaduras. Caso elas ocorram, o melhor tratamento é o banho de sol diário, deixando os seios expostos durante uns 10 minutos, duas vezes por dia. Caso não haja sol, basta fazer um banho de luz, colocando-se uma lâmpada comum (de 40 watts) a uma distância de uns 30 centímetros dos seios e fazendo dois ou três banhos de 20 minutos cada por dia.

D10- USO DE BOMBINHA

Um mamilo bem preparado pelos exercícios durante a gestação e com uma boa pega pelo bebê (o máximo de aréola na boca) dificilmente vai apresentar rachaduras. Caso elas ocorram, o melhor tratamento é o banho de sol diário, deixando os seios expostos durante uns 10 minutos, duas vezes por dia. Caso não haja sol, basta fazer um banho de luz, colocando-se uma lâmpada comum (de 40 watts) a uma distância de uns 30 centímetros dos seios e fazendo dois ou três banhos de 20 minutos cada por dia.

D11- O BEBÊ ESTÁ MAMANDO BEM?

Que fique bem claro: só a sucção direta do mamilo pelo bebê garante o estímulo necessário para que o organismo materno continue produzindo a quantidade necessária de leite. E quanto mais o bebê mama mais leite é produzido.

Muitas mães se preocupam em saber se o seu leite está sendo bom para o bebê. Isto envolve dois aspectos, qualidade e quantidade. Quanto à qualidade, como já dissemos antes, não existe leite fraco e o leite de todas as mães é bom para seus bebês. Em relação à quantidade, o pediatra pode saber se o leite está sendo suficiente de várias formas, sendo que a mais objetiva é através do peso.

Um bebê bem alimentado ao seio engorda cerca de 30 gramas por dia nos primeiros meses. E molha muitas fraldas por dia! Se o pediatra detectar algum problema em relação à quantidade do leite nos primeiros dias, alguns fatores deverão ser revistos. Entre eles a técnica da amamentação, a alimentação da mãe e também fatores de ordem psicológica. Além disso, alguns pediatras optam por tentar estimular a produção do leite através do uso de alguns medicamentos.

Porém na maioria dos casos a produção é suficiente, desde que a mãe tome sempre muito líqüido quando tiver sede e um copo d'água antes de amamentar. E se mantenha bem tranqüila e motivada para amamentar. O uso de receitas tradicionais para aumentar o leite como canjica, cerveja preta, etc., não tem nenhum efeito científico comprovado. Mas usados de forma moderada também não têm nenhuma contra-indicação.

D12- A COMPLEMENTAÇÃO

Em situações muito especiais o pediatra pode prescrever uma complementação com outro leite, temporariamente. Neste caso jamais use mamadeira ou chuca. Administre-o através de uma seringa, colher ou então de um copinho levando o leite diretamente à boca do bebê. Esta complementação deve durar o mínimo possível.

Isto é muito importante pois a forma pela qual o bebê mama o peito é completamente diferente da forma de mamar a mamadeira. Para mamar o peito o bebê tem de fazer um esforço maior, de ordenha, o que traz inúmeras vantagens para seu desenvolvimento futuro. A massagem das gengivas promove a harmonia do crescimento ósseo da face do bebê além de fortalecer toda a musculatura da região. Isto é bom para todos os bebê e fundamental para crianças com problemas especiais nessa musculatura. Já para mamar a mamadeira ele quase não faz esforço algum e a sucção é apenas labial.

É por este motivo que os bebês que mamam mamadeira acabam largando definitivamente o peito. Já ouvi uma vez, de uma mãe lindamente consciente e que estava amamentando seu filho, que ela não admitia em sua casa a existência de mamadeira pois sentia muito ciúmes dela!

Não é preciso dar nenhum outro alimento para o bebê além do leite materno até 6 meses de idade. Isto evita o desmame precoce, muito prejudicial à saúde do bebê!

Ame seu filho.
Alimente seu filho.
Amamente seu filho

D13- A LEGISLAÇÃO

A Consolidação das Leis do Trabalho- CLT- no artigo 392 parágrafo 2° garante à mulher uma prorrogação de duas semanas além dos cento e vinte dias já previstos na licença-gestante, mediante atestado médico. Esta prorrogação é conhecida como "licença-amamentação" e pode ser concedida pelo pediatra a toda mãe que efetivamente estiver amamentando seu filho. A mesma lei no artigo 396 também garante à mãe que amamenta um intervalo de 30 minutos em cada período de trabalho para a amamentação, até o sexto mês. O parágrafo único deste artigo prevê que em caso de necessidade, mediante atestado médico, este prazo de seis meses poderá ser prorrogado. O tempo gasto pela mãe no percurso de ida e volta do local onde o bebê se encontra não pode ser descontado dos 30 minutos. Geralmente as empresas propõem um acordo, oferecendo uma hora a menos na jornada de trabalho, para ser usufruída na entrada ou na saída. A mãe deve ficar atenta e conhecer bem seus direitos, pois muitas empresas não orientam corretamente as funcionárias a esse respeito, e pressionam para não reconhecer estes direitos. Em caso de dúvida, procure seu sindicato ou o orgão local do Trabalho.

Um bebê amamentado no seio será, para o resto da vida, uma pessoa mais saudável, mais feliz e segura. Além disso, o leite materno é insubstituível! Não há nada na face da Terra que se compare a ele e à saúde por ele proporcionada.

D14- PERGUNTAS FREQÜENTES DOS PAIS

1- Meu bebê nasceu ontem. Ele está mamando mas eu não vejo sair nada- será que vou ter leite?

A maioria das mães têm esta dúvida. O colostro é o leite dos primeiros dias. Ele é riquíssimo em defesas mas pequeno em volume, ele é concentrado. Este é o motivo pelo qual a mãe não vê o leite sair. A sucção do peito é o estímulo necessário e suficiente para que a produção do leite comece, por volta do terceiro dia de vida.

Toda mãe tem leite, basta estar tranqüila, segura e motivada para amamentar. Emoções negativas, preocupações e cansaço podem atrapalhar a produção do leite e devem ser evitados, se possível.

2- Posso usar a mamadeira só para ajudar um pouco? Só para o bebê dormir à noite?

Não!!!!

A mamadeira é um dos principais inimigos do aleitamento. Não tenha em casa mamadeira ou leite em pó. A criança que aprende a tomar mamadeira acaba largando o peito, já que a forma de sugar os dois bicos é completamente diferente (no peito o trabalho do bebê é maior).

A mamada do meio da noite costuma ser abandonada espontaneamente pela criança por volta de quatro meses de idade.

3- Meu bebê chora muito. Só pode ser fome!

Este é um grave erro e que leva muitos bebês para a mamadeira. A fome é de fato uma das causas de choro, mas existem muitas outras. Só o pediatra, examinando e pesando o bebê poderá dizer se ele tem fome. Além disso, por ser totalmente apropriado, o leite materno tem uma digestão muito rápida. E o bebê tende a ser mais "exigente" nos horários.

4- O pediatra disse que meu bebê engordou pouco. Vou dar mamadeira!

Outro erro que tira indevidamente muitas crianças do peito. Antes de qualquer outra medida é preciso verificar cuidadosamente se a técnica da mamada está correta e também se não há algum problema com a saúde do bebê.

A infecção urinária, por exemplo, é relativamente comum nos recém-nascidos e muitas vezes o único sintoma é a dificuldade para ganhar peso.

Nestes casos geralmente o pediatra faz pesagens freqüentes, a cada dois ou três dias, para confirmar o ganho de peso insuficiente.

5- Até que idade a criança deve ser amamentada?

É muito importante que a criança mame pelo menos até um ano de idade para poder usufruir de todo o efeito benéfico do aleitamento. No segundo ano de vida o leite materno também tem um papel importante, pois protege contra as viroses comuns dessa idade e mantém o vínculo psicológico entre mãe e filho.

No caso de uma nova gestação, também não há impedimento a que a amamentação continue.

6- Eu quero amamentar, mas meu bebê não quer o peito.

O bebê que logo nas primeiras horas ou dias entra em contato com bicos de mamadeira, chupeta ou chuca (às vezes no berçário!) pode ter dificuldade para aprender a mamar o peito. É preciso ter calma, paciência e persistência.

Deve-se manter um ambiente tranqüilo e se necessário usar o truque de deixar o bebê pelado em contato direto com a pele da mãe. Em pouco tempo ele aprenderá e estará mamando o peito.

7- Existe leite fraco?

Nunca é demais repetir: não existe leite fraco e o leite de todas as mães é bom para seus bebês! Entretanto, um fato interessante é que o leite do início da mamada não é igual ao leite do meio e final da mamada. O leite inicial é mais aguado, talvez para matar a sede do bebê. E o leite que vem depois é mais rico em gorduras, é um leite mais gordo! Por este motivo é importante um bebê mamar um peito até esvaziá-lo e só depois passar para o outro, se for o caso.

8- Existem alimentos proibidos para a mãe que está amamentando? Eles podem fazer mal ao bebê?

Este é um assunto controvertido, mas hoje muitos pediatras já aceitam que alguns alimentos podem não ser benéficos para algumas mães, vindo a causar cólicas no bebê. Principalmente alguns temperos e alimentos fortes ou gordurosos.

Entretanto é bom frisar que isto não é uma regra, depende de cada mãe, de cada criança. A princípio nenhum alimento está proibido, até prova em contrário. Mas é importante que, desde que engravidou, a mãe tenha uma dieta bem balanceada, evitando o consumo abusivo de um só tipo de alimento.

Em relação ao leite de vaca, a mãe não deve ingerir mais de 500 ml (dois copos) por dia. Já está provado que o leite de vaca ingerido pela mãe acima dessa quantidade pode provocar cólicas e aumentar a incidência de alergias respiratórias no bebe, principalmente em famílias onde já existe esta predisposição.

9- Pode-se guardar leite materno para usar depois?

A mãe que vai trabalhar após o período de licença-gestante deve preparar-se com antecedência para retirar e guardar seu leite.

Quando iniciar

Esta coleta deve começar ainda no período neonatal. Assim, quando voltar a trabalhar a mãe ja tera uma boa quantidade guardada!

Quando tirar

Após as mamadas ou então no intervalo entre elas.

Aonde tirar

A retirada pode ser feita em casa ou no trabalho. Mentalizar a criança mamando, antes de começar a retirada, facilita a saída do leite.

Que recipiente usar

Para a coleta, usar um recipiente limpo, bem lavado, de boca ampla. Um copo ou caneca, por exemplo. Para o armazenamento o recipiente deve possuir tampa que fique bem fechada. Por exemplo, recipientes de vidro ou de plástico (tipo "Tupperware-MR").

Como tirar

Pode ser usada a técnica com 2 mãos ou com uma só mão. Antes de iniciar a retirada a mãe deve estimular as mamas passando as mãos sobre elas, "alisando-as". Duas técnicas podem ser utilizadas.

Com 2 mãos: A técnica consiste em envolver o seio com as duas mãos e em um movimento de ordenha, começando pela base, junto ao tórax, trazer as mãos até o bico.

Com uma só mão: a mãe deve colocar o polegar e o indicador em cima da região de transição entre a aréola (região mais escura) e o restante da mama. Apertando e soltando de forma ritmada obtem-se a saída de leite. O segredo para o sucesso desta técnica é achar o local exato que deve ser apertado. Se os dedos forem colocados em cima da aréola ou do mamilo, a manobra causará dor e não haverá saída de leite. E se os dedos forem colocados muito acima da região de transição, também não haverá saída de leite.

 

 

 

 

Onde conservar / prazos de validade

O leite materno dura aproximadamente:
8 a 10 horas à temperatura ambiente
24 a 48 horas na geladeira
2 semanas até 2 meses no congelador
6 meses no freezer
Não esqueça de identificar o recipiente que você está armazenando, anotando em uma etiqueta data e horario da retirada.

Como usar

O leite deve ser descongelado em "banho-maria", não devendo ser utilizado o forno de micro-ondas. Para administra-lo usar um copinho de bordas grossas (ou uma xícara, por exemplo), seringa ou colher. Lembre-se: nunca use mamadeira ou chuca!

O método todo pode parecer um tanto trabalhoso, mas o resultado vale a
pena! Afinal, com a amamentação, você e seu bebê as tem a ganhar.

10- O bebê regurgitou um pouco e havia sangue- é grave?

A causa mais comum deste fato, num bebê aparentemente saudável, é a ingestão de sangue materno, devido a rachadura nos seios. O sangue pode ser um pouco irritante para o estômago da criança, que eventualmente pode vomitá-lo. Mas não causa a ela nenhum prejuízo e não se deve interromper a amamentação por este motivo.

11- Meu peito está inflamado, meu médico disse que estou com mastite. Devo parar de amamentar com esse peito?

Não é necessário suspender a amamentação, mesmo que saia pus. O bebê pode continuar mamando normalmente e até vai ajudar no tratamento esvaziando a mama. Os remédios habitualmente usados para o tratamento da mastite não contra-indicam a amamentação.

12- Existem outras posições para amamentar?

Além das posições sentada e deitada que já comentamos, existem outras variações. Uma delas é boa nos casos em que a mãe tem o seio muito grande, dolorido ou rachado, ou para crianças com características especiais, como as que tem lábio leporino ou são hipotônicas (molinhas), como as que têm síndrome de down. Neste caso o bebê fica sentado a cavaleiro sobre a coxa da mãe, no lado em que vai mamar, de frente para ela (que também está sentada). Com uma mão a mãe apresenta a mama, e com a mão livre ela apoia o pescoço do bebê, fazendo uma letra "C" com o polegar e o indicador.

O importante é a mãe achar uma posição cômoda para ela e para o bebê, e que garanta o sucesso da amamentação.

13- Existem situações em que o aleitamento materno é contra-indicado?

As contra-indicações ao aleitamento materno existem, mas são raríssimas. Referem-se ao uso de alguns medicamentos muito fortes e situações especiais, como algumas doenças infecciosas mais graves. Na dúvida, consulte seu pediatra.

14- O bebê quer mamar toda hora! Devo dar chupeta?

No início o bebê não tem muito horário e pode querer mamar a toda hora, e deve ser atendido. Se entretanto for o caso do bebê que está engordando bem ou até demais e que vomita após mamar, pode não ser fome. Neste caso proceda como foi descrito na resposta da pergunta 23 do capítulo "C - A primeira consulta / C7- Perguntas freqüentes dos pais".

15- Mãe que parou de amamentar e o leite secou pode voltar a ter leite? E mãe adotiva pode amamentar?

De fato, existem hoje em dia técnicas que permitem a relactação. Possibilita a volta do leite em mães que já haviam parado de amamentar, ou seu aparecimento em uma mãe adotiva. Estas técnicas requerem uma motivação muito grande da mãe e dos profissionais de saúde para dar certo. Se for seu caso, consulte seu pediatra sobre esta possibilidade.

16- Vou voltar a trabalhar - o que fazer?

Como vimos, a lei protege a mãe que amamenta e vai trabalhar. Dependendo do horário de trabalho da mãe, do intervalo entre as mamadas e da idade do bebê, o pediatra fará um esquema individualizado de alimentação . Ao contrário do que geralmente pensam as mães, não é necessária uma antecedência muito grande para que o bebê se acostume. O prazo de uma semana é suficiente. O princípio é o de evitar o uso de outro leite. O pediatra orientará o uso de papa e suco de frutas ou de mingaus de fubá ou maizena. O mingau pode ser feito com o próprio leite materno, para melhorar a consistência e a aceitação. E uma boa opção é a retirada de leite materno para guardar na geladeira ou freezer. O leite pode ser extraído em casa ou mesmo no trabalho. O esforço vale a pena!

17- Meu filho tem um mês de vida. Antes ele mamava meia hora de cada lado e agora está mamando menos tempo, só uns dez minutos cada seio. Será que ele está largando o peito?

Este é um fato muito comum. O que ocorre é que com o passar do tempo o bebê aprende a mamar melhor e com mais eficiência e portanto mais rápido. Em menos tempo ele mama mais! Como o funcionário novo, que até aprender o serviço demora para executar sua tarefa. Mas depois que aprende passa a produzir mais em menos tempo.

 

E- BEBÊ PREMATURO - UTI NEO-NATAL

E1- ESTATÍSTICAS VITAIS

A UTI neonatal - O recém-nascido prematuro

A unidade de terapia intensiva neonatal é o local que concentra em uma mesma área física os recursos humanos e materiais necessários para dar suporte ininterrupto às funções vitais dos recém-nascidos.

Nela há equipes especializadas de médicos, enfermeiras, além de outros profissionais de saúde e pessoal de apoio, com retaguarda de exames complementares laboratoriais e radiológicos, tudo funcionando nas 24 horas do dia. Equipamentos modernos como incubadoras de última geração, respiradores, monitores cardíacos e de oxigenação, entre muitos outros, são obrigatórios neste ambiente.

Segundo dados estatísticos, 5% dos recém-nascidos que nascem em uma maternidade geral vêm a precisar de cuidados intensivos. É claro que se for uma maternidade especializada em gestações de alto risco esse número poderá ser bem maior.

A taxa de mortalidade em uma UTI neonatal é em torno de 15%. Porém é preciso levar em conta que esta é uma média. Este número pode variar para cada serviço e também conforme a causa da internação do bebê na UTI.

Não podemos esquecer também de que o impulso vital, a reserva de forças, a capacidade de luta destes pequenos seres humanos é enorme. Muitas vezes surpreendem mesmo a quem já conhece esta característica.

E2- RELAÇÃO: PAIS E EQUIPE

É muito grande a preocupação e a ansiedade dos pais quando seu bebê necessita destes cuidados especializados. É fundamental manter a calma e a confiança na equipe que está trabalhando intensivamente pela recuperação de seu bebê. Somente dessa forma cria-se uma corrente positiva, que auxilia muito a todos e principalmente ao recém-nascido. Apesar de toda a tecnologia usada, habitualmente as equipes de médicos e outros profissionais da UTI neonatal trabalham de forma muito humanizada. Sempre tratando o bebê como um ser humano único, merecedor de todo o carinho e atenção, além do melhor desempenho profissional de cada um.

As restrições de acesso e circulação têm por objetivo principal controlar a infecção hospitalar, um dos maiores perigos para estes bebês. Entender e respeitar estas normas ajudam a manter um bom relacionamento dos pais com a equipe. Manter sempre um diálogo franco, expondo todas as dúvidas, preocupações e sentimentos ajudará e muito.

Não se pode esquecer da extrema sensibilidade dos bebês do ponto de vista psíquico. Quem já trabalhou em UTI neonatal com certeza já vivenciou inúmeras vezes a experiência de ver um recém-nascido que sempre apresenta piora súbita, quando recebe a visita de um familiar muito perturbado ou pesaroso. Da mesma forma, outros melhoram na presença de um pai ou uma mãe mais positivos. Conversar com o bebê, tocá-lo, fazê-lo sentir sua presença, transmitindo-lhe segurança, afeto, apoio e boas energias é parte importante do tratamento. Colocar um enfeite ou um brinquedo colorido (lavável) ou ainda escrever o nome da criança na incubadora são iniciativas benvindas.

Apesar da tristeza e preocupação naturais em uma situação destas, é fundamental manter o otimismo, com a mente voltada para a força maior do universo.

São muitas as intercorrências que podem afetar os recém-nascidos e a todas o Neonatologista deve estar atento. Costumo dizer que um bebê que vai para a UTI tem diante de si uma corrida de obstáculos a vencer. Infelizmente, nem todos serão capazes de superá-los. É claro que os obstáculos são diferentes para cada um dependendo do problema que apresenta.

Muitas vezes é difícil para os pais entenderem a dificuldade dos médicos em fazerem um prognóstico exato para cada bebê. O que acontece é que por serem muito delicados, seu quadro pode se alterar muito rapidamente, tanto para melhor como para pior. Por isto mesmo é que necessitam de atenção intensiva. Um exemplo típico é o do bebê que apresenta um problema respiratório, mas está respirando sozinho. Em poucas horas ele pode se cansar e vir a precisar do auxílio do aparelho para respirar.

Entretanto para cada tipo de bebê, classificado com base no peso de nascimento e no cálculo da idade gestacional, existem os problemas mais freqüentes.

E quais são os bebês que têm mais chance de precisar de uma UTI? De longe, os prematuros.

E3- SOFRIMENTO FETAL

Em determinadas circunstâncias o bebê pode apresentar ainda dentro do útero o sofrimento fetal. Situações como as circulares de cordão (em que o cordão umbilical se enrola no pescoço ou em outras partes do corpo do bebê), hipertensão materna, entre muitas outras, podem provocar este acontecimento. O suprimento de oxigênio pode ficar comprometido levando à anóxia intra-útero. Hoje sabemos que muitos dos casos de anóxia ocorrem ainda dentro do útero.

E4- PREMATURIDADE

São os bebês que nascem antes de completar 38 das 40 semanas de uma gestação normal. Classificamos como prematuro limítrofe aquele que fica entre 36 e 38 semanas de gravidez. Entre 31 e 36 semanas, são chamados de moderadamente prematuros, e entre 24 e 30 semanas são os extremamente prematuros.

Inúmeras são as causas que levam um bebê a nascer prematuro. Entre elas, aquelas relacionadas ao aparelho genital feminino, como as alterações placentárias (placenta prévia e descolamento prematuro), excesso de liquido amniótico, etc. Outros fatores incluem: a idade materna (maior incidência em mães mais jovens), infecções maternas, primiparidade (mais freqüente no primeiro filho). Porém, na maioria dos casos, a causa é desconhecida.

Estima-se uma incidência de prematuridade em cerca de 10 a 15% das gestações.

Estes bebês podem apresentar várias complicações decorrentes da imaturidade dos diversos aparelhos. É claro que nem todos os prematuros vão precisar de UTI. Muitos poderão ser tratados em unidade de cuidados intermediários ou até no berçário dependendo do grau de prematuridade e da gravidade das complicações.

A complicação mais importante ocorre no aparelho respiratório e se traduz pela falta de uma substancia chamada surfactante, cuja função é manter os pulmões abertos para que a respiração se realize. Sem o surfactante os pulmões permanecem fechados, e o oxigênio do ar ambiente não consegue passar para a corrente sangüínea.

Esta doença, típica do recém-nascido prematuro, chama-se Doença Pulmonar das Membranas Hialinas. Tem este nome pois formam-se nos pulmões verdadeiras membranas que impedem a passagem dos gases, levando o bebê a sofrer anóxia grave . A membrana hialina classifica-se em leve, moderada e grave, de acordo com a severidade da forma clínica. Quanto mais prematuro o bebê, maior a chance de ter este problema.

O bebê prematuro com uma membrana hialina mais grave, necessita de suporte ventilatório intensivo, ou seja, necessita respirar com a ajuda de aparelhos. Para isso são usados os chamados respiradores artificiais. Através da boca introduz-se um tubo na traquéia e o aparelho leva aos pulmões do bebê uma mistura de gases cujo teor pode ser controlado pelo Neonatologista, aumentando ou diminuindo o nível de oxigênio conforme a necessidade.

Existem diversos parâmetros que podem ser regulados no respirador de acordo com a necessidade e com a gravidade. Os principais são a concentração de oxigênio, a pressão e a freqüência respiratória. Com a melhora da criança os parâmetros vão sendo diminuídos até que o aparelho se torne desnecessário. Usa-se então outro aparelho chamado halo ou capacete cuja função também é de fornecer uma concentração maior de oxigênio para o bebê. A etapa seguinte é deixar o bebê respirar diretamente o ar da incubadora cujo teor de oxigênio poderá até ser o mesmo do ar comum.

Os prematuros necessitam ficar na incubadora porque têm muita dificuldade em manter a temperatura corporal. Sua função principal é de criar um ambiente aquecido e protegido, onde ele possa continuar se desenvolvendo. A incubadora pretende ser uma espécie de útero artificial. Mas apesar de todos os progressos científicos e tecnológicos, ainda é muito grosseira, estando bem distante da perfeição do verdadeiro útero materno. Quando já consegue manter melhor sua temperatura corporal o bebê pode ser colocado em berço aquecido, antes de passar para o berço comum.

Geralmente é necessária também a punção de veias, para que se possa administrar líquidos e medicamentos. Quando a alimentação por via oral é impossível recorre-se a esta via para alimentar o bebê, através da chamada nutrição parenteral. Através de uma veia são administradas todas as substâncias necessárias ao desenvolvimento do bebê.

Também é passada uma sonda através da boca e que chega até o estômago. Através dela drenam-se as secreções produzidas no estômago e administra-se o leite materno quando possível.

Tudo é rigorosamente controlado e medido. A produção de urina, fezes, as freqüências cardíaca e respiratória, o total de líqüidos administrados, o peso, os parâmetros utilizados no respirador artificial, etc. Periodicamente são realizados exames de sangue para o controle da evolução.

Durante muito tempo a membrana hialina não teve um tratamento eficaz que combatesse a sua causa, a falta do surfactante. A mortalidade era muito elevada. Apenas em anos recentes se conseguiu produzir surfactante de origem bovina e posteriormente sintético para ser administrado aos prematuros com membrana hialina. O surfactante é introduzido nos pulmões através do tubo que está colocado na traquéia. Geralmente usa-se dose única mas ocasionalmente duas ou até três doses são necessárias. Quanto mais precocemente for usado, melhores os resultados. Um fator que dificulta seu uso é o custo, muito elevado, ainda hoje na faixa de 550 dólares por dose. Outro fator restritivo é a necessidade do uso de suporte ventilatório (respirador artificial) para a administração do medicamento.

Com o uso do surfactante a melhora do quadro é geralmente muito rápida. Os pulmões se abrem e o oxigênio passa a circular pela corrente sangüínea do bebê com facilidade. Muitas vezes é possível retirar o tubo e o respirador com poucos dias ou até horas, quando não ocorrem outras complicações.

Entre elas a mais temida é a infecção. Os recém-nascidos em geral já tem defesas diminuídas contra as infecções. No prematuro é ainda pior, pela imaturidade dos sistemas e também pelos procedimentos invasivos que sofre, como a passagem de sondas, cateteres, etc. Além disso, existem as bactérias hospitalares, que crescem apenas em ambientes como o das UTIs e que são extremamente resistentes aos antibióticos comuns. É por isso que nas UTIs geralmente se usam antibióticos de última geração. Quando o prematuro vence a membrana hialina, passa a lutar contra a possibilidade de uma infecção grave.

São as barreiras da corrida de obstáculos a que me referi...

A mortalidade dos prematuros varia em função da idade gestacional e do peso. Quanto maior a prematuridade e menor o peso, maior a taxa de mortalidade.

O seguimento de um prematuro após sair da UTI requer atenção especial. A prematuridade, a anóxia, a hipoglicemia e outras dificuldades a que estes bebês estão sujeitos podem levá-los a ter comprometimento de seu desenvolvimento neuro-psico-motor. Cuidadosas avaliações periódicas devem ser feitas para diagnosticar e tratar estes casos.

O prematuro, principalmente o extremo, que necessitou de oxigênio por período prolongado em concentrações elevadas deve ser examinado por um oftalmologista. Este gás pode ter um efeito tóxico sobre os vasos sangüíneos da retina e causar deficiência visual de graus variados, desde leve até completa. Esta doença chama-se fibroplasia retrolental e a possibilidade de sua ocorrência deve ser pesquisada para que possa ser diagnosticada e tratada.

Não havendo mais necessidade de atenção intensiva o prematuro pode ser transferido para uma unidade de cuidados intermediários ou até para o berçário.

Alguns anos atrás utilizavam-se rígidos critérios de peso mínimo para retirar um prematuro da incubadora ou do berço aquecido e para dar a alta hospitalar.

O critério atual é de que independentemente do peso, um prematuro capaz de manter a temperatura, respirando sem oxigênio e sugando bem o seio está em condição de ter alta.

Mesmo após ir para casa durante certo tempo cuidados especiais devem ser tomados especialmente para a manutenção da temperatura do prematuro. O bebê deve ser mantido sempre bem aquecido, e um dos métodos mais interessantes para isso é o do bebê-canguru.

Consiste em manter o bebê sem roupas, só de fraldas, por baixo do vestido em contato direto com o corpo da mãe. É utilizado com sucesso em vários países do mundo. Em minha cidade, Santos-SP, é usado no Hospital Guilherme Álvaro pela equipe da Disciplina de pediatria da Faculdade de Ciências Médicas de Santos..

E5- DISTÚRBIOS METABÓLICOS

Além destas há outras complicações possíveis, como os distúrbios metabólicos. O bebê pode ter alterações importantes nas taxas sangüíneas de glicose, cálcio, magnésio e outras substâncias.

O distúrbio metabólico mais freqüente é a hipoglicemia, uma queda na taxa de glicose. Os sintomas podem estar ausentes ou incluir hipoatividade, sucção débil, tremores e até convulsões. Assim como o oxigênio, a glicose é muito importante para o funcionamento do cérebro. Independente do grau de sintomatologia a hipoglicemia prolongada e não tratada é perigosa. Pode até comprometer o futuro neurológico do bebê.

E6- PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS

Freqüentemente este sofrimento leva o bebê a evacuar dentro da bolsa das águas. O grande problema é que as fezes do feto (o Mecônio) são altamente irritantes das vias respiratórias do bebê se forem aspiradas por ele antes, durante ou após o nascimento.

Assim a presença de Mecônio na bolsa das águas, além de indicar a existência de sofrimento fetal obriga o obstetra e o Neonatologista a tomarem providências para evitar que o bebê aspire esse material. Pode ocorrer em bebês de qualquer idade gestacional porém é mais comum em bebês chamados pós-termo, aqueles que ultrapassaram as 40 semanas de gestação.

A aspiração de Mecônio, dependendo da quantidade, pode provocar quadros gravíssimos.

Por ser um grande irritante das vias respiratórias o Mecônio provoca nos delicados pulmões do bebê reações graves que podem levar a insuficiência respiratória importante.

Os bebês com este quadro freqüentemente necessitam de cuidados intensivos e de suporte ventilatório através de entubação e respirador artificial. É um quadro mais grave e preocupante que a membrana hialina e mesmo após a cura do quadro agudo podem permanecer seqüelas pulmonares para o resto da vida.

A taquipnéia transitória

Existe ainda um outro quadro respiratório relativamente comum, que é a taquipnéia transitória do recém-nascido. É um desconforto respiratório geralmente leve ou moderado, que se inicia nas primeiras horas de vida. O bebê apresenta uma respiração muito rápida, persistente, como se estivesse cansado. Raramente leva o bebê para a UTI, embora eventualmente isto possa acontecer. Incide mais nos bebês que nascem no tempo certo, mas de cesariana.

E7- BEBÊS GIGANTES E PEQUENOS

Além da prematuridade existem outras situações que exigem atenção especial e podem levar um bebê para a UTI neonatal.

É o caso dos que nascem com pouco peso para o tempo de gestação que tiveram. São os chamados pequenos para a idade gestacional-PIG. Um bebê pode ser PIG e ter nascido no tempo certo, portanto o PIG não é necessariamente prematuro.

Os bebês PIG são considerados desnutridos intra-útero, e as causas podem ser variadas. Entre elas o uso de cigarros ou drogas, hipertensão arterial e a desnutrição materna, entre outras.

Ao contrário do que se possa imaginar a desnutrição não afeta apenas gestantes de poucos recursos sócio-econômicos. O padrão de beleza esquelética atualmente imposto às mulheres leva muitas delas a uma exagerada e até doentia preocupação com o corpo. Por medo de engordarem acabam se alimentando muito mal e podem dar à luz um bebê PIG.

Os bebês PIG têm um risco maior de apresentarem distúrbios metabólicos, tais como os vistos nos prematuros. Dependendo da severidade da desnutrição intra-útero existe também um risco aumentado de problemas no desenvolvimento neuro-psico-motor.

Em outro extremo estão os bebês grandes para a idade gestacional, os chamados GIG. São os que nascem com peso excessivo para o tempo de gestação que apresentam.

São recém-natos grandes cuja aparência forte esconde sua fragilidade, já que também têm um risco maior de apresentarem algumas complicações. Entre elas os distúrbios metabólicos, principalmente a hipoglicemia. Por este motivo são chamados "gigantes de pés-de-barro".

As mães de bebês GIG geralmente apresentam problemas relacionados à diabetes. Da mesma forma que os PIG, os GIG podem nascer no tempo certo, mas também podem ser prematuros.

E8- A ICTERÍCIA

Outra situação muito comum em neonatologia é a icterícia. Suas causas são variadas. A mais comum é a chamada fisiológica (natural ou normal) e seu tratamento, muito simples, é o banho de sol, em casa, como visto anteriormente. Os bebês PIG e os prematuros são os mais sujeitos à icterícia fisiológica.

Quando há incompatibilidade entre o sangue da mãe e do bebê, seja no grupo (mãe com sangue tipo O e bebê tipo A ou B) ou no fator Rh (mãe com sangue Rh negativo e bebê Rh positivo) o nível da icterícia pode ser bem mais elevado. Nestes casos o tratamento é hospitalar e vai desde o banho de luz (fototerapia) podendo chegar até a troca de sangue (exsanguíneo transfusão), dependendo da gravidade.

O diagnóstico, acompanhamento e tratamento destes casos mais severos é muito importante pois em certas condições e acima de determinados níveis sangüíneos a bilirrubina pode se depositar no cérebro vindo a prejudicar o desenvolvimento futuro dessa criança.

E9- OUTROS PROBLEMAS E PROFISSIONAIS

Problemas infecciosos, cardíacos ou cirúrgicos também podem levar um bebê para a UTI neonatal. Além disso muitos dos quadros apresentados neste capítulo podem ocorrer juntos, complicando a situação.

Na UTI neonatal trabalham outros profissionais de saúde além dos médicos e enfermeiros. O fisioterapeuta tem um papel muito importante na recuperação da parte respiratória dos bebês, entre outros, trabalhando em conjunto com a equipe médica. O mesmo em relação à fonoaudióloga, que desempenha um papel fundamental na avaliação e prevenção de danos auditivos e na estimulação dos bebês prematuros ou hipotônicos (molinhos) para que eles possam desenvolver o reflexo da sucção.

E claro que além do que foi comentado existem muitas outras situações que podem levar um recém-nascido a precisar de cuidados intensivos. Mas o objetivo aqui foi apenas o de ilustrar as situações mais comuns.

E10- PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES

1- O caso é grave?

Aparentemente uma pergunta de resposta simples. Mas não é bem assim, pois o que os pais querem mesmo saber é "quanto grave" é o caso de seu filho. Dizer que o fato de estar na UTI já é um indicativo de gravidade é dizer o óbvio. Responder citando estatísticas é ignorar o fator individual que faz com que cada bebê reaja de modo peculiar quando comparado a outro na mesma situação.

Para complicar mais, cada família reage de uma forma. Às vezes uma criança tem um quadro mais simples e está evoluindo bem mas seus familiares estão desesperados. Por outro lado há crianças que estão em estado gravíssimo mas seus pais não conseguem (ou não querem) entender a delicadeza do caso, usando da negação como uma forma de se proteger de uma realidade muito difícil.

E há ainda um outro fator complicador. As UTIs funcionam com médicos plantonistas que se revezam nas 24 horas do dia. Cada plantonista de acordo com sua experiência profissional e formação pessoal tenderá a dar um tipo de informação para os pais. Há o otimista, o pessimista, o céptico, o religioso...

Então qual a solução? Como sempre muita conversa, com franqueza e espírito desarmado, de ambas as partes. O ideal é que o mesmo médico, de preferência o que visita as crianças todos os dias, seja o único a dar informações. Geralmente esta visita é feita no período da manhã.

2- Quanto tempo meu bebê vai ficar na UTI?

O mínimo possível, o que varia conforme a doença e a criança. Os casos de distúrbios metabólicos, e os pós-cirúrgicos costumam ser resolvidos em poucos dias.

Já os bebês com quadros respiratórios como a membrana hialina e a aspiração de Mecônio e aqueles com quadros infecciosos podem ficar mais tempo. Prematuros extremos e casos complicados podem necessitar de várias semanas na UTI neonatal.

3- Este problema que meu filho está enfrentando poderá deixar seqüelas? Meu filho vai ser uma criança normal?

Esta é uma das perguntas mais angustiantes, mesmo para os médicos.

Há diversas situações em que dependendo da gravidade pode haver comprometimentos futuros. Entretanto na maioria dos casos não há como prever qual será afetada e quanto. Só o tempo e o acompanhamento cuidadoso de cada criança poderão responder esta pergunta.

A prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz dos problemas poderão prevenir a maior parte das complicações, tratando-as ou pelo menos minimizando-as. Por isso mesmo a grande maioria dos bebês que passa por uma UTI neonatal terá um desenvolvimento absolutamente normal após a alta.

 

F- PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES

F1- PRÉ-NATAL

1- Para que consultar um pediatra no pré-natal?

Para que possa haver um conhecimento mútuo entre o médico e a família, o pediatra vai se inteirar dos dados relativos à saúde do bebê que ainda vai nascer. Desta forma poderá agir preventivamente em relação a problemas que possam ocorrer.

2- Os problemas de alergia afetam um número cada vez maior de crianças. Na minha família e do meu marido existem casos de rinite, bronquite e eczema (alergias na pele). O que pode ser feito, ainda durante o pré-natal, para prevenir estes problemas?

Nas famílias onde já existem casos deste tipo as chances do bebe vir a ter alergia são maiores. Alguns cuidados devem ser tomados desde já.

Se houver fumantes em casa, estes devem parar de fumar imediatamente, para que o ambiente fique livre gradativamente dos poluentes do cigarro. E não adianta dizer "eu não fumo dentro de casa", pois a fumaça do cigarro impregna pele, cabelos, roupas, etc., e através deles o cigarro vem para casa e chega até o bebe.

Não vou nem falar da gestante que fuma, cujo feto fuma também passivamente através do cordão umbilical...

O quarto onde o bebe vai ficar deve ser preparado. Deve receber bastante sol, ter piso lavável, sem cortinas, carpetes ou tapetes, bichinhos de pelúcia, e tudo que possa juntar poeira ou umidade.

Especial atenção com a alimentação da gestante. Sua dieta deve ser bem balanceada, evitando o consumo abusivo de um só tipo de alimento. Determinadas proteínas de origem animal, como carne de peixe por exemplo, se consumidas excessivamente podem sensibilizar o feto ainda no útero, propiciando condições para o aparecimento de futuras alergias. Em quantidades moderadas e numa dieta equilibrada com outros nutrientes, estes alimentos são benéficos.

Em relação ao leite de vaca, a futura mãe não deve ingerir mais de 500 ml (dois copos) por dia. Já está provado que o leite de vaca ingerido pela gestante acima dessa quantidade pode aumentar a incidência de futuras alergias no bebe.

F2- HOSPITAL

1- Devo levar enxoval do bebê para a maternidade? Qual?

Cada hospital tem uma rotina diferente. Em alguns o bebê usa as roupas do próprio hospital, em outros a mãe deve levar um enxoval.

Lembre-se: antes de usar qualquer roupa nova no bebê lave-as com sabão de coco. Mas não use amaciantes.

Um exemplo de enxoval para o bebê você encontra no arquivo (LISTA DE ENXOVAL PROCEDIMENTOS E CHÁ DE BEBÊ Word)

2- Como devo escolher a maternidade?

O ideal é que a gestante visite com antecedência a maternidade onde pretende ter seu filho. Peça para conhecer o berçário, a UTI neonatal, o centro obstétrico e os quartos ou apartamentos. Faça perguntas, converse com os funcionários. Pergunte sobre o enxoval do bebê, se o hospital chamará seu pediatra, e se nas horas que antecedem o parto você poderá ficar acompanhada.

Informe-se sobre os honorários e taxas a que você estará sujeita. Descubra quais destas despesas são cobertas por seu convênio.

3 - O que é o alojamento conjunto ?

Antigamente o recém-nascido ficava no berçário, e só ia para junto da mãe nos horários de mamada. Hoje, recomenda-se que o bebê fique alojado junto com a mãe, desde as primeiras horas. Isto só não ocorre em situações especiais, de dificuldades com a mãe ou filho. O alojamento conjunto permite que a integração dos pais com o bebê ocorra de forma mais rápida e natural.

4- O caso é grave?

Aparentemente uma pergunta de resposta simples. Mas não é bem assim, pois o que os pais querem mesmo saber é "quanto grave" é o caso de seu filho. Dizer que o fato de estar na UTI já é um indicativo de gravidade é dizer o óbvio. Responder citando estatísticas é ignorar o fator individual que faz com que cada bebê reaja de modo peculiar quando comparado a outro na mesma situação.

Para complicar mais, cada família reage de uma forma. Às vezes uma criança tem um quadro mais simples e está evoluindo bem mas seus familiares estão desesperados. Por outro lado há crianças que estão em estado gravíssimo mas seus pais não conseguem (ou não querem) entender a delicadeza do caso, usando da negação como uma forma de se proteger de uma realidade muito difícil.

E há ainda um outro fator complicador. As UTIs funcionam com médicos plantonistas que se revezam nas 24 horas do dia. Cada plantonista de acordo com sua experiência profissional e formação pessoal tenderá a dar um tipo de informação para os pais. Há o otimista, o pessimista, o céptico, o religioso...

Então qual a solução? Como sempre muita conversa, com franqueza e espírito desarmado, de ambas as partes. O ideal é que o mesmo médico, de preferência o que visita as crianças todos os dias, seja o único a dar informações. Geralmente esta visita é feita no período da manhã.

5- Quanto tempo meu bebê vai ficar na UTI?

O mínimo possível, o que varia conforme a doença e a criança. Os casos de distúrbios metabólicos, e os pós-cirúrgicos costumam ser resolvidos em poucos dias.

Já os bebês com quadros respiratórios como a membrana hialina e a aspiração de Mecônio e aqueles com quadros infecciosos podem ficar mais tempo. Prematuros extremos e casos complicados podem necessitar de várias semanas na UTI neonatal.

6- Este problema que meu filho está enfrentando poderá deixar seqüelas? Meu filho vai ser uma criança normal?

Esta é uma das perguntas mais angustiantes, mesmo para os médicos.

Há diversas situações em que dependendo da gravidade pode haver comprometimentos futuros. Entretanto na maioria dos casos não há como prever qual será afetada e quanto. Só o tempo e o acompanhamento cuidadoso de cada criança poderão responder esta pergunta.

A prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz dos problemas poderão prevenir a maior parte das complicações, tratando-as ou pelo menos minimizando-as. Por isso mesmo a grande maioria dos bebês que passa por uma UTI neonatal terá um desenvolvimento absolutamente normal após a alta.

F3- NASCIMENTO

1- O que faz o pediatra na hora do parto?

Este assunto é aprofundado no capítulo "B - O pediatra na sala de parto". O nascimento é um momento especial e crítico na vida de qualquer pessoa. Cabe ao pediatra presente na sala de parto garantir as melhores condições para o recém-nascido. Em especial quanto à oxigenação cerebral, prevenindo seqüelas no desenvolvimento futuro. Um problema na hora do parto pode se transformar em um problema para a vida toda.

2- O pediatra cuida do bebê durante todo o período de internação?

Sim. Além do nascimento, o pediatra acompanhará o bebê durante todo o período em que ele estiver no hospital. Para isso fará visitas diárias ou mais freqüentes se necessário.

3- O pai deve assistir ao parto? Pode filmar ou fotografar?

Em primeiro lugar é preciso verificar as normas do hospital a respeito do assunto. O pai deve decidir de forma tranqüila se vai se sentir a vontade para assistir ou não ao parto. Há aqueles que assistem e participam de forma positiva, e os que sentem-se desconfortáveis ou até passam mal.

Sem dúvida a presença do pai traz para a mãe mais conforto e segurança. E ele não perde esta oportunidade única de participar deste momento tão especial na vida de sua família.

Quanto a filmes ou fotos, observar os limites do pudor e do bom senso, evitando a exposição da mãe. Em alguns hospitais há profissionais disponíveis para esse serviço. Outras vezes o próprio pediatra dá uma "colher-de-chá" fazendo-se de fotógrafo...

4- Até que idade um bebê é considerado recém-nascido?

Ele é um recém-nascido no período que vai do nascimento até vinte e oito dias de vida.

5- Existem outros cuidados a ser tomados?

Além dos já mencionados, o pediatra orientará a família em relação a cuidados necessários em situações específicas. Como por exemplo, no caso de bebês prematuros ou com outras necessidades especiais

6- O bebê é perfeito ? É saudável?

Mesmo para um bebê que nasce bem e vai logo para junto da mãe, as primeiras 6 horas são de observação geral. Sempre deixo isto bem claro para os pais. Após este período ele deve ser reexaminado. Problemas ou malformações que não foram detectados imediatamente podem se manifestar e serem diagnosticados durante essas primeiras horas.

O exame do bebê realizado com 6 horas de vida é um exame mais completo e detalhado. Os diversos sistemas do bebê já estarão funcionando tornando possível uma avaliação mais exata. Inclusive quanto à audição e visão.

O pediatra deve se lembrar sempre de parabenizar a família pelo nascimento, mesmo que haja alguma malformação ou alguma situação especial. Nunca se esquecer de que é um ser humano que acaba de nascer e ainda que tenha algum problema o pediatra deve ser o primeiro a demonstrar aos pais o respeito que esta criança merece (veja em "Apêndice para o profissional de saúde").

Quando o bebê é saudável, aí então a festa é completa!

7- É menino ou menina?

Esta é sem dúvida a segunda pergunta mais freqüente nesta hora. Felizmente sua resposta é quase sempre muito simples. Quase, pois em um pequeno número de casos pode haver malformações da parte genital, impedindo uma identificação imediata do sexo. Isto só será possível após a realização de muitos exames, alguns até complexos. Esta é uma situação muito difícil, que gera enorme angústia e frustração na família. O pediatra deve ter muita habilidade para comunicar o fato e apoiar a família na condução do caso até seu completo esclarecimento e tratamento.

8- A terceira e mais freqüente pergunta é sobre o peso e o comprimento do bebê.

As vezes estas medidas só serão tomadas no berçário, não podendo ser informadas logo após o nascimento.

9- Quanto tempo o bebê vai ficar no berçário?

O mínimo possível. Assim que os primeiros cuidados são tomados, estando bem o bebê vai imediatamente para junto da mãe.

10 - A pergunta que ninguém faz, mas que deveria ser feita: Qual foi o Apgar de meu filho? Com 1 minuto e com 5 minutos?

A resposta a esta pergunta revela as condições de nascimento. Veja detalhes no capítulo "B - O pediatra na sala de parto / B4-Índice de Apgar".

F4- CUIDADOS GERAIS

1- Para que serve o teste do pezinho? Deve ser feito durante a internação na maternidade?

Este teste consiste em um exame de sangue para triagem de erros metabólicos congênitos. Sua solicitação é obrigatória pelo estatuto da Criança e do Adolescente.

Para garantir um resultado confiável o ideal é que seja realizado após 72 horas de vida, quando o
bebê já está mamando bem. Por este motivo sua coleta geralmente é feita após a alta hospitalar.
Através de uma "picadinha" no calcanhar são colhidas em papel especial três gotinhas de sangue, que são enviadas para o laboratório.

No teste básico ou tradicional são pesquisadas duas doenças, o hipotireiodismo e a fenilcetonúria. A primeira refere-se a um mau funcionamento da glândula tireóide (que fica no pescoço). Para seu tratamento pode ser necessário o uso de remédios. Na segunda, o organismo da criança não consegue aproveitar uma substância chamada fenilalanina, presente em muitos alimentos. Para tratá-la é necessária uma dieta especial sem fenilalanina. Ambas, se não tratadas, podem acarretar vários problemas, entre eles um comprometimento do desenvolvimento neuro-psico-motor do bebê.

Alguns laboratórios realizam com a mesma amostra um número maior de testes, pesquisando outras doenças congênitas. Como por exemplo a fibrose cística, um mau funcionamento de algumas glândulas que pode ocasionar problemas pulmonares, diarréias e déficit no crescimento. Este é o teste do pezinho plus no qual mais de 20 doenças congênitas são pesquisadas.

O resultado demora por volta de 30 dias para chegar, mas se houver algum problema com o exame os pais são avisados antes deste prazo.

As doenças metabólicas são raras, mas devem ser diagnosticadas e tratadas precocemente para evitar danos ao desenvolvimento da criança.

Embora um resultado normal neste teste seja recebido pelos pais como uma garantia de que seu bebê não tem e não terá nenhum problema neurológico ou intelectual, isto não é verdadeiro. O teste do pezinho normal não afasta a possibilidade de ocorrer deficiência mental ou comprometimentos neurológicos por outras causas, genéticas ou adquiridas. Também não diagnostica as síndromes genéticas, como por exemplo a síndrome de down.

Só o acompanhamento de rotina realizado pelo pediatra pode atestar a saúde do bebê.

2- Soluços, espirros, obstrução nasal (nariz entupido), cólicas: que chateação!

São sintomas muito comuns nos primeiros meses de vida e que depois desaparecem . Acredita-se que estejam relacionados ao amadurecimento e à adaptação do bebê ao meio ambiente externo.

Os soluços costumam ocorrer em duas situações. A primeira é após as mamadas, quando o bebê está de "barriga cheia". Basta esperar o esvaziamento do estômago (que é muito rápido quando a criança é amamentada ao seio devido à alta digestibilidade do leite materno) e o problema estará resolvido. Os soluços também podem aparecer quando o bebê está com frio (por fralda molhada ou pouca roupa). Neste caso basta trocá-lo ou agasalhá-lo melhor e os soluços desaparecem. Que me desculpem as comadres, mas a "bolinha" de lã vermelha grudada na testa não ajuda em nada...

A presença de espirros também é bastante comum e não significa que o bebê esteja gripado. Não requer tratamento pois não chega a prejudicar o bebê.

Já a obstrução nasal costuma trazer mais incômodo para o bebê e preocupação para os pais. Pode atrapalhar as mamadas e o sono. O ruído produzido pela obstrução nasal é interpretado erroneamente pelos pais como se o peito estivesse cheio de catarro. Na dúvida consulte o pediatra que facilmente esclarecerá.

O tratamento da obstrução nasal é simples e consiste na lavagem das narinas com soluções à base de soro fisiológico. Mas só deve ser usada nos casos em que a obstrução é importante e está atrapalhando muito o bebê. Nos casos mais leves a lavagem das narinas pode incomodar mais que a obstrução...

Uma dica: nos dias muito frios é bom amornar o soro antes de usá-lo pois o liquido frio pode piorar a obstrução nasal. Entre as várias formas de aquecê-lo, a melhor consiste na mãe colocar o vidrinho do remédio entre os seios e deixá-lo ali por algum tempo. Desta forma garante-se a temperatura adequada para ser administrado e que junto com o remédio irá também um pouco do carinho materno... Também é prudente erguer um pouco a cabeça do bebê quando pingar o remédio para evitar que ele se engasgue.

O uso de outros medicamentos do tipo "para desentupir o nariz" deve ser feito somente com prescrição médica e com muito cuidado pois existe o risco de intoxicação do bebê.

Não se deve utilizar aspiradores nasais para retirar a secreção nasal. Eles machucam a mucosa do nariz, que se defende produzindo mais secreção e piorando a obstrução.

De todos estes sintomas o que costuma incomodar mais é a cólica. Sua principal característica é aparecer após o décimo dia de vida e durar em média até o final do terceiro mês. Esta duração pode ser maior ou menor dependendo do bebê. Além disso a cólica tem horário certo para aparecer, geralmente à noitinha. A criança chora desesperadamente, às vezes durante horas seguidas.

O aparecimento das cólicas está diretamente relacionado com o estado emocional dos pais, com o ambiente psicológico da casa. Quando o lar está tranqüilo e a família em paz, o bebê se sente seguro e tem pouca cólica. Quando ao contrário, a família está tensa, insegura, o ambiente carregado, o bebê tem mais dores. Este é o motivo pelo qual o primeiro filho tem mais cólicas que os outros.

Na hora da cólica, algumas medidas podem ajudar, como manter um ambiente calmo e tranqüilo. Evitar visitas excessivas e demoradas. Num quarto silencioso, na penumbra, a mãe deve despir-se e permitir que o bebê, também só de fraldas, sinta o contato com sua pele. Melhor ainda, ele pode deitar-se de bruços sobre a barriga da mãe (ou do pai!).

Outra coisa que pode ajudar no caso das cólicas mais intensas é dar um pequeno passeio ao ar livre com o bebê. O uso de remédios é de pouca ajuda, mas em último caso às vezes acabamos recorrendo a eles.

Raras vezes o choro intenso atribuído à cólica pode ter outra origem, como uma fratura de clavícula ou mesmo uma hérnia. Mas através de um exame minucioso o pediatra pode afastar estas causas.

3- Meu bebê trocou o dia pela noite. Dorme o dia todo e fica acordado a maior parte da noite. Como fazer para regularizar seu sono?

Esta também é uma situação muito comum, e que deve ser corrigida, para o bem estar do bebê e de seus pais. E a melhor forma é procurar mantê-lo acordado mais tempo durante o dia. Assim ele vai acumulando sono que o fará dormir melhor durante a noite. A melhor forma de acordar o bebê é tirar toda a roupa dele.

4- Os bebês precisam ser bem agasalhados? Quanto de roupa deve ser colocada no bebê?

Os recém-nascidos têm dificuldade em manter a temperatura corporal e por este motivo sentem um pouco mais de frio do que um adulto, na mesma temperatura ambiente. Assim, tomando por base a quantidade de roupa que os adultos estão usando num determinado momento, o bebê precisará de um pouco mais para manter-se aquecido.

Para saber se a roupa está apropriada basta pegar nas mãos do bebê. Se elas estiverem frias significa que ele necessita de mais roupa. E se ele estiver transpirando, principalmente com os cabelos molhados em torno das orelhas, significa que ele está agasalhado em excesso.

5- Já enxerga?- Cor olhos/ estrabismo

Quanto mais se estuda a visão dos recém-nascidos, mais se percebe que eles enxergam melhor do que se imaginava há poucos anos atrás. São capazes de distinguir cores e formas, mas a capacidade de fixar a visão e de focalizar perfeitamente os objetos só virá com o passar dos primeiros meses. Ao final do primeiro mês o bebê já é capaz de acompanhar com os olhos a trajetória de um objeto diante de seu rosto.

Uma dúvida freqüente dos pais refere-se à cor dos olhos, mas esta só irá se definir totalmente por volta do quarto mês de vida. A cor ao nascimento geralmente é um pouco mais clara que a cor definitiva.

Até o sexto mês também é comum o estrabismo fisiológico (normal). É uma situação em que os olhos perdem seu eixo paralelo momentaneamente e ficam estrábicos, voltando ao normal em seguida.

6 - A urina avermelhada- será sangue?

Nos primeiros dias a urina do bebê pode ocasionalmente sair vermelha, como se estivesse misturada com sangue. Na verdade esta cor se deve a presença de um tipo especial de cristais e não ao sangue. Uma forma simples de comprovar isto é jogando água na mancha avermelhada da fralda. A mancha causada pelos cristais sai facilmente, o que não acontece com o sangue. Trata-se de um fato normal e passageiro.

7- Quando o bebê pode sair para passear?- Pode sair antes de tomar a primeira vacina?

Um bebê saudável pode e deve sair para passeios curtos ao ar livre já nos primeiros dias de vida. Basta observar os horários recomendados para exposição ao sol. Evitar locais fechados, abafados, muito barulhentos ou com muita gente.

O conceito popular de que o bebê só pode sair depois de tomar a primeira vacina é falso. E além do mais, um passeio breve pode ser um excelente remédio para as cólicas.

8- O teste do pezinho. Para que serve? Deve ser feito durante a internação na maternidade?

Este teste consiste em um exame de sangue para triagem de erros metabólicos congênitos. Sua solicitação é obrigatória pelo estatuto da Criança e do Adolescente.

Para garantir um resultado confiável o ideal é que seja realizado após 72 horas de vida, quando o bebê já está mamando bem. Por este motivo sua coleta geralmente é feita após a alta hospitalar. Através de uma "picadinha" no calcanhar são colhidas em papel especial três gotinhas de sangue, que são enviadas para o laboratório.

No teste básico ou tradicional são pesquisadas duas doenças, o hipotireiodismo e a fenilcetonúria. A primeira refere-se a um mau funcionamento da glândula tireóide (que fica no pescoço). Para seu tratamento pode ser necessário o uso de remédios. Na segunda, o organismo da criança não consegue aproveitar uma substância chamada fenilalanina, presente em muitos alimentos. Para tratá-la é necessária uma dieta especial sem fenilalanina. Ambas, se não tratadas, podem acarretar vários problemas, entre eles um comprometimento do desenvolvimento neuro-psico-motor do bebê.

Alguns laboratórios realizam com a mesma amostra um número maior de testes, pesquisando outras doenças congênitas. Como por exemplo, a fibrose cística, um mau funcionamento de algumas glândulas que pode ocasionar problemas pulmonares, diarréias e déficit no crescimento. Este é o teste do pezinho plus no qual mais de 20 doenças congênitas são pesquisadas.

O resultado demora por volta de 30 dias para chegar, mas se houver algum problema com o exame os pais são avisados antes deste prazo.

As doenças metabólicas são raras, mas devem ser diagnosticadas e tratadas precocemente para evitar danos ao desenvolvimento da criança.

Embora um resultado normal neste teste seja recebido pelos pais como uma garantia de que seu bebê não tem e não terá nenhum problema neurológico ou intelectual, isto não é verdadeiro. O teste do pezinho normal não afasta a possibilidade de ocorrer deficiência mental ou comprometimentos neurológicos por outras causas, genéticas ou adquiridas. Também não diagnostica as síndromes genéticas, como por exemplo a síndrome de down.

Só o acompanhamento de rotina realizado pelo pediatra pode atestar a saúde do bebê.

9- Devo dar chupeta para meu filho?

Os bebês não necessitam de chupetas, com raras exceções.

E a primeira exceção é a dos bebês que têm uma necessidade de sucção exagerada. Geralmente são meninas, que nascem com peso normal ou até elevado. Elas mamam o tempo todo e depois vomitam. Apesar disso sua curva de ganho de peso é acima do normal.

Nesta situação recomenda-se o uso de chupeta na tentativa de satisfazer a necessidade de sucção da criança, sem que ela mame excessivamente. O bebê deve ser colocado despido diretamente em contato com a pele da mãe na hora de mamar, procurando mantê-lo bem tranqüilo.

A outra exceção, menos comum, é dos bebês que devido a problemas especiais têm flacidez da musculatura da boca ou da língua. A chupeta obriga a criança a exercitar estes músculos fortalecendo-os, como se fosse uma fisioterapia. Em ambos os casos deve ser dada preferência à chupeta ortodôntica.

Fora destas exceções, deve-se evitar ao máximo o uso de chupeta pois além de ser desnecessária pode tornar-se prejudicial. Os bebês que mamam o peito são geralmente os que menos gostam de chupeta.

10- E o bebê que chupa o dedo?

Este bebê também está suprindo uma necessidade de sucção. Ao contrário da chupeta, aqui nada pode ser feito para impedi-lo. Se serve como consolo, dizem os livros que as crianças que chupam o dedo são em geral mais tranqüilas e inteligentes do que as que usam chupeta.

11 - Um recém-nascido pode viajar?

Antes de tudo é necessário observar as normas de segurança aplicáveis. No caso de viagens de carro, usar cesto apropriado bem preso pelo cinto de segurança, sempre no banco de trás.

Nos trechos de serra, um cuidado adicional deve ser tomado. O bebê deve ser amamentado, pois o ato de sugar evita que os ouvidos fiquem tampados e venham a doer.

É bom lembrar que a Infraero, empresa que administra os aeroportos brasileiros, contra-indica as viagens de avião nos primeiros sete dias de vida do bebê.

12- Qual a melhor forma de dar remédio para o bebê?

A maneira mais segura consiste em colocar a quantidade prescrita em uma colher e administrá-la diretamente na boca do bebê. Com isto evita-se o risco de uma dosagem errada. No caso de medicamentos de uso diário é muito útil associar o ato de administrar o remédio com alguma atividade diária obrigatória. Por exemplo, dar o remédio sempre antes do banho do bebê. Isto cria um hábito e diminui a possibilidade de um esquecimento.

13- Como saber se um recém-nascido está bem? Quais os sinais de alerta que podem indicar algum problema?

Pode-se supor que um bebê está bem quando encontra-se ativo, sugando o seio com força e movimentando-se bem quando acordado. Embora muitos recém-nascidos durmam a maior parte do tempo, costumam acordar e ficar ativos durante alguns minutos ao serem despidos para troca de roupa ou fralda. Urinar bastante, molhando bem as fraldas várias vezes por dia também é indicativo de uma boa situação.

Já um bebê que suga mal o peito, com sucção fraca, e que está "paradinho", sem atividade, pode estar apresentando algum problema. Na dúvida, consulte seu pediatra.

14- Como medir a temperatura do bebê?

A maneira mais comum de medir a temperatura dos bebês no Brasil é através da temperatura axilar. Os melhores termómetros são os digitais que têm a vantagem de serem mais rápidos e precisos e hoje ja estão mais baratos. Um cuidado a ser tomado é secar bem axila antes de colocar o termómetro e deixar o bebê sem roupas durante alguns minutos.

15- Um recém-nascido pode ter febre?

Considera-se a temperatura axilar como normal até 37 graus centígrados. Acima disso chama-se febrícula, e a partir de 38 graus febre propriamente dita.

É muito raro que o recém-nascido tenha febre mesmo na presença de infecções. Porém, nos primeiros dias de vida, quando a amamentação ainda não está bem estabelecida, é comum que um bebê muito agasalhado apresente temperatura entre 37 e 38 graus.

Para que se possa medir a temperatura com mais exatidão é necessário deixar o bebê peladinho durante alguns minutos. Se mesmo assim a temperatura continuar acima dos 37 graus deve-se dar um pouco de água, usando-se para isso uma colherinha, jamais chuca ou mamadeira! Isto é muito importante especialmente para aqueles que vivem em regiões muito quentes, particularmente nos meses de verão.

16- Por que o bebê chora? As causas de choro.

O choro é a única linguagem de que o bebê dispõe para se comunicar com as pessoas. As causas de choro são muito variadas, mas as principais são a fome e o fralda molhada. Como diz minha sogra, "um bebê com a barriga cheia e o bumbum limpo já está 90% resolvido". Os outros 10% podem incluir as cólicas, calor ou frio, reatividade ao ambiente, personalidade do bebê e outras dores.

No início pode parecer tudo igual, mas cada causa pode provocar um choro diferente. Em pouco tempo a mãe aprende a diferenciar as causas do choro de seu bebê e pode atendê-lo na sua necessidade específica.

17- Meu bebê chora pouco!? Isto é normal?

Alguns pais se preocupam porque seu bebê chora pouco. Entretanto, se um bebê está bem, não há razão para se preocupar, já que não há lei que o obrigue a chorar. Pelo contrário, agradeça a Deus a sorte de ter um bebê calminho...

18 – Devo telefonar para o pediatra quando tiver dúvidas?

Se suas dúvidas puderem esperar, anote-as e faça uma lista para levar na próxima consulta. Se não, procure observar o bom senso e ligar de preferência para o consultório durante o horário comercial. Se ele não puder atender imediatamente (pois geralmente está em consulta) deixe seu número que ele retornará a ligação assim que possível. Se demorar um pouco, tenha paciência: todo pediatra termina seu dia no consultório com uma lista de telefonemas para dar...

Antes de ligar, tenha à mão papel e lápis para anotar as instruções ou eventuais medicamentos prescritos.

Outra coisa importante: identifique-se com seu nome completo, bem como de seu bebê e procure citar algum fato que ajude seu médico a se lembrar de seu filho. Isto é necessário porque geralmente há muitos bebês com o mesmo nome, seguindo a "moda" do momento. Além do mais, no caso de um recém-nascido ainda não houve tempo do pediatra se habituar ao bebê ligando o nome com a criança. É muito difícil atender o telefone e ouvir apenas "aqui é a mãe do Mateus", quando você tem muitos Mateus como pacientes...

Quando se trata do primeiro filho é normal que haja muitas ligações. No segundo filho os telefonemas geralmente diminuem, e a partir do terceiro filho, quando a mãe liga é porque o caso é sério! Esta brincadeira ilustra o fato de que a insegurança e desinformação são normalmente maiores no primeiro filho e diminuem naturalmente com a experiência adquirida com o aumento da família.

19- Como lidar com os palpites de avós, familiares, comadres etc.?

Com diplomacia e tato. Muitos familiares, movidos pelas melhores intenções, julgam-se no direito de dar opiniões e até de impor normas de conduta aos pais do bebê. Como as famílias têm formações e experiências de vida diferentes é comum ocorrer um choque cultural com opiniões divergentes sobre o que é melhor para o bebê.

As vezes há sabedoria nos conselhos familiares, mas em outras trata-se apenas de absurdas crendices. E como os pais poderão diferenciar uma coisa da outra?

É muito difícil. O melhor é fazer a política da boa vizinhança ouvindo o que é dito, mas sem necessariamente seguir o conselho. Ou seja, entra por um ouvido e sai pelo outro.
Em resumo: ouça, mas antes de fazer qualquer coisa consulte seu médico!

F5- HIGIENE

1- Quais os produtos de higiene que devo comprar? Sabonete para o banho, fraldas, talco, produtos para limpeza da pele do bebê etc.?

Aquele agradável "cheirinho de bebê" desses produtos de higiene é obtido as custas de muita química. Como a pele dos recém-nascidos é extremamente sensível, deve-se evitar o seu uso. O ideal é usar apenas sabonete neutro de glicerina para o banho. E mais nada! Nada de lencinhos perfumados, talcos, óleos e outros produtos para limpeza do bebê.

Quanto às fraldas, comprar apenas uma quantidade pequena, de boa marca, para verificar se o bebê se adapta a ela.

2- Os cuidados com o umbigo- o curativo

O curativo do umbigo deve ser feito três a quatro vezes por dia, limpando-o com álcool a 70%, produto encontrado nas farmácias. Basta levantar o coto umbilical e limpar bem por baixo dele, usando hastes flexíveis com algodão embebidas no álcool. Nos primeiros dias a flexibilidade do coto facilita o trabalho. Após dois ou três dias o coto umbilical torna-se mumificado, rígido, dificultando o curativo.

Cem por cento das mães têm medo de manipular o coto e não fazem corretamente o curativo. Temendo infundadamente machucar a criança, acabam por expô-la ao risco de uma infecção umbilical por falta de uma boa limpeza do local.

Pequenos sangramentos no umbigo, que sujam um pouco a fralda, são normais e não devem preocupar. Não é necessário usar gazes ou faixas para cobrir a região.

Quando o curativo é bem feito e o cordão não é muito grosso, o coto costuma cair por volta de sete dias de vida. Após a queda deve-se continuar passando o álcool a 70% por mais alguns dias.

As vezes a cicatrização após a queda não se dá completamente e forma-se um tecido chamado granuloma, que é alto, avermelhado e sangra com facilidade. Para tratá-lo bastam geralmente uma ou duas aplicações de nitrato de prata em bastão, procedimento feito pelo pediatra no próprio consultório.

Quando apesar dos cuidados (ou por falta deles) ocorrem infecções, usam-se antibióticos por via oral ou em forma de pomada.

Outro problema que pode surgir é a hérnia umbilical, que não tem relação com o curativo, pois a criança já nasce com ela. Caracteriza-se por um abaulamento do umbigo que aparece quando a criança chora. Geralmente só é percebida algum tempo após a queda do coto. Não requer tratamento, pois se resolve espontaneamente. O uso de faixas ou moedas é absolutamente desnecessário, e pode até ser prejudicial, pois podem causar grandes irritações na pele e até infecções.

3- Banho-quando?

O banho pode ser dado desde o nascimento. Ao contrário do conceito popular, não é necessário esperar pela queda do coto umbilical. Basta fazer um bom curativo após o banho, secando bem a região e limpando com álcool a 70%.

O melhor sabonete é o de glicerina, neutro. Não é necessário usar xampu.

Sempre experimentar a temperatura da água (com as costas das mãos, mais sensíveis) antes de colocar o bebê na banheira. Colocar por perto tudo que será necessário, e ignorar o telefone ou a campainha.

Quando a casa recebe água de boa qualidade, tratada e a caixa d'água está limpa, não é necessário fervê-la para o banho.

4- Olhos remelando – conjuntivite?

Existem diversas causas para este sintoma, muito comum nos recém-nascidos. A mais freqüente deve-se ao método de credeização, que consiste em pingar colírio de nitrato de prata para prevenção da conjuntivite gonocóccica. Como conseqüência pode haver uma conjuntivite química, com o aparecimento de secreção ocular. Bastam lavagens freqüentes com soro fisiológico para resolver o problema. Mas podem ocorrer também as conjuntivites bacterianas e neste caso a quantidade de secreção geralmente é bem maior, sendo necessário o uso de colírio a base de antibiótico, prescrito pelo pediatra.

Uma terceira possibilidade, também comum, é um estreitamento temporário do canal que drena as lágrimas dos olhos para o nariz, e que fica localizado junto ao canto interno do olho, na pálpebra inferior. Ocorre geralmente em um só olho, ao contrário das conjuntivites que costumam ser bilaterais. O sintoma mais comum é um lacrimejamento constante do olho, podendo haver secreção purulenta. Para desentupir esse canal é necessária uma massagem na região, orientada pelo pediatra. Este problema pode melhorar e depois reaparecer várias vezes durante os primeiros meses e só se curar completamente com o tempo, ao redor de 1 ano de idade. Raramente é necessária a cirurgia.

5- Trocando as fraldas - A higiene do períneo (região das fraldas)

A região do períneo (onde ficam as fraldas) é muito delicada e sujeita a ficar abafada, úmida, quente e ainda em contato com fezes e urina. Por este motivo são muito comuns as assaduras. Este é um termo genérico que engloba uma série de problemas que podem ocorrer ali, como a dermatite amoniacal (causada pela urina) ou a monilíase (uma infecção por fungos), entre outras.

Além disso, alguns produtos usados para a higiene dessa região também podem causar irritações. Assim, o melhor é procurar deixar o bebê sempre seco, trocando-o o mais rápido possível após evacuar ou urinar. Para a limpeza da região usar apenas água morna, lavando bem e secando em seguida, sem esfregar. O uso de um creme protetor ajuda a prevenir problemas, e seu pediatra poderá indicar um.

Se surgirem assaduras, uma forma simples e eficaz de tratá-las é aproveitar o horário do banho de sol, e deixar que este incida diretamente sobre o períneo, durante uns 5 minutos. O sol é um antibiótico natural e pode eliminar muitas assaduras. Este é mais um dos inúmeros efeitos benéficos do sol no organismo humano. Deixar a criança o máximo possível sem fraldas também ajuda.

Nos casos mais severos, será necessário o uso de medicamentos específicos, que seu pediatra orientará.

6- A limpeza do ouvido

Para esta limpeza pode-se usar as hastes flexíveis com algodão, mas somente para limpeza das dobrinhas externas das orelhas. Nunca limpar dentro dos ouvidos pois a cera neles existente tem uma função de proteção. A tentativa de retirá-la é desnecessária e prejudicial.

7- Os genitais- menino e menina

Limpeza, sangramentos, fimose, hérnias

A região dos genitais traz sempre preocupação para os pais. São dúvidas em relação às características da região e à sua limpeza. As famílias têm dificuldade em saber o que é normal e o que não é.

No menino, o prepúcio é firmemente aderido à glande. Isto não significa fimose, que só pode ser diagnosticada após alguns meses. No primeiro mês basta limpar externamente o genital nas trocas de fraldas e no banho. A partir do segundo mês, muitos pediatras recomendam uma manobra delicada de descolamento progressivo do prepúcio.

Existem algumas alterações que podem aparecer no saquinho do recém-nascido. A hérnia inguinal ou escrotal caracteriza-se por um abaulamento na região que surge quando a criança chora, e desaparece quando o choro cessa. Este tipo de hérnia só se resolve com cirurgia, que pode ser programada para quando o bebê tiver mais peso, por volta de uns 10 quilos. Entretanto, se a hérnia ficar encarcerada (o abaulamento não desaparece quando o choro cessa), é preciso consultar imediatamente o médico, pois poderá ser necessária uma cirurgia de emergência.

Outro problema é a hidrocele, um acúmulo de água no saquinho que o deixa maior e mais cheio. Na maioria dos casos a cura é espontânea, mas as vezes é necessária uma cirurgia para sua correção.

Em alguns meninos um ou os dois testículos podem não estar presentes no saquinho ao nascimento, deixando-o vazio. Isto pode ser normal, principalmente nos primeiros dias de vida e se corrigir espontaneamente. Mas pode também ser permanente e neste caso um tratamento com hormônios poderá resolver o problema. Se isto não ocorrer, uma cirurgia deve ser feita oportunamente.

Na menina, a maior preocupação dos pais é em relação à limpeza. É claro que não se deve limpar internamente a vagina, mas a região entre os grandes e pequenos lábios pode e deve ser lavada retirando-se com cuidado eventuais sujeirinhas ali existentes. A saída de secreção, geralmente branca, pela vagina da menina recém-nascida é absolutamente normal. Pequenos sangramentos vaginais que ocorrem nos primeiros dias de vida também costumam preocupar os pais, mas são normais.

Também pode acontecer que os pequenos lábios vão progressivamente se colando, de baixo para cima, chegando a fechar quase completamente a vagina. É um problema chamado sinéquia dos pequenos lábios e para sua correção o pediatra indicará massagens e uso de cremes. Raramente é necessário o tratamento cirúrgico.

8- Trocar a fralda antes ou após a mamada?

Os bebês nascem com um reflexo chamado gastro-cólico. Quando o estômago se enche, a criança evacua. Assim a tendência do bebê é de evacuar após cada mamada. O ideal portanto é efetuar a troca após a mamada, para evitar que ele fique muito tempo sujo, prevenindo desta forma as assaduras. Exceto se o bebê for muito "dorminhoco" e quisermos despertá-lo para mamar melhor.

9- Limpeza da boca após as mamadas

A boca do bebê deve ser limpa após cada mamada (mesmo as noturnas). Para isso pode-se usar uma ponta de fralda embebida em água morna.

Esta limpeza traz vários benefícios como por exemplo evitar o "sapinho". Mas o mais importante é o de criar um hábito que será de fundamental importância na prevenção de cáries e manutenção de uma saúde bucal perfeita para o bebê.

10- O que é o "Sapinho"?

O "sapinho" é uma infecção da boca causada por um fungo chamado monília. Por isto o "sapinho" é também chamado de monilíase oral. Este fungo existe em toda parte, como o ar, as mãos e também a boca das pessoas.

Normalmente ele vive em equilíbrio com o organismo humano e só vai causar doença se houver uma queda da imunidade. E é exatamente o que ocorre com o recém-nascido, que tem poucas defesas contra as infecções.

Caracteriza-se pelo aparecimento de manchas brancas, cremosas, sobre uma base avermelhada e que podem atingir as gengivas, bochechas, céu-da-boca e a garganta. Não se deve confundir o "sapinho" com as "pérolas de Epstein", algumas bolinhas brancas e duras que aparecem no céu-da-boca do recém-nascido e que são normais.

O tratamento mais moderno consiste na administração de medicamentos por via oral e dispensa limpezas enérgicas e traumáticas da boca. Bicos de chupeta ou mamadeira e todos os objetos que entrarem em contato com a boca do bebê devem estar sempre bem limpos, lavados e fervidos.

F6- VACINAS

1- Quais as vacinas que devem ser feitas ainda no hospital?

De acordo com o calendário oficial de vacinação para o Brasil nenhuma vacina é aplicada ainda no hospital. Veja detalhes sobre as vacinas do primeiro mês no capítulo "C - A primeira consulta / C2 - Vacinas".

F7- ALIMENTAÇÃO

1- O bebê que vomita após as mamadas- a regurgitação

E normal que o bebê devolva uma pequena quantidade de leite após as mamadas. Isto se chama regurgitação e sua intensidade varia para cada criança, havendo também aquelas que não regurgitam.

A regurgitação pode ter diversas causas. A mais comum delas deve-se à maneira como o bebê pega o peito. O ideal é que ele coloque dentro da boca toda a parte escura do seio (a aréola) e não apenas o bico. Desta forma garante-se uma boa pega e uma boa mamada evitando que o bebê engula muito ar. O ar deglutido em excesso ao sair do estômago (pela boca) traz consigo o leite, provocando a regurgitação. No caso da mamadeira, ela deve ficar sempre bem levantada (quase em pé) de forma que a região do bico esteja sempre preenchida totalmente com leite. O líqüido deve apenas gotejar e não jorrar.

É importante tentar fazer o bebê arrotar após a mamada. Para isso basta colocá-lo em pé junto ao tórax, com as costas voltadas para a frente, como se ele estivesse olhando por cima do ombro de quem o carrega. Com uma das mãos dá-se uns tapinhas leves e repetidos nas costas do bebê, durante alguns minutos para forçar a saída do ar eventualmente engolido.

Entretanto, é bom lembrar que não é obrigatório que o bebê arrote, já que numa mamada com boa técnica pouco ou nenhum ar é engolido e não há o que arrotar. Ao colocar o bebê para dormir após a mamada, deitá-lo sempre de lado para evitar que uma regurgitação se transforme em uma sufocação.

Outra causa de regurgitação, menos freqüente que a anterior é devida ao mau funcionamento de uma válvula que existe na entrada do estômago chamada cárdia. Normalmente esta válvula se fecha após a passagem do alimento, impedindo sua volta para a boca através do esôfago. Entretanto, em algumas crianças a válvula não funciona bem e permanece aberta mesmo com o estômago cheio. Assim que a criança se deita ou quando a pressão abdominal aumenta (p. ex. por tosse) a criança regurgita. Se a regurgitação tiver um volume maior passa a se chamar vomito. Esta situação chama-se refluxo gastro-esofágico e pode prejudicar o ganho de peso e causar problemas respiratórios no bebê.

E necessário um tratamento que pode incluir medicamentos, alterações na alimentação e na posição para dormir. Este problema geralmente melhora com o passar dos meses e desaparece por volta de um ano de idade.

Uma terceira causa, bem menos comum, ocorre devido a um outro problema. Trata-se de um estreitamento que surge na saída do estômago numa região chamada piloro. Esta doença chama-se estenose hipertrófica do piloro e é hereditária, o que significa que pode haver outros casos na família. Ela ocorre com muito mais freqüência em meninos primogênitos. Caracteriza-se por vômitos que se iniciam por volta de 21 dias de vida e que vão piorando gradativamente. Pode levar à desnutrição e à desidratação e seu tratamento é cirúrgico, em geral com ótimos resultados.

Existem ainda muitas outras causas de vômitos no recém-nascido. Seu pediatra poderá diferenciar entre todas elas recorrendo se necessário a exames complementares.

2 - Meu bebê nasceu ontem. Ele está mamando mas eu não vejo sair nada- será que vou ter leite?

A maioria das mães têm esta dúvida. Como dissemos o colostro é o leite dos primeiros dias. Ele é riquíssimo em defesas mas pequeno em volume, ele é concentrado. Este é o motivo pelo qual a mãe não vê o leite sair. A sucção do peito é o estímulo necessário e suficiente para que a produção do leite comece, por volta do terceiro dia de vida.

Toda mãe tem leite, basta estar tranqüila, segura e motivada para amamentar. Emoções negativas, preocupações e cansaço podem atrapalhar a produção do leite e devem ser evitados, se possível.

3 - Posso usar a mamadeira só para ajudar um pouco ? Só para o bebê dormir à noite?

Não!!!!

A mamadeira é um dos principais inimigos do aleitamento. Não tenha em casa mamadeira ou leite em pó. A criança que aprende a tomar mamadeira acaba largando o peito, já que a forma de sugar os dois bicos é completamente diferente (no peito o trabalho do bebê é maior).

A mamada do meio da noite costuma ser abandonada espontaneamente pela criança por volta de quatro meses de idade.

4 - Meu bebê chora muito. Só pode ser fome!

Este é um grave erro e que leva muitos bebês para a mamadeira. Como vimos na resposta da pergunta 33 no capítulo anterior, a fome é de fato uma das causas de choro, mas existem muitas outras. Só o pediatra, examinando e pesando o bebê poderá dizer se ele tem fome. Além disso, por ser totalmente apropriado o leite materno tem uma digestão muito rápida. E o bebê tende a ser mais "exigente" nos horários.

5 - O pediatra disse que meu bebê engordou pouco. Vou dar mamadeira!

Outro erro que tira indevidamente muitas crianças do peito. Antes de qualquer outra medida é preciso verificar cuidadosamente se a técnica da mamada está correta e também se não há algum problema com a saúde do bebê.

A infecção urinária, por exemplo, é relativamente comum nos recém-nascidos e muitas vezes o único sintoma é a dificuldade para ganhar peso.

Nestes casos geralmente o pediatra faz pesagens freqüentes, a cada dois ou três dias, para confirmar o ganho de peso insuficiente.

6 - Até que idade a criança deve ser amamentada?

É muito importante que a criança mame pelo menos até um ano de idade para poder usufruir de todo o efeito benéfico do aleitamento. No segundo ano de vida o leite materno também tem um papel importante, pois protege contra as viroses comuns dessa idade e mantém o vínculo psicológico entre mãe e filho.

No caso de uma nova gestação, também não há impedimento a que a amamentação continue.

7 - Eu quero amamentar, mas meu bebê não quer o peito.

O bebê que logo nas primeiras horas ou dias entra em contato com bicos de mamadeira, chupeta ou chuca (às vezes no berçário!) pode ter dificuldade para aprender a mamar o peito. É preciso ter calma, paciência e persistência.

Deve-se manter um ambiente tranqüilo e se necessário usar o truque de deixar o bebê pelado em contato direto com a pele da mãe. Em pouco tempo ele aprenderá e estará mamando o peito.

8 - Existe leite fraco?

Nunca é demais repetir: não existe leite fraco e o leite de todas as mães é bom para seus bebês! Entretanto, um fato interessante é que o leite do início da mamada não é igual ao leite do meio e final da mamada. O leite inicial é mais aguado, talvez para matar a sede do bebê. E o leite que vem depois é mais rico em gorduras, é um leite mais gordo! Por este motivo é importante um bebê mamar um peito até esvaziá-lo e só depois passar para o outro, se for o caso.

9 - Existem alimentos proibidos para a mãe que está amamentando? Eles podem fazer mal ao bebê?

Este é um assunto controvertido, mas hoje muitos pediatras já aceitam que alguns alimentos podem não ser benéficos para algumas mães, vindo a causar cólicas no bebê. Principalmente alguns temperos e alimentos fortes ou gordurosos.

Entretanto é bom frisar que isto não é uma regra, depende de cada mãe, de cada criança. A princípio nenhum alimento está proibido, até prova em contrário. Mas é importante que, desde que engravidou, a mãe tenha uma dieta bem balanceada, evitando o consumo abusivo de um só tipo de alimento.

Em relação ao leite de vaca, a mãe não deve ingerir mais de 500 ml (dois copos) por dia. Já está provado que o leite de vaca ingerido pela mãe acima dessa quantidade pode provocar cólicas e aumentar a incidência de alergias respiratórias no bebe, principalmente em famílias onde já existe esta predisposição.

10 - Pode-se guardar leite materno para usar depois?

Se a criança mama bem, fica satisfeita e o peito ainda fica cheio, o leite pode ser retirado para ser usado em outra oportunidade (por exemplo, quando a mãe vai trabalhar- veja adiante). Não use "bombinhas" para esvaziar a mama. Siga a técnica indicada anteriormente para a "ordenha".

Para uso mais imediato, o leite materno pode ser guardado na geladeira por até 24 horas. Já no freezer ele resiste por até 3 meses.

Para descongelar ou aquecer, use o "banho-maria". E não esqueça de dar o leite no copinho. Nada de mamadeira!

11 - O bebê regurgitou um pouco e havia sangue- é grave?

A causa mais comum deste fato, num bebê aparentemente saudável, é a ingestão de sangue materno, devido a rachadura nos seios. O sangue pode ser um pouco irritante para o estômago da criança, que eventualmente pode vomitá-lo. Mas não causa a ela nenhum prejuízo e não se deve interromper a amamentação por este motivo.

12 - Meu peito está inflamado, meu médico disse que estou com mastite. Devo parar de amamentar com esse peito?

Não é necessário suspender a amamentação, mesmo que saia pus. O bebê pode continuar mamando normalmente e até vai ajudar no tratamento esvaziando a mama. Os remédios habitualmente usados para o tratamento da mastite não contra-indicam a amamentação.

13 - Existem outras posições para amamentar?

Além das posições sentada e deitada que já comentamos, existem outras variações. Uma delas é boa nos casos em que a mãe tem o seio muito grande, dolorido ou rachado, ou para crianças com características especiais, como as que tem lábio leporino ou são hipotônicas (molinhas), como as que têm síndrome de down. Neste caso o bebê fica sentado a cavaleiro sobre a coxa da mãe, no lado em que vai mamar, de frente para ela (que também está sentada). Com uma mão a mãe apresenta a mama, como já foi descrito, e com a mão livre ela apoia o pescoço do bebê, fazendo uma letra "C" com o polegar e o indicador.

O importante é a mãe achar uma posição cômoda para ela e para o bebê, e que garanta o sucesso da amamentação.

14 - Existem situações em que o aleitamento materno é contra-indicado?

As contra-indicações ao aleitamento materno existem, mas são raríssimas. Referem-se ao uso de alguns medicamentos muito fortes e situações especiais, como algumas doenças infecciosas mais graves. Na dúvida, consulte seu pediatra

15 - O bebê quer mamar toda hora! Devo dar chupeta?

Como já dissemos, no início o bebê não tem muito horário e pode querer mamar a toda hora, e deve ser atendido. Se entretanto for o caso do bebê que está engordando bem ou até demais e que vomita após mamar, pode não ser fome. Neste caso proceda como foi descrito na resposta da pergunta 23 do capítulo anterior.

16 - Mãe que parou de amamentar e o leite secou pode voltar a ter leite? E mãe adotiva pode amamentar?

De fato, existem hoje em dia técnicas que permitem a relactação. Possibilita a volta do leite em mães que já haviam parado de amamentar, ou seu aparecimento em uma mãe adotiva. Estas técnicas requerem uma motivação muito grande da mãe e dos profissionais de saúde para dar certo. Se for seu caso, consulte seu pediatra sobre esta possibilidade.

17 - Vou voltar a trabalhar - o que fazer?

Como vimos, a lei protege a mãe que amamenta e vai trabalhar. Dependendo do horário de trabalho da mãe, do intervalo entre as mamadas e da idade do bebê, o pediatra fará um esquema individualizado de alimentação . Ao contrário do que geralmente pensam as mães, não é necessária uma antecedência muito grande para que o bebê se acostume. O prazo de uma semana é suficiente. O princípio é o de evitar o uso de outro leite. O pediatra orientará o uso de papa e suco de frutas ou de mingaus de fubá ou maizena. O mingau pode ser feito com o próprio leite materno, para melhorar a consistência e a aceitação. E uma boa opção é a retirada de leite materno para guardar na geladeira ou freezer. O leite pode ser extraído em casa ou mesmo no trabalho. O esforço vale a pena!

18 - Meu filho tem um mês de vida. Antes ele mamava meia hora de cada lado e agora está mamando menos tempo, só uns dez minutos cada seio. Será que ele está largando o peito?

Este é um fato muito comum. O que ocorre é que com o passar do tempo o bebê aprende a mamar melhor e com mais eficiência e portanto mais rápido. Em menos tempo ele mama mais! Como o funcionário novo, que até aprender o serviço demora para executar sua tarefa. Mas depois que aprende passa a produzir mais em menos tempo.

19- O bebê que vomita após as mamadas- a regurgitação

É normal que o bebê devolva uma pequena quantidade de leite após as mamadas. Isto se chama regurgitação e sua intensidade varia para cada criança, havendo também aquelas que não regurgitam.

A regurgitação pode ter diversas causas. A mais comum delas deve-se à maneira como o bebê pega o peito. O ideal é que ele coloque dentro da boca toda a parte escura do seio (a aréola) e não apenas o bico. Desta forma garante-se uma boa pega e uma boa mamada evitando que o bebê engula muito ar. O ar deglutido em excesso ao sair do estômago (pela boca) traz consigo o leite, provocando a regurgitação. No caso da mamadeira, ela deve ficar sempre bem levantada (quase em pé) de forma que a região do bico esteja sempre preenchida totalmente com leite. O líquido deve apenas gotejar e não jorrar.

É importante tentar fazer o bebê arrotar após a mamada. Para isso basta colocá-lo em pé junto ao tórax, com as costas voltadas para a frente, como se ele estivesse olhando por cima do ombro de quem o carrega. Com uma das mãos dá-se uns tapinhas leves e repetidos nas costas do bebê, durante alguns minutos para forçar a saída do ar eventualmente engolido.

Entretanto, é bom lembrar que não é obrigatório que o bebê arrote, já que numa mamada com boa técnica pouco ou nenhum ar é engolido e não há o que arrotar. Ao colocar o bebê para dormir após a mamada, deitá-lo sempre de lado para evitar que uma regurgitação se transforme em uma sufocação.

Outra causa de regurgitação, menos freqüente que a anterior é devida ao mau funcionamento de uma válvula que existe na entrada do estômago chamada cárdia. Normalmente esta válvula se fecha após a passagem do alimento, impedindo sua volta para a boca através do esôfago. Entretanto, em algumas crianças a válvula não funciona bem e permanece aberta mesmo com o estômago cheio. Assim que a criança se deita ou quando a pressão abdominal aumenta (p. ex. por tosse) a criança regurgita. Se a regurgitação tiver um volume maior passa a se chamar vomito. Esta situação chama-se refluxo gastro-esofágico e pode prejudicar o ganho de peso e causar problemas respiratórios no bebê.

É necessário um tratamento que pode incluir medicamentos, alterações na alimentação e na posição para dormir. Este problema geralmente melhora com o passar dos meses e desaparece por volta de um ano de idade.

Uma terceira causa, bem menos comum, ocorre devido a um outro problema. Trata-se de um estreitamento que surge na saída do estômago numa região chamada piloro. Esta doença chama-se estenose hipertrófica do piloro e é hereditária, o que significa que pode haver outros casos na família. Ela ocorre com muito mais freqüência em meninos primogênitos. Caracteriza-se por vômitos que se iniciam por volta de 21 dias de vida e que vão piorando gradativamente. Pode levar à desnutrição e à desidratação e seu tratamento é cirúrgico, em geral com ótimos resultados.

Existem ainda muitas outras causas de vômitos no recém-nascido. Seu pediatra poderá diferenciar entre todas elas recorrendo se necessário a exames complementares.

20- Meu bebê nasceu ontem. Ele está mamando mas eu não vejo sair nada- será que vou ter leite?

A maioria das mães têm esta dúvida. O colostro é o leite dos primeiros dias. Ele é riquíssimo em defesas mas pequeno em volume, ele é concentrado. Este é o motivo pelo qual a mãe não vê o leite sair. A sucção do peito é o estímulo necessário e suficiente para que a produção do leite comece, por volta do terceiro dia de vida.

Toda mãe tem leite, basta estar tranqüila, segura e motivada para amamentar. Emoções negativas, preocupações e cansaço podem atrapalhar a produção do leite e devem ser evitados, se possível.

21- Posso usar a mamadeira só para ajudar um pouco? Só para o bebê dormir à noite?

Não!!!!

A mamadeira é um dos principais inimigos do aleitamento. Não tenha em casa mamadeira ou leite em pó. A criança que aprende a tomar mamadeira acaba largando o peito, já que a forma de sugar os dois bicos é completamente diferente (no peito o trabalho do bebê é maior).

A mamada do meio da noite costuma ser abandonada espontaneamente pela criança por volta de quatro meses de idade.

22 - Meu bebê chora muito. Só pode ser fome!

Este é um grave erro e que leva muitos bebês para a mamadeira. A fome é de fato uma das causas de choro, mas existem muitas outras. Só o pediatra, examinando e pesando o bebê poderá dizer se ele tem fome. Além disso, por ser totalmente apropriado, o leite materno tem uma digestão muito rápida. E o bebê tende a ser mais "exigente" nos horários.

23- O pediatra disse que meu bebê engordou pouco. Vou dar mamadeira!

Outro erro que tira indevidamente muitas crianças do peito. Antes de qualquer outra medida é preciso verificar cuidadosamente se a técnica da mamada está correta e também se não há algum problema com a saúde do bebê.

A infecção urinária, por exemplo, é relativamente comum nos recém-nascidos e muitas vezes o único sintoma é a dificuldade para ganhar peso.

Nestes casos geralmente o pediatra faz pesagens freqüentes, a cada dois ou três dias, para confirmar o ganho de peso insuficiente.

24- Até que idade a criança deve ser amamentada?

É muito importante que a criança mame pelo menos até um ano de idade para poder usufruir de todo o efeito benéfico do aleitamento. No segundo ano de vida o leite materno também tem um papel importante, pois protege contra as viroses comuns dessa idade e mantém o vínculo psicológico entre mãe e filho.

No caso de uma nova gestação, também não há impedimento a que a amamentação continue.

25- Eu quero amamentar, mas meu bebê não quer o peito.

O bebê que logo nas primeiras horas ou dias entra em contato com bicos de mamadeira, chupeta ou chuca (às vezes no berçário!) pode ter dificuldade para aprender a mamar o peito. É preciso ter calma, paciência e persistência.

Deve-se manter um ambiente tranqüilo e se necessário usar o truque de deixar o bebê pelado em contato direto com a pele da mãe. Em pouco tempo ele aprenderá e estará mamando o peito.

26- Existe leite fraco?

Nunca é demais repetir: não existe leite fraco e o leite de todas as mães é bom para seus bebês! Entretanto, um fato interessante é que o leite do início da mamada não é igual ao leite do meio e final da mamada. O leite inicial é mais aguado, talvez para matar a sede do bebê. E o leite que vem depois é mais rico em gorduras, é um leite mais gordo! Por este motivo é importante um bebê mamar um peito até esvaziá-lo e só depois passar para o outro, se for o caso.

27- Existem alimentos proibidos para a mãe que está amamentando? Eles podem fazer mal ao bebê?

Este é um assunto controvertido, mas hoje muitos pediatras já aceitam que alguns alimentos podem não ser benéficos para algumas mães, vindo a causar cólicas no bebê. Principalmente alguns temperos e alimentos fortes ou gordurosos.

Entretanto é bom frisar que isto não é uma regra, depende de cada mãe, de cada criança. A princípio nenhum alimento está proibido, até prova em contrário. Mas é importante que, desde que engravidou, a mãe tenha uma dieta bem balanceada, evitando o consumo abusivo de um só tipo de alimento.

Em relação ao leite de vaca, a mãe não deve ingerir mais de 500 ml (dois copos) por dia. Já está provado que o leite de vaca ingerido pela mãe acima dessa quantidade pode provocar cólicas e aumentar a incidência de alergias respiratórias no bebe, principalmente em famílias onde já existe esta predisposição.

28- Pode-se guardar leite materno para usar depois?

A mãe que vai trabalhar após o período de licença-gestante deve preparar-se com antecedência para retirar e guardar seu leite.

29 - Quando iniciar

Esta coleta deve começar ainda no período neonatal. Assim, quando voltar a trabalhar a mãe ja tera uma boa quantidade guardada!

30 - Quando tirar

Após as mamadas ou então no intervalo entre elas.

31 - Aonde tirar

A retirada pode ser feita em casa ou no trabalho. Mentalizar a criança mamando, antes de começar a retirada, facilita a saída do leite.

32 - Que recipiente usar

Para a coleta, usar um recipiente limpo, bem lavado, de boca ampla. Um copo ou caneca, por exemplo. Para o armazenamento o recipiente deve possuir tampa que fique bem fechada. Por exemplo, recipientes de vidro ou de plástico (tipo "Tupperware-MR").

33 - Como tirar

Pode ser usada a técnica com 2 mãos ou com uma só mão. Antes de iniciar a retirada a mãe deve estimular as mamas passando as mãos sobre elas, "alisando-as". Duas técnicas podem ser utilizadas.

34 - Com 2 mãos: A técnica consiste em envolver o seio com as duas mãos e em um movimento de ordenha, começando pela base, junto ao tórax, trazer as mãos até o bico.

35 - Com uma só mão: a mãe deve colocar o polegar e o indicador em cima da região de transição entre a aréola (região mais escura) e o restante da mama. Apertando e soltando de forma ritmada obtêm-se a saída de leite. O segredo para o sucesso desta técnica é achar o local exato que deve ser apertado. Se os dedos forem colocados em cima da aréola ou do mamilo, a manobra causará dor e não haverá saída de leite. E se os dedos forem colocados muito acima da região de transição, também não haverá saída de leite.

36 - Onde conservar / prazos de validade

O leite materno dura aproximadamente:
8 a 10 horas à temperatura ambiente
24 a 48 horas na geladeira
2 semanas até 2 meses no congelador
6 meses no freezer
Não esqueça de identificar o recipiente que você está armazenando, anotando em uma etiqueta data e horário da retirada.

37 - Como usar

O leite deve ser descongelado em "banho-maria", não devendo ser utilizado o forno de micro-ondas. Para administrá-lo usar um copinho de bordas grossas (ou uma xícara, por exemplo), seringa ou colher. Lembre-se: nunca use mamadeira ou chuca!

O método todo pode parecer um tanto trabalhoso, mas o resultado vale a pena! Afinal, com a amamentação, você e seu bebê as tem a ganhar.

38- O bebê regurgitou um pouco e havia sangue- é grave?

A causa mais comum deste fato, num bebê aparentemente saudável, é a ingestão de sangue materno, devido a rachadura nos seios. O sangue pode ser um pouco irritante para o estômago da criança, que eventualmente pode vomitá-lo. Mas não causa a ela nenhum prejuízo e não se deve interromper a amamentação por este motivo.

39- Meu peito está inflamado, meu médico disse que estou com mastite. Devo parar de amamentar com esse peito?

Não é necessário suspender a amamentação, mesmo que saia pus. O bebê pode continuar mamando normalmente e até vai ajudar no tratamento esvaziando a mama. Os remédios habitualmente usados para o tratamento da mastite não contra-indicam a amamentação.

40- Existem outras posições para amamentar?

Além das posições sentada e deitada que já comentamos, existem outras variações. Uma delas é boa nos casos em que a mãe tem o seio muito grande, dolorido ou rachado, ou para crianças com características especiais, como as que tem lábio leporino ou são hipotônicas (molinhas), como as que têm síndrome de down. Neste caso o bebê fica sentado a cavaleiro sobre a coxa da mãe, no lado em que vai mamar, de frente para ela (que também está sentada). Com uma mão a mãe apresenta a mama, e com a mão livre ela apoia o pescoço do bebê, fazendo uma letra "C" com o polegar e o indicador.

O importante é a mãe achar uma posição cômoda para ela e para o bebê, e que garanta o sucesso da amamentação.

41- Existem situações em que o aleitamento materno é contra-indicado?

As contra-indicações ao aleitamento materno existem, mas são raríssimas. Referem-se ao uso de alguns medicamentos muito fortes e situações especiais, como algumas doenças infecciosas mais graves. Na dúvida, consulte seu pediatra.

42- O bebê quer mamar toda hora! Devo dar chupeta?

No início o bebê não tem muito horário e pode querer mamar a toda hora, e deve ser atendido. Se entretanto for o caso do bebê que está engordando bem ou até demais e que vomita após mamar, pode não ser fome. Neste caso proceda como foi descrito na resposta da pergunta 23 do capítulo "C - A primeira consulta / C7- Perguntas freqüentes dos pais".

43- Mãe que parou de amamentar e o leite secou pode voltar a ter leite? E mãe adotiva pode amamentar?

De fato, existem hoje em dia técnicas que permitem a relactação. Possibilita a volta do leite em mães que já haviam parado de amamentar, ou seu aparecimento em uma mãe adotiva. Estas técnicas requerem uma motivação muito grande da mãe e dos profissionais de saúde para dar certo. Se for seu caso, consulte seu pediatra sobre esta possibilidade.

44- Vou voltar a trabalhar - o que fazer?

Como vimos, a lei protege a mãe que amamenta e vai trabalhar. Dependendo do horário de trabalho da mãe, do intervalo entre as mamadas e da idade do bebê, o pediatra fará um esquema individualizado de alimentação . Ao contrário do que geralmente pensam as mães, não é necessária uma antecedência muito grande para que o bebê se acostume. O prazo de uma semana é suficiente. O princípio é o de evitar o uso de outro leite. O pediatra orientará o uso de papa e suco de frutas ou de mingaus de fubá ou maizena. O mingau pode ser feito com o próprio leite materno, para melhorar a consistência e a aceitação. E uma boa opção é a retirada de leite materno para guardar na geladeira ou freezer. O leite pode ser extraído em casa ou mesmo no trabalho. O esforço vale a pena!

45 - Meu filho tem um mês de vida. Antes ele mamava meia hora de cada lado e agora está mamando menos tempo, só uns dez minutos cada seio. Será que ele está largando o peito?

Este é um fato muito comum. O que ocorre é que com o passar do tempo o bebê aprende a mamar melhor e com mais eficiência e portanto mais rápido. Em menos tempo ele mama mais! Como o funcionário novo, que até aprender o serviço demora para executar sua tarefa. Mas depois que aprende passa a produzir mais em menos tempo

F8- MÓVEIS E UTENSÍLIOS

1- O que comprar para o bebê? Móveis, equipamentos, chupetas etc.?

Uma boa norma a seguir é: comprar o mínimo possível. Isto por que muitas vezes os pais compram coisas desnecessárias ou impróprias. Principalmente quando a compra é feita com muita antecedência em relação ao uso. Compre algo quando tiver certeza de que realmente vai utilizá-lo.

Procure sempre equipamentos e móveis de boa qualidade. O investimento em segurança não tem preço.

O berço deve permitir que o estrado seja abaixado, conforme o bebê cresce. Além disso o espaço entre as grades não deve ultrapassar seis centímetros por motivos de segurança.

O carrinho de bebê deve ser bem estável, ter freio de segurança, possibilidade de variação de posição e coberta para o sol. Os cestos para transporte ideais são os modelos rígidos com alça larga. Cuidado com os chamados "bebê-conforto". Escolha com atenção modelos que tenham uma boa estabilidade.

Não compre andador! Além de desnecessário, pode ser prejudicial ao desenvolvimento e à própria segurança da criança.

Nada de mamadeiras, chucas e equipamentos relacionados (aquecedores, esterilizadores, etc.) No capítulo "D - A amamentação" você verá que nada disto é necessário para quem amamenta seu bebê.

Com raras exceções os bebês não necessitam de chupetas. E os que mamam o peito são os que menos gostam de chupeta.

F9- APARÊNCIA

1- Meu bebê nasceu de parto normal. Acho que sua cabeça está torta, e na parte de trás tem um "calombo". É grave?

Os ossos do crânio do feto têm uma mobilidade natural que promove um ajustamento da cabeça do bebê ao canal de parto permitindo sua passagem. Assim, ao nascer de parto normal, é comum que haja uma diferença no aspecto da cabeça do bebê que entretanto desaparece nas primeiras horas ou dias.

Quanto ao "caroço" deve-se à posição da cabeça durante o trabalho de parto. A porção que fica mais tempo em contato com o meio externo (através do colo do útero) pode, devido à diferença de pressão, apresentar um hematoma, que também é passageiro e não deve trazer preocupação.

2- A pele está "descamando" – os problemas de pele.

A descamação da pele é muito freqüente, principalmente nos bebês que nascem no tempo certo. E como se houvesse uma troca de pele. Devido a sua grande sensibilidade outros problemas podem ocorrer. Entre os mais comuns estão as irritações, também chamadas "brotoejas", pequenos caroços vermelhos que podem aparecer em várias partes do corpo. Também é freqüente a miliária, pequenas bolinhas amareladas, de consistência dura e que se localizam no nariz e rosto, como se fossem "espinhas". Ambas dispensam tratamento, na maioria dos casos.

Já o impetigo é uma infecção da pele. Formam-se bolhas amareladas que se rompem com facilidade e vão se espalhando, se não forem tratadas. O tratamento geralmente inclui sabonete anti-séptico e pomadas à base de antibióticos.

São também muito comuns as chamadas manchas mongólicas. São manchas arroxeadas ou azuladas, de tons e tamanhos variáveis que aparecem na região do final da coluna e das nádegas. Não têm nenhum significado especial e geralmente desaparecem nos primeiros anos de vida.

3- O bebê está com a pele amarelada. O que significa?

Esta é a chamada icterícia. Ela aparece devido a um acúmulo no sangue do bebê de uma substância amarelada chamada bilirrubina, que pode se depositar em vários tecidos do organismo. Nos locais visíveis como a pele e os olhos, fica evidente a cor amarelada. As causas são variadas e a mais comum é a fisiológica (natural ou normal). O seu tratamento, muito simples é o banho de sol, em casa.

Tratamentos tradicionais prescritos pelas comadres, como tomar água mineral ou o uso de banho de picão são completamente inócuos. Na verdade a icterícia fisiológica desaparece sozinha, e o banho de sol apenas apressa a cura.

O pediatra deve acompanhar atentamente os bebês com icterícia, principalmente quando ela demora a desaparecer, passando de dez ou quinze dias de vida. Nestes casos, a realização de exames complementares pode ser necessária.

A icterícia pode ter outras causas, como a incompatibilidade sangüínea entre mãe e filho. Veja mais detalhes sobre isso no capítulo "E - Bebê prematuro/UTI - Neonatal / E8 - A icterícia".

4- Aumento dos seios

Alguns bebês nascem com as glândulas mamarias aumentadas, podendo haver a saída de uma secreção esbranquiçada, leitosa. Este fato independe do sexo do bebê e é causado pela passagem dos hormônios maternos para a criança através da placenta. Jamais se deve espremer estas glândulas pois isto além de desnecessário e doloroso pode ser prejudicial, provocando o aparecimento de abscessos de difícil tratamento.

Trata-se de uma situação normal e passageira que desaparece rapidamente com a eliminação dos hormônios. Nenhum tratamento é necessário.

5- A respiração rápida/ coração rápido

Nos primeiros dias de vida é normal que o bebê intercale longos períodos de respiração tranqüila com curtos episódios de respiração mais acelerada. Isto não é motivo para preocupação. Porém se a respiração se mantiver continuamente acelerada, o bebê deverá ser examinado para se verificar se há algum problema. A freqüência dos batimentos cardíacos dos recém-nascidos também é mais rápida, por volta de 120 por minuto.

6- Meu bebê as vezes dá um pulo, como se tivesse levado um susto. Isto é normal?

Este "susto" é causado pelo reflexo de Moro, também chamado reflexo do abraço. Ele pode aparecer quando o bebê recebe algum estímulo súbito. Sua presença traduz a imaturidade normal do sistema nervoso do recém-nascido. Existem ainda outros reflexos característicos do recém-nascido mas normalmente todos desaparecem até o terceiro mês de vida.

Tremores ou abalos musculares isolados, que aparecem geralmente durante o sono também são normais. Entretanto se forem constantes, repetitivos ou muito intensos, procure seu médico, para que sejam investigados alguns problemas que podem causá-los, como os distúrbios metabólicos. (Veja detalhes no capítulo "E - Bebê prematuro/A UTI neonatal / E5- distúrbios metabólicos")

7- O que é a moleira do bebê? Porque as vezes ela fica baixinha, ou então fica pulsando?

Existem duas "moleiras" (ou fontanelas, que é o nome científico). Uma na parte da frente da cabeça e outra menor, na parte de tras. São espaços abertos entre alguns ossos do crânio, cuja função é permitir o crescimento do cérebro e portanto da cabeça. O exame da fontanela tráz muitas informações importantes ao pediatra, através da analise do seu tamanho e da sua "tensão". A fontanela normal é plana ou ligeiramente baixa, podendo pulsar ou não. Uma fontanela muito baixa pode significar que o bebê necessita tomar liquido; ja a fontanela abaulada (formando um "calombo" para cima) pode significar problemas mais sérios, principalmente se acompahada de sintomas como febre ou vómitos. A fontanela posterior pode ja estar fechada ao nascimento ou fechar nos primeiros meses de vida. A anterior fecha ao redor de 1 ano de idade. O crescimento do crânio é acompanhado mensalmente pelo pediatra no primeiro ano de vida, através da medida do perímetro cefálico.

F10- COMPORTAMENTO

1- Meu bebê dorme muito. Isto é normal?

Os recém-nascidos passam a maior parte do tempo dormindo e isto é absolutamente normal. Entretanto alguns necessitam ser acordados a intervalos regulares (de 3/3 horas) para mamar, mesmo durante a noite, caso contrário não ganham peso. (Veja detalhes no capítulo "D - A amamentação).

A melhor forma de acordar o bebê é tirar toda sua roupa, a pretexto de trocá-lo. Desta forma eles despertam bem e mamam melhor.

2- As evacuações

O funcionamento intestinal do bebê também é motivo de muita ansiedade para a família. As primeiras evacuações são constituídas por fezes bem escuras, pegajosas, chamadas Mecônio. Quando o bebê mama no peito o aspecto das fezes nos dias posteriores pode ser o mais variado possível. Desde totalmente líquido (como água) até muito consistente.

No início o número de evacuações diárias pode ser muito grande, praticamente uma a cada mamada. Com o passar do tempo este intervalo vai aumentado. Há bebês que passam a evacuar uma vez por dia, ou a cada dois ou mais dias. Se apesar disso as fezes tiverem consistência normal, não é necessário usar supositórios, laxantes ou qualquer outro tratamento.

Outra preocupação comum é quando as fezes ao invés de amarelas tornam-se verdes. Isto significa apenas que o trânsito das fezes pelo intestino se fez de forma mais rápida, não indicando nenhum problema.

3- Pernas tortas/ pés tortos

Os bebês geralmente têm as pernas arqueadas, chamadas pernas em "O" ou de "vaqueiro", o que é normal. Só com o tempo é que elas vão ficar "retinhas".

Bebês que ficaram sentados (em posição pélvica) durante a gestação podem apresentar durante algum tempo as pernas bem abertas, como um "sapo".

Os bebês também podem nascer com os pés tortos. O pé torto pode ser falso ou verdadeiro. O falso é devido à posição do bebê dentro do útero, e se resolve sozinho com o tempo. Já o pé torto verdadeiro só é corrigido cirurgicamente.

4- Acho meu bebê muito barrigudo- isto é normal?

A maioria dos bebês têm o abdômen saliente nos primeiros meses de vida. São um pouco "barrigudinhos" e isto é normal.

5- Os cabelos do bebê estão caindo

A queda de cabelos é muito comum nos primeiros meses. Pode ser parcial ou mesmo total e apesar de trazer muita preocupação à família, é um fato normal. Os (lindos) cabelos do bebê crescerão novamente.

 

APÊNDICE PARA O PROFISSIONAL DA SAÚDE

Para o profissional de saúde: Como dar a notícia aos pais de que o recém-nascido tem alguma malformação

"Seu filho recém-nascido tem um problema."

Eis uma notícia que nenhum profissional de saúde gostaria de dar, e nenhum pai gostaria de receber.

Assim como poucos profissionais sabem dar esta notícia, poucos pais sabem recebê-la. Não é difícil imaginar que na maioria das vezes este momento tão delicado e importante acabe se tornando mais um fator de frustração e tensão para os pais e também para o profissional.

É claro que existe uma enorme variedade de situações possíveis, com diferentes graus de gravidade e comprometimento. Mas existe uma norma geral que pode ser aplicada na maioria dos casos.

Para que se possa entender melhor, é preciso que se analise os sentimentos das pessoas envolvidas.

O profissional, geralmente médico, enfermeira ou psicóloga, muitas vezes está desinformado dos avanços sociais e das novas conquistas das pessoas com algum tipo de deficiência ou malformação. Além disso, em sua formação geralmente não lhe foi ensinado como proceder em situações como esta. Pelo despreparo, acaba se deixando levar pela ansiedade de se desincumbir logo da tarefa. E passa informações inadequadas, na hora, lugar e forma errados. As vezes o erro é o de minimizar problemas mais sérios: "seu filho tem um probleminha", é uma frase dolorosa, quando se trata na verdade de um problemão...

Ou então, ocorre o contrário, e o profissional de saúde exagera na dose de pessimismo. Exemplos clássicos: "seu filho não vai andar, nem falar" ; "é uma cruz que você vai carregar a vida toda", "não se preocupe pois ele vai viver pouco", afirmações insensíveis e muitas vezes desmentidas pela realidade dos fatos.

Quando se trata de malformações grandes, evidentes, a notificação dos pais deve ser imediata. Mas em outras situações, ou quando há alguma dúvida quanto ao diagnóstico o ideal é esperar algumas horas.

Porém, na maioria das vezes o pai acaba sendo notificado logo após o nascimento, sozinho, e a mãe na frente de visitantes ou de colegas de enfermaria.

Nunca é demais frisar que o profissional faz isto por desinformação e despreparo e não por qualquer tipo de sadismo. Com certeza também passa pela mente do profissional um temor da reação dos familiares.

Para os pais é sempre um choque, já que ninguém está preparado para saber que seu filho não corresponderá à perfeição por eles idealizada. Sentimentos de preocupação, negação, de revolta, vergonha, rejeição, tristeza , luto e aceitação se sucederão, dependendo do tipo de problema apresentado.

E a criança? Baseado em quase 20 anos de prática da pediatria e da neonatologia, acredito que os recém-nascidos já são capazes de sentir o ambiente psíquico a seu redor. E nesta situação estarão também envolvidos em todos os sentimentos de tristeza e rejeição dos pais. Com certeza esta criança não se sentirá amada e desejada, condições fundamentais para o seu desenvolvimento.

A notícia dada de forma inadequada pode afetar diretamente a aceitação desta criança por sua família, que às vezes demora meses ou anos para se reequilibrar e buscar os recursos terapêuticos necessários.

Mas então, qual a melhor forma de se proceder? Como dar esta notícia de maneira a ferir o mínimo possível, já que é impossível fazê-lo de forma completamente indolor?

Como em tudo na vida, aqui também a simplicidade é o melhor caminho. As recomendações que se seguem são simples normas de bom senso.

A primeira coisa necessária é que o profissional de saúde esteja atualizado com a realidade atual da condição que a criança apresenta.

Mesmo que o diagnóstico seja feito já ao nascimento, não esquecer de parabenizar os pais, demonstrando sua alegria pela chegada deste bebe para que eles também possam fazê-lo. Os pais são extremamente sensíveis a qualquer mudança no ambiente, e basta uma alteração no tom de voz ou um olhar diferente para que a preocupação se instale. O profissional não deve deixar transparecer seus próprios temores e inseguranças, mas sim manter uma postura de calma, otimismo controlado e apoio aos pais.

Quando perguntado se está tudo bem, se o bebe é perfeito, responder (quando possível) que no momento sim, está tudo em ordem. Mas que as primeiras horas são sempre de observação, para ver se algum problema se manifesta. Na verdade, é prudente seguir esta recomendação em qualquer nascimento...

O momento ideal para conversar é dentro das primeiras 24 horas, após a criança já ter mamado no peito, ter sido carregada, abraçada e olhado nos olhos de seus pais. Nunca na sala de parto ou após a alta hospitalar.

Deve-se escolher um local tranqüilo, isolado, onde se possa conversar sem interrupções.

Para esta conversa, reunir a mãe, o pai e o bebe. Isto evita o constrangimento de um ter que dar a notícia ao outro, e o sofrimento solitário se um for notificado antes. Juntos, poderão ter apoio emocional recíproco.

É importante o profissional pegar a criança no colo, chamando-a pelo nome, demonstrando por ela carinho e respeito.

Ao dar o diagnóstico, apontar algumas das características que o levaram a ele. Não ter a pretensão de "dar uma aula" sobre o problema, pois não haverá condição dos pais absorverem muita informação. Descrever em palavras simples, de forma sucinta, o tipo de situação que a criança e os pais vão enfrentar.

Dentro do enfoque de simplicidade, usar palavras adequadas ao tipo de pessoas a quem se dirige. Oferecer a eles a oportunidade de um contato com as organizações ou associações de pais que prestam serviços voluntários aos que enfrentam situações semelhantes.

Mostrar-se disponível para responder a todas as dúvidas e perguntas a qualquer momento .

Após a conversa, deixar o casal a sós no ambiente isolado pelo tempo que for necessário para que possam vivenciar sua emoções e sentimentos.

Na maioria das vezes, seguindo estas orientações, a reação dos pais será mais tranqüila, e eles futuramente lembrarão deste momento como difícil, mas elogiarão a postura do profissional. Mesmo assim, eventualmente podem haver reações negativas, e o profissional deve compreendê-las.

Ao seguir estes passos, tão simples, o profissional de saúde estará fazendo muito. Como disse Hipócrates, o Pai da Medicina, esta é "a arte de curar a poucos, aliviar a muitos, e consolar a todos."

O MOMENTO DA NOTÍCIA- RESUMO

Quem

Profissional atualizado e preparado

Quando

Dentro das primeiras 24 horas, mas após a primeira mamada

Onde

Local tranqüilo, isolado

Com quem

Mãe, pai e recém-nascido presentes

Como

De forma sucinta, em palavras simples. Não dar uma "aula "

 

Oferecer contato com associações de pais, quando possível

 

Compreender eventuais reações negativas

 

Disponível para responder a todas as dúvidas

 

Deixar casal a sós para que possam vivenciar sentimentos

 

SOBRE O AUTOR DO MANUAL

Ruy do Amaral Pupo Filho

Consultórios: 1-Av. Conselheiro Nébias, 532/ 13 - Santos - SP Tel. 013-234-9167
2-R. 32, n. 330 - Humaitá - São Vicente – SP Tel. 013-979-0520

Pediatra , Neonatologista, atuando em Berçário e Terapia Intensiva Neonatal

Professor titular da cadeira de Pediatria do Curso de Fisioterapia da Universidade Santa Cecília - Santos-SP

Presidente do Departamento Científico de Pediatria da Associação dos Médicos de Santos-98/ 99

Médico do Serviço de Neonatologia do Hospital e Maternidade Municipal Dr. Silvério Fontes- (Hospital Amigo da Criança- UNICEF) - Santos

Diretor de atualização científica da Associação Up Down

Superintendente da Crescer - Cooperativa de trabalho multi-profissional em saúde

" Pai do ano " - Revista Claudia (Ed. Abril) - agosto de 1995

" Gente que Faz " - Bamerindus - TV Globo - fevereiro de 1996

Membro do DSMIG- Down Syndrome Medical Interest Group- Grupo internacional de médicos interessados em SD

Membro do Comitê Científico da Federação Brasileira das Associações de SD

Membro do GMBISD- Grupo de médicos brasileiros ligados à SD

Membro do corpo clínico dos principais hospitais de Santos (Casa de Saúde Santos, São Lucas, Ana Costa e Infantil do Gonzaga)

Ex- Diretor Técnico de Centros de Saúde Estaduais - 1980 a 1986

Ex- Diretor Técnico de Distrito Sanitário- 1987

Ex- Diretor Técnico do Escritório Estadual Regional de Saúde da Baixada Santista- 1988-1989

Ex- Secretário Executivo do Conselho Municipal de Saúde de Santos-1990-1994

Ex- Presidente da Diretoria Provisória da Federação Brasileira das Associações de SD-1994

Ex-Presidente do Conselho Municipal de Saúde de Santos- 1995-1998

Ex-Presidente da Up Down - Associação de Pais de Filhos com Síndrome de Down-1990-1998

Participação em:

Congressos Paulistas e Brasileiros de Pediatria- congressista

I Congresso Brasileiro de SD – SP – 1992-congressista

V International Down Syndrome Conference – Orlando - USA – 1993-congressista

Primer Congresso Argentino de SD –Buenos Aires - 1994-congressista

National Down Syndrome Conference –Phoenix - USA - 1996-congressista

Convidado especial do Primeiro Encontro do Projeto Muito Prazer, Eu Existo, da jornalista Claudia Werneck, no Rio de Janeiro – 1996

Curso para Capacitação de Recursos Humanos – promovido pelo MEC e Federação Brasileira de SD em 1996- professor

Conferência Internacional sobre Pesquisa Médica em SD e Cromossomo 21 – Barcelona- março de 1997-congressista

II Congresso Brasileiro de SD – Brasília – junho de 1997- conferencista

Palestrista, Debatedor e Painelista em inúmeros eventos para pais, profissionais de saúde, professores, etc. em vários locais do país

Autor do livro "Síndrome de Down. E agora Dr.?", editado pela WVA Editora, esgotado

Autor do livro "O Manual de Instruções do Recém nascido", inédito

As informações acima são a expressão da verdade e por elas assumo total responsabilidade.

Ruy do Amaral Pupo Filho

 

BIBLIOGRAFIA

Pediatria- Diagnóstico e Tratamento
Dr. Jayme Murahovschi
Editora Sarvier

RN

Dra. Conceição Aparecida de Mattos Segre
Editora Sarvier

Cartilha de Amamentação...doando amor
Dr. Jayme Murahovschi e cols.
Editora Almed

Amamentação - da teoria à prática
Manual para profissionais de sazde
Dr. Jayme Murahovschi e cols.
Editora Fundação Lusíada